Viola Abençoada
Risco o dedo na viola
Ela é de pinho apurado
Quem não pode com a dança
Não arrisca o recortado
O vaqueiro no estradão
Sabe consolar o gado
O vento faz a canção
Pro matuto enraizado
Ê! Ê! Viola danada
Que corta o meu chão
Com seu belo ponteado
Vai abrindo as porteiras
Desse meu sertão sagrado
Quem não pode com a peleja
Não aceita o desafio
Não embrulha com os versos
Nem fala com tirania
Quero ouvir a sua rima
Como o padre vê o pecado
Se você não sabe a reza
Não fique ajoelhado
Ê!Ê! Viola danada
Que corta o meu chão
Com seu belo ponteado
Vai abrindo as porteiras
Desse meu sertão sagrado
Minha viola é dos santos
Ela é dos Santos Reis
Benzida por São Gonçalo
Numa noite do dia seis
O mês era janeiro
E os lares abençoados
O três Reis e o violeiro
E o lundu sapateado