Xanti e Lee - Conversando sobre Bullying

Xanti e Lee – Conversando sobre Bullying

Xanti: Queridos amiguinhos, vamos jogar conversa fora um pouco?

Lee: Ôh, Xanti.

Aprendi que só se deve falar o que é importante, nada de falar besteiras, coisas que se pode jogar fora.

Xanti: Não é isso Lee; quero dizer conversar sem preocupação, falar o que vier a mente.

Lee: Entendi, falar por falar para ver aonde chega a conversa. Legal, vamos lá. Depois de um logo papo sobre as coisas da vida: jogos de futebol, brincadeiras dos cães, gatos e loros que se tem em casa. Resolveram fazer um jogo.

Lee: Somos vinte e dois, vou separar em grupos depois decidimos do que vamos brincar.

Você, você e você que são mais gordinhos vem pra cá.

Xanti: Lee, você não pode separar desta forma, chamando-os de gordinhos.

Lee: Mas eles são fofinhos, bonitinhos.

Xante: Vamos ver se eles ligam de ser chamados assim?

Lee: Vamos!

Ricardo: Eu não ligo só não gosto quando me batem.

Pérsio: Eu não ligo não, sou gordinho mesmo!

Mário: Eu gostaria que você pedisse desculpa, mas adultos não fazem isto.

Rob: Sei que é o jeito dele falar, mas eu mesmo não gosto que me lembrem de a toda hora que sou gordinho.

Xanti: Você viu Lee, um teve medo de você, outro disse que não ligou, mas será? Outro ficou chateado e outro chamou sua atenção.

O que achou disso, Lee?

Lee: Percebi que não é legal falar com os outros a partir de suas características.

Xanti: Isto tem um nome, sabia?

Lee: Como assim?!

Xanti: Falar de uma característica qualquer de uma pessoa com ou sem tom de malícia é uma das formas de bulling.

Lee: Ôh nominho. Bulling!

Bem, nada de características físicas. Vamos lá então.

Vamos jogar um contra; camisetas azuis versus brancas. Você, você e vocês ai, os pernas de pau vão jogar contra o timão ali. Vamos dar uma surra neles!

Xanti: Ôh, Lee!

Lee: Fala Xanti!

Xanti: Você viu o que acabou de fazer?

Lee: Como assim?!

Você formou um time dando a eles o selo de perdedores e exaltou o outro, e a inda incentivou um dar uma surra no outro, é para ser só uma brincadeira.

Isto também é uma forma de bulling, mesmo se tratando de grupo.

Lee: Eh, bulling, preciso aprender para não errar de novo.

Depois de refazer os times da forma correta tiveram um ótimo jogo, todos se divertiam e cuidaram de sua saúde já que todo esporte é importante para fortalecer o organismo, na adolescência é vital, pois o corpo humano gera muita energia e precisa gastá-la.

Lee reparou que poderia então fazer uma pequena torcida já que os jogos estavam animados.

Lia: Posso participar?

Lee olhando-o disse:

Você é muito pequenina.

Carol: Eu posso Lee?

Não, você, não e você também não.

Escolhendo as que achavam mais preparadas para a brincadeira distribuiu as varinhas e as colocaram na beira do campo.

Depois de tudo pronto:

Xanti: Lee, agora você fez tudo certinho, né!

Lee: Acho que sim, não falei da característica de ninguém, apontei quem achei mais preparada e pronto!

Xanti: Você não deixou a pequena Lia negou a participação da Vini, da Rita e da Sheila.

Lee: É que eu tive escolher as que fazem um visual mais elegante, olha, todas com altura parecida, cabelos compridos, você não acha melhor assim?

Xanti pensou o quão difícil é lidar com o Lee, a natureza dele leva-o a erros constantes, é uma marca do povo brasileiro e porque não dizer de muitos outros países, por isso tanta violência em escolas, uma hora qualquer, alguém estoura e uma briga acontece.

Xanti: Lee vou ajudá-lo a compreender melhor este problema. Resolveu que iria reunir crianças e adolescente com os mais diferentes problemas e trabalhar esta questão de forma que todos aprendam que não se deve olhar para as diferenças.

Cinco dias depois:

Xanti: Lee, vamos a um passeio hoje.

-Quer ir?

Lee: Vou ficar descansando, esta semana foi corrida, dois shows por dia, palestras, gravação de DVD. Vai tranquilo.

Xanti: Ok! Vou ao zoológico com uma turma legal.

Lee: Ôpa, zoológico, tô dentro!

Xanti e Lee com outros dez instrutores foram ao zoológico com 40 crianças e seus acompanhantes, no geral as mães ou avós, todas elas têm alguma forma de problema, seja físico ou mental.

Logo que chegam avistam as girafas.

Chamar alguém de girafa deveria ser um elogio, devido a sua beleza, mas falar de um modo pejorativo vai acabar insultando a pessoa. Na fase dos doze aos dezesseis anos as crianças se desenvolvem muito, mas depois estabilizam em uma determinada altura de acordo com os pais, há criança de todas as estaturas, mas nenhuma deve ser criticada por um fator que não depende dela, a criança pode e deve tirar proveito de sua situação, muitas vão praticar esportes, serem modelos, mas nós somos todos iguais quando se trata de direitos, e todas tem direito de serem respeitadas do jeito que são.

As crianças olhavam umas para as outras, entenderam a mensagem.

Em seguida passaram pela jaula do Leão, um ambiente bastante amplo, só dava para ver um deles, um macho de aparência séria.

Lee: Lembrei-me de uma frase de meu pai, para comer é um leão, já para trabalhar?! Falava quando eu era criança e fazia corpo mole na hora de ajudar a varrer a casa, lavar louça, guardar os brinquedos.

Xanti: Hoje falar que é um leão, geralmente é bom já que são animais que dominam o ambiente, mas ao mesmo tempo ele é, em nossa linguagem, muito machão, a leoa faz a maior parte dos serviços, inclusive a caça. Alguns dizem ter medo de pessoas nervosas, estressadas e ligam isto a este belíssimo animal, que aparentemente é tranquilo, basta não mexer com ele, talvez seja por isso.

Ôh, Xanti, todas as crianças que vieram entendem o que estão vendo? Tem uns que parecem nem enxergá-los.

Xanti: Agora que você percebeu que alguns são cegos?

Lee: Se são cegos, o que vieram fazer aqui?

Xanti: Sentir o cheiro, ouvir os sons, ouvir comentários. As crianças cegas desenvolvem os demais sentidos com maior intensidade, a parte do cérebro utilizada pela visão é ocupada para desenvolver a audição, o olfato e o tato, cria neles um sexto sentido, uma percepção mais aguçada de tudo que os rodeia.

Escutam melhor, definem melhor o cheiro e reconhecem objetos ao apalpá-los.

Lee: Eles vão poder tocar nos animais?

Xanti: Não, isto não é permitido, nem é bom se arriscar.

Lee: Vou ali conversar com aquele ceguinho.

Xanti: Vai lá, ele vai gostar.

Lee mal se aproximou dele, e ele já o cumprimentou.

Roger: Olá Lee, legal poder conversar com você. Sempre tão ocupado.

Lee: Como sabe que sou eu?

Roger: Seus passos são diferentes dos demais, cada um emite um som de acordo com o peso, e tocam o chão de forma diferente.

Lee: Humm, você está gostando do passeio?

Roger: Sim, gosto muito dos animais.

Lee: Você sabe como eles são?

Roger: A professora nos dá miniaturas, às quais apalpamos, só temos de imaginar o tamanho, não podemos tocá-los.

Lee: E a cor?

Roger: Não há como definir, só quem ficou cego durante a vida por acidente geralmente, eu nasci cego.

Ficaram ali por mais alguns momentos. Lee pede licença e sai prometendo voltar durante o passeio. Fica imaginando os cegos em suas atividades diárias.

Xanti ficou observando-o, feliz pelo amigo ter se deixado cativar por pessoas que possuem diferenças, seria importante para ele esta busca interior. Lee faz todos rirem com tanta facilidade, mas se perde em relacionamentos, devido a grande liberdade de ser ele mesmo, no entanto a sociedade impõe limites que ele precisa conhecer.

Limites necessários para uma ordem social.

Lee: Falando em limites, em outro sentido, olhando para os animais percebo que todos nós somos limitados, mesmo quando totalmente sãos.

Corremos, mas há limites! Tente fugir de um leopardo!

Enxergamos, mas o limite humano é bem reduzido se comparado a outros animais.

Ouvimos, no entanto captamos muito poucos sons em relação a outros bichos, e mais ainda, por vezes não queremos ouvir nem o que é necessário escutar, nos fazemos de surdos para permanecer em nosso egoísmo.

Nosso olfato é mínimo comparado ao mundo animal, nossa memória olfativa é muito pequena, é preciso treinar muito para aguçá-la como fazem os que estudam os vinhos, por exemplo, outro exemplo é o gás que se não fossem acrescentados produtos especiais não sentiríamos a sua presença, em alguns casos ele vasou sem este adicional e chegou a matar pessoas. E em alguns casos destruiu até mesmo shopping por não darem atenção devida ao cheiro de gás.

O mundo foi feito para todos e nossa luta tem que ser para que os mais, ou menos limitados tenham como desfrutar de tudo que há, igualmente.

Lee: Xanti conhece de tudo. Realmente todos somos muito limitados. Dê mais exemplos.

Xanti: Imagina a cena: Você está sendo perseguido por alguém que o quer assaltar por exemplo. Como saber?

Lee: Essa é fácil, é só olhar para trás.

Xanti: Lee, mas você não tem ideia da perseguição.

Lee: Ai fica difícil!

Xanti: É outro limite do ser humano.

Chegamos então na área das zebras.

Uma das crianças especiais que andava com dificuldade, levantou-se da cadeira de rodas e apoiou-se para chegar o mais próximo possível, demonstrava muita alegria em ver tal animal.

Lee observava-o, percebendo um sorriso.

Valnei percebeu a presença de Lee, olhou-o, esticou os braços, pegou nas mãos dele e o abraçou carinhosamente balbuciando algo não compreensível.

Roni: Meu filho assiste muito a seus shows.

Lee fala ao amiguinho que a Zebra ia dormir, pois estava de pijama. Valnei sorriu.

Lee viu que os pais tratavam-no com muito carinho. Mistério do relacionamento humano pensava.

Foi até o Xanti que indagou:

O Valnei tem muitos limites.

Lee: E sorri! Difícil entender.

Xanti: Na certa aprendeu a sorrir a partir dos carinhos dos pais, irmãos, coleguinhas, assistindo nossos DVDs.

Lee: Pode ser, mas há mais algum segredo. Quero descobrir.

Xanti: O segredo está em reconhecer os próprios limites e participar da vida de outros sem se preocupar com as dificuldades, devemos aprender a olhá-los como são e aprender a partir de sua busca pessoal de como lidar com a realidade. Tem pessoas que andam normalmente, mas usam o automóvel para ir à esquina comprar pão, entregam-se ao sedentarismo negando-se a fazer uma caminhada, não praticam esportes, enfim negam a própria saúde integral.

Chegando aos tigres, Lee observava um dos rapazes em uma cadeira de rodas que imitava os movimentos referindo-se claramente a uma luta marcial. Lee chegou e foi cumprimentado por ele.

Lee: Olá, amigo.

Renan: O tigre é o animal mais lindo que existe!

Lee: Por isso eu prefiro o pinguim, ele é muito simpático, disse olhando-o. Percebeu no olhar de Renan algo que não gostaria de ver em criança alguma: ódio, rancor, auto piedade, ele estava sendo atacado por um destes animais que tanto admira e não sabia como se livrar de suas garras.

Xanti percebe o entrave e trás para si o amigo e diz:

Não sinta piedade dele, alimente sua esperança.

Lee: Esperança de quê? Ele pode voltar a andar?

Xanti: Não! O caso dele é irreversível.

Lee: E o que posso fazer? Está situação mexe com a gente.

Xanti: Que tal fazermos um jogo de basquete e participar junto com eles, eles vão gostar principalmente se formos vestidos de palhaços.

Lee: É só você marcar!

Mas, eu quero treinar um time, e você outro. Um pouco de competição sadia faz bem.

Xanti: Ok, vamos programar.

Lee: Podíamos levá-los no Parque do Ibirapuera, outro passeio legal.

Xanti: Inspirou-se amigo, isso é muito bom.

Chegaram então à área dos chimpanzés. Os prediletos da criançada. Muitas crianças estavam ali a tempo.

Xanti observava a reação das crianças, cada animal nos ensina algo, é sua teoria, os chimpanzés eram ágeis e divertidos, todos olhavam suas estripulias.

De repente, um grito!

Uma criança: Cuidado! Gritava bem alto e colocava as mãos nos olhos.

Rita: Calma, filha, calma!

Lee: O que ouve com ela?

Rita: Ela brincava em uma árvore e caiu, batendo a cabeça. Deve ter lembrado e quis proteger o chimpanzé, deve ter pensado que ia cair. Enquanto explicava acariciava-a, de seus olhos rolavam lágrimas de puro amor.

Lee olhava aquela cena e refletia: Quantas famílias não estão em situações semelhantes. Via que fazer as pessoas rirem não era tão fácil. Quanta tristeza.

Proibir nossos filhos de se aventurar é impossível, eles precisam ter experiências que os façam crescer como pessoas e ao mesmo tempo precisam aprender a lidar com tudo o que o mundo oferece, aqueles que sofrem acidentes mostram aos demais que é preciso ter muito cuidado, e ao mesmo tempo como enfrentar a situação depois que ele acontece. Mãe e filha tinham muito a aprender e eu quero aprender junto com elas.

Continuaram a caminhada até chegarem à lagoa dos jacarés, que pelo tamanho da boca, e a fama são o que mais dá medo no público, uma enorme fileira de dentes grandes, movimentos leves, mas traiçoeiros.

Xanti se impressionou com os comentários, alguns ligavam o jacaré às pessoas traidoras, outros lembraram a famosa lágrima que ele solta enquanto devora a vítima, principalmente se for um ser humano, carne que ele gosta demais. Ligam esta característica às pessoas frias que passaram por suas vidas.

Xanti divagava: O céu deve ter muitos pandas e pinguins, no inferno jacarés e cobras.

E nós, quantas vezes não se alegramos com a tristeza de outros e ainda não nos compadecemos com o sofrimento do outro, bilhões de pessoas sofrem com a ausência de coisas simples como a alimentação, a água potável, o direito à saúde pública, o direito de ir e vir, de frequentar todos os lugares e ainda de chegar a estes lugares com dignidade.

Lee: Estou lendo o pensamento de algumas mulheres.

Xanti: E o que você ouve?

Lee: Pensam em sapatos e bolsas feitas com o couro deles.

Xanti: Não seja assim, Lee. Todos os que veem ao zoológico é porque se preocupam com os animais.

Lee: Deveria, então, ter uma lei que obrigasse todos a virem no zoológico. Argumentou.

Xanti e os demais riram da observação dele.

Reinaldo pergunta: O Gan e o Gun podem andar conosco?

Lee: Querem brincar com eles?

Logo fazem um círculo ao redor de Lee.

Ao saírem da cartola são pegos pelas crianças, estão despertos e atenciosos, olham para cada um, mas esforçam-se para ver o grande jacaré.

Gan: Olá criançada. Que belo dia, estão gostando de ver tantas maravilhas?

Todas: Sim. Soou numa só voz todos que o ouviam.

Rebeca: E qual dos animais você gostou mais?

Gan: Certamente que os chimpanzés! O Lee é parecido com eles, não para um minuto, tá sempre aprontando.

Todos riram

Rita: Gun, você tem medo de algum deles?

Gun: O Lee na verdade é medroso, agora mesmo está preocupado, vê que não fica nem de costas para os jacarés.

A criançada olha para ele e sorri.

Mas ele tem medo mesmo é de urso. Aliás, que eu me lembre já está chegando o local deles.

Lee: Tenho mesmo, são gigantes e muito fortes, não chegaria perto deles por nada.

Chegaram então à jaula dos camelos.

Gan: Veja lá Gun eles têm duas costas!

Gan: São corcovas.

Xanti: Eles têm também dois estômagos e chegam a beber cinquenta litros de água por dia, eles vivem em desertos, viajam por dias sem precisar beber água.

Gun: Lembrei, tem muito no deserto do Saara, lá na África.

Lee: Eles ficam mastigando o tempo todo. Conheço gente que é assim.

Xanti: Exagerado!

Lee: Realmente são exagerados!

Xanti: A pior coisa é tratar a ansiedade com excesso de qualquer coisa.

Lee: Rir demais também?

Xanti: Pior que sim, exceto se estiver assistindo a um de nossos shows, tem gente que acha que só é feliz se estiver rindo, na hora da dificuldade fica deprê.

Ao longe Lee avista a placa: Ursos.

Gan e Gun percebem que Lee muda de feição, rindo falam baixinho no ouvido das crianças: Veja lá, parece uma criança. Quando ele era pequeno teve muitos pesadelos com ursos, nunca mais se esqueceu.

Lee chega mais sério na área deles, olha fixo para a grandeza do animal.

Xanti: E aí meu amigo Lee. Tranquilo?

Lee: Tranquilo. Temos de perder nossos medos, caso contrário não conseguimos seguir adiante.

Xanti: Belo pensamento.

Xanti abraça o Lee e juntos encaram aqueles animais como se fossem suas vidas em época que não conseguiam dominá-la, é bom para lembrar que nem tudo depende de nós, mas nunca devemos desistir, as dificuldade devem ser usadas para nos tornar ainda mais fortes, é como ter de lutar com um adversário maior que nós, ou nos preparamos ou certamente perderemos a luta.

Lee: Gostei do discurso, mas vamos ver as preguiças, são muito mais dóceis, e continuaram a peregrinação.

Chegaram então na área das preguiças. Todos ficaram extasiados pela beleza e por ser um animal muito curioso. Comentavam seus movimentos, o tamanho de suas unhas, a carinha simpática que possuem.

Leandro: Olha lá o Renatinho!

De longe, Renatinho um dos últimos da excursão acena para a galera.

Lee: Tá vendo Xanti. Brincadeira sadia. Ele nem ligou.

Xanti: É o que parece, mas vejamos.

Quando estavam o Renatinho e o cadeirante próximos, Xanti aproveitou para filosofar a situação.

Rita: Eu não quero um abraço dele não.

Xanti: Ele anda bem devagar, mas tem uma força enorme no braço.

Lee propôs: Criançada, vamos imitar o bicho preguiça?

As que se propuseram andavam pelo chão, quase se arrastando, crianças e adolescentes.

Xanti: (diz em voz alta) Eu já vi lutas inspiradas em cobras, tigres, águias, mas não conheço nenhuma baseada nos movimentos da preguiça!

Lee: Eu acho que é porque esta é a luta mais difícil, a luta contra si mesmo!

Todos se entreolhavam; realmente é a luta mais dura falavam, lidar consigo mesmo é mais difícil que corrigir aos outros. Não podemos deixar a vida nos levar, temos que conquistá-la.

Chegaram então na área das aves, as mais diversas com cores de extrema beleza.

Lee: Vou ali conversar com os cegos novamente.

Xanti: Vai lá, eles vão gostar.

Lee vai devagar e apoia-se no cercado, depois de cumprimentá-los fica em silêncio, falar o que diante de orquestra tão afinada. Somente na hora de ir de volta ao grupo que já se distanciava o Léo diz:

- Como é belo o som dos pássaros, meu amigo Lee, nós certamente ouvimos detalhes que teu ouvido não percebe. Este é um belo presente, não substitui os olhos, mas de alguma forma nos completa.

Lee observava o sorriso, aquele que de início o intrigara já estava silenciosamente se esclarecendo. Valorizar o que temos, não tratar com diferença àqueles a quem faltam quaisquer dos recursos do corpo humano e fazer rir com uma alegria verdadeira a todos, por mais difícil que seja.

Avistaram de longe aqueles animais que trazem tanta curiosidade a todos, vivem até cem anos ou ainda mais. Autores de desenhos animados exploram sua simpatia. Algumas conseguem carregar uma criança no casco.

Lee vai até a Diná, uma autista que ele conhece há muito tempo, parece ter gostado das tartarugas, na verdade olha fixo para uma delas, aponta os dedos com um belo sorriso no rosto.

Diná: Linda tartaruga

Juliel: Maninha eu quero subir no casco dela, será que pode? Se deitar dá pra dormir, elas andam devagarinho.

Sonia: Não filho, não é permitido entrar nas jaulas. Nem podemos alimentá-los, cada um como alimentos específicos.

Juliel: Mãe, porque elas levam a casa nas costas?

Sônia: Elas já foram feitas assim pelo Papai, é um dos animais mais antigos do nosso planeta, e como todos os animais nos ensinam, eu diria que é para mostrar a dificuldade que é termos sobre os ombros coisas supérfluas.

Juliel: Na escola aprendemos que devemos dar prioridade às coisas mais importantes e ajudar a quem precisa de alguma forma, quando possível.

Lee: É, mas tem muita gente que prefere ter nos ombros o peso do individualismo. Querendo ou não, nossa consciência vai nos cobrar.

Caminham em direção a área dos elefantes, no meio do trajeto passou por entre o grupo alguns beija-flores, todos passaram a observá-los, no jardim que norteia as jaulas aquele pequeno pássaro rápido como uma flecha saboreava o néctar das flores, sem eles não haveria a reprodução de muitas flores, pois devido às suas travessuras nascem plantas em todo lugar, carregam no bico o que a outra planta precisa, sua atividade parece a do pedreiro que constrói casas e prédios construtores de estradas que ajudam no deslocamento para o trabalho e passeios na casa da sogra e de netos ou mesmo sem destino. Semeadores e colhedores, enfim tantas outras atividades que fazem desenvolver nossa sociedade.

Chegando próximo, os elefantes já ouviam os visitantes que se aproximavam, ao menos é o que se espera pelo tamanho de suas orelhas; ele aguardava para mostrar-se ao público por ser exibicionista, gosta de mostrar-se e está sempre alegre, parece sorrir.

Xanti: Que imaginação criarem o personagem Dumbo que voa.

Lee: Pelo menos diminuíram o tamanho, o Dumbo é só um filhotinho. Mas acho que simboliza a leveza daqueles que apesar do peso sentem-se livres, pois sabem lidar com os problemas e não são discriminados de forma alguma. Símbolo da pessoa respeitada por todos, sempre alegre e de bem com a vida.

Os cegos tinham miniaturas do elefante e prestavam atenção no som que emitem, o esguicho d’ água e as passadas percebidas por todos, é um dos animais mais difíceis de imaginar o tamanho, por ser tão gigante.

Mais adiante viam o pavão. Este tem muito a nos ensinar

Ave de belíssimas plumagens em forma de leque expõe suas cores e sua grandeza, é invejada por todas as outras.

Xanti: Tanta beleza em um só animal! Quando isto ocorre com uma pessoa, e esta não sabe lidar com tal situação pode levá-la a passar por grandes dificuldades; se souber aproveitar terá uma vida cheia de honras.

O contrário também é verdadeiro, a pessoa despida de beleza - ao menos aquela aceita pela sociedade - pode sentir-se rejeitada, se não tiver consciência de que nunca será outra pessoa. Todos somos bonitos de uma forma ou de outra. Há diversos padrões de beleza e sempre estamos inseridos em um deles.

Quantas pessoas descontentes com si mesmas vão a busca de cirurgias plásticas, não que seja errado, mas deve-se tomar cuidado para não se transformar em obsessão, o que pode levar a pessoa a sintomas complicados. Primeiramente cuidar com quem vai fazer a cirurgia, ver se tem só bons resultados, não vá apenas pelo valor ou facilidade de pagamento. Questione! É sua vida que está em jogo.

Outro problema gerado pelo excesso de cuidado com a beleza é a anorexia, onde pessoas buscam um emagrecimento exagerado devido a descontrole do cérebro. Um dos sintomas principais é a perda de peso, deve-se observar se a esposa ou filha não está lançando fora o que comeu com muita frequência.

Diná: Descansar. Diná quer descansar.

Juliel: É chega de passeios por hoje, vamos para casa.

Saíram um a um, todos conversavam alegremente sobre tudo que ouviram, sorrisos que antes não existiam eram observados em rostos marcados pelo desânimo, mas que se renovava, era só o início das aventuras ao coração humano.

Voltando e reavaliando tudo que foi falado nesta aula de Xanti e Lee, todos sorriam porque aprenderam a se conhecer, jamais vão esquecer-se de olhar para a natureza e perguntar a ela: O que tens a me dizer?

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 31/10/2017
Reeditado em 27/02/2018
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