Quando surge o amor

Paris. O dia estava quente e tranquilo, e um casamento acontecia bem embaixo da torre Eiffel. Felizes, todos festejavam e sorriam, e a festa acontecia como se não fosse ter fim. Porém, em meio a tantos sorrisos e energia, havia um resquício de tristeza. Alguém, ali no meio de tão linda festa, não se alegrava como os demais: era Marshall. O jovem garoto, de olhos e cabelos claros, e que era perdidamente apaixonado pelo cinema, se perguntava o que estaria fazendo ali. Qual era a razão de tanta festa? Marshall, jovem, porém já tão experiente, não acreditava em nada que não podia ver e muito menos sentir: ou seja, ele não acreditava, de forma alguma, em amor verdadeiro. É claro, ele só tinha 22 anos de idade, e jamais de apaixonara por alguém – e as pessoas o julgavam por isso. Diziam que era impossível que um jovem bonito como ele, não tivesse ao menos sentido um terço do que seria o verdadeiro e puro amor. Mas não. Marshall tinha certeza que não, e ainda sabia que havia vivido apenas aqueles curtos romances de adolescente, que duram uma ou duas noites, mas deixam cicatrizes por uma vida inteira. Marshall não sabia o que era um verdadeiro amor, e isso angustiava a cada dia.

Durante o casamento, Marshall reencontrou vários de seus familiares que já havia perdido o contato. Porém, com o passar do casamento, e já extasiado de tudo aquilo, o garoto foi embora para seu hotel, meio tenso e com o corpo um pouco dolorido. Gostava de se relacionar com as pessoas, mas aquela noite, ele não estava aguentando nem ouvir a voz dos próprios pensamentos.

No dia seguinte, Marshall pegou o voo para Los Angeles. Sentou-se, desenrolou os fones de ouvido completamente embaraçados, e colocou “Not Afraid” no último volume. Fechou os olhos, respirou fundo e tentou descansar ao menos um pouco. Porém, para a sua surpresa, Marshall olhou ao lado e viu, no mesmo voo que o seu nada mais do que Adam, seu melhor amigo de infância. Os dois sempre foram muito ligados, mas perderam um pouco o contato assim que Marshall se envolveu com a faculdade de cinema e mudou-se para Los Angeles. Passaram o voo inteiro conversando e tentando por a conversa de vários anos em dia. Marshall o contou sobre seu único e maior amor - o cinema - e Adam disse um pouco sobre a faculdade de medicina que estava cursando (aliás, era o último ano, e Adam tentava reforçar isso todas as vezes que podia). Estava claro que os dois, por mais chegados e parecidos que fossem, haviam trilhado dois caminhos completamente diferentes. Chegando ao aeroporto, Adam foi pegar um voo para o outro lado do país, porque ia para um curso de biomedicina mecânica. Separam-se, e Marshall seguiu em frente, rumo a seu apartamento no centro.

Chegou ao seu apartamento pequeno, mas com uma bela vista para a rua principal. Jogou as malas no chão do quarto, tirou os sapatos, e foi ver se tinha alguma coisa dentro da geladeira. Uma caixa de leite, uns ovos e mais nada. No armário, um pacote de cereais. Desistiu da ideia de comer. Talvez pedisse alguma coisa por telefone. Sentou-se no sofá ao lado do telefone, e foi ver se tinha em sua secretaria eletrônica. Para sua surpresa, não só um, mas vários. Marshall se assustou: não estava esperando nenhuma ligação, e as únicas pessoas que ligavam para ele eram seus primos e seus pais – isso quando ligavam. Pacientemente, sentou, respirou fundo e começou a ouvir os recados. Um da faculdade avisando que o boletim do semestre havia sido publicado. Outro de sua mãe, perguntando se tinha corrido tudo bem na viagem de volta para a casa. Ainda faltavam alguns. Ouviu quase todos, meio sem atenção pela inutilidade da maioria. Pronto, só faltava um. Suspirou, botou o cansaço pra fora, e se atentou a ouvir o último recado: “Prezado Marshall Smith, aqui quem fala é Samantha, da Universal Pictures. Entramos em contato com a sua faculdade, em Los Angeles, e puxamos o seu cadastro. Vimos que você possui as melhores notas de sua turma, além de projetos sociais e artísticos muito favoráveis. Temos uma vaga de trabalho para você, e gostaríamos que comparecesse à nossa sede principal manhã, às 9h se a proposta te interessasse. Um abraço da equipe Universal”. Marshall mal conseguia respirar. Seus olhos não se mexiam, sua mão tremia ao colocar o telefone na mesa, e seu coração batia mais rápido do que nunca. Ele havia conseguido! Depois de tantas noites estudando, tantos projetos cansativos e horas mal dormidas, ele havia realizado seu sonho! Um contrato com a Universal Pictures?! Quem poderia imaginar?

Pegou o telefone novamente, ligou para seu colega de quarto, Jonas, e disse o que havia conseguido. Os dois combinaram de comemorar juntos essa vitória e mais tarde, já anoitecendo, Jonas se encontrou com Marshall em seu bar favorito, Sailors Pub, para beber e se divertir. Marshall começou a contar sobre o casamento em Paris, que tinha sido uma chatice. Contou também sobre uma garota que havia encontrado. Disse que era a garota mais bonita da festa, e que não conseguiu tirar seus olhos dela nem por um instante, e ficou encantado com seus olhos verdes e seus cabelos longos e ruivos. Jonas ria com seu jeito atrapalhado e ansioso de contar os fatos, e dava uma golada de Whisky a cada frase que Marshall dizia. As horas passaram, eles pediram a conta, e foram embora. A comemoração tinha sido ótima, mas Marshall precisava se deitar, porque no dia seguinte, tinha um grande compromisso.

No dia seguinte, se dirigiu ao lugar marcado para sua audição. Entrou no carro, colocou o sinto e sentiu seus nervos a flor da pele. Sinceramente, estava com medo de ser rejeitado para o papel. Ligou seu rádio velho e foi mudando de estações. Suas mãos estavam um pouco tremulas e suadas, e não conseguia pensar em nada além de como seria ruim perder aquela grande chance. De repente, tocava no rádio a sua música favorita, que dizia para há motivos para temer o destino, porque ele é bom, e o melhor de tudo é que pode ser mudado. Sentiu-se mais confiante.

Chegando ao local, desceu do carro, respirou o mais fundo possível, e seguiu andando. Atravessou a rua e chegou até a porta do estúdio, uma porta de madeira de grandes dimensões, nada contemporânea como imaginou que fosse: com os seus detalhes em madeira pura, a porta carregava grandeza e nobreza. Seu coração disparou diante da pequena possibilidade de fazer parte daquele lugar incrível. Abriu a porta e entrou.

O lugar estava vazio e era incrivelmente silencioso. O teto era enorme, fazendo com que o ambiente ficasse gelado (uma espécie de ar condicionado natural ligado a menos dois graus Celcius). O frio fazia Marshall esquecer o dia ensolarado que ficara para fora da grande porta. Olhou para os lados e fitou a secretária, uma moça jovem, magrela e nada atraente na recepção. Seus óculos deixavam seus olhos desproporcionais, fazendo com que parecessem duas azeitonas verdes. Ela também era muito branca, quase pálida. Vai ver que trabalhava lá há muito tempo – Marshall achava que aquele lugar era tão gelado, que devia ser à prova de raios solares.

- Pois não – resmungou a secretária

- Bom dia. Meu nome é Marshall. Fui chamado para uma audição hoje. – falou olhando ao seu relógio de pulso, verificando o horário. 8h35.

- Ah, tudo bem. Sente na recepção e aguarde.

O que ela chamara de “recepção” eram algumas cadeiras numa sala gigante, postas em torno de uma mesinha de centro que carregava algumas revistas de fofocas nada interessantes. Sentou-se e ficou passando os olhos pelas letras, mas distraído com o ambiente que o cercava do que com a revista de conteúdo nada atraente. Começou a se imaginar entrando por aquele lugar todos os dias, vendo as pessoas o cumprimentarem e saberem seu nome de cor. Orgulhava-se disso. Orgulhava-se de quem havia se tornado, e de onde havia chegado com tanto esforço. De repente, Marshall ouve seu nome. A secretária magricela o encaminha até uma porta que parecia nem existir quando entrou. Era uma porta pequena para um ambiente tão grande. Colocou a mão suada na maçaneta, girou e entrou. Olhou vagarosamente e ali estava: Michael Bay.

Havia uma mesa muito grande toda de vidro, cheio de papeis em cima. Ao lado, uma cadeira giratória que não parecia nada confortável. Michael olhou firmemente para Marshall, sorriu amigavelmente e pediu que ele se sentasse.

Longas horas se passaram, e os dois conversaram de forma leve e descompromissada. A conversa fluía tão bem, que Marshall por um segundo se esqueceu que se tratava de uma entrevista que poderia mudar a sua vida. No fim daquela conversa, Michael o deu uns papeis com falas que eram para ser ditas na audição. Despediram-se com um breve “até logo”, e Marshall voltou à entediante sala de espera. Aguardando sua vez, ficou sentado lendo e tentado decorar aquele texto. Suas mãos tremiam novamente, e sua respiração estava um pouco ofegante. Porém, quando estava quase na metade do texto, viu que não era um roteiro tão complicado assim. Já tinha visto piores, como naquela vez em que quase pegou o papel de Dom Ruan, de Molieré. Mas este roteiro não. Eram falas fáceis e descomplicadas, provavelmente retiradas de um daqueles filmes de comédia romântica.

Ouve seu nome novamente. Saiu daquela sala vazia e entediante, e entrou em uma outra porta, que ficava ao longo de um corredor. Abriu a porta e se deparou com um estúdio, lugar cheio de cadeiras almofadadas e holofotes gigantes (daqueles que são tão quentes que fazem Marshall suar numa cena). O estúdio estava vazio, só tomado pela presença de Bay e de um rapaz rechonchudo que parecia cuidar do som, andando para lá e para cá com cabos e microfones.

Marshall então se posicionou ao palco, mesmo que não houvesse ninguém o mandando tomar aquela atitude. Parecia que se sentia à vontade, porque, como ele dizia, o seu lar era onde o palco estava. Pegou o seu papel, respirou fundo e começou. Nada o impedia, nem o nervosismo e nem o medo de algum suposto resultado negativo. Falava de uma forma magnifica, com os olhos fechados, gritando as letras daquela pequena folha, como se ele estivesse vivenciando realmente aquilo. A fala tinha uma folha inteira e o começo de ser verso, mas mesmo assim, o tempo pareceu voar. Os minutos fizeram se segundos e ao final abriu os olhos, olhando para aqueles dois que estavam nas cadeiras. Tanto Bay quanto o técnico rechonchudo estavam com os olhos esbugalhados. Era como se tivessem fugido as palavras. Por um momento, Bay olhou para Marshall com um olhar de atitude e confiança, mas ainda assim um olhar amigável, e um sorriso que aberto que dizia mais do que as palavras podem expressar. Chamaram o próximo, Marshall saiu da sala, foi para trás das cortinas vermelhas com mal cheiro, respirou e sentou-se.

Depois de um tempo, o diretor apareceu por lá chamando todos para a seleção. Marshall agoniado com aquele momento, respirou fundo e abriu os olhos foi para frente daquelas cortinas, atento. Dentre outras pessoas, viu que de costas havia uma ruiva, e lhe parecia alguém familiar. Seu pensamento ia longe, esperando que seu cérebro enviasse a resposta de quem era aquela menina. No entanto, Michal começou a falar.

- Como todos vocês já sabem – dizia, com um tom autêntico, a todos os concorrentes presentes – nem todos passaram no teste. Mas quero que saibam que todos vocês têm potencial para isso. Terei que selecionar 5 dentre vocês, mas o meu pedido é que vocês não desanimem. Outras audições acontecerão ainda esse ano, e eu quero ver vocês tentando novamente.

O diretor pegou uma ficha toda rabiscada e começou, lentamente, a ler os nomes dos selecionados: Meggy Parker, Rodrigo Scott, Evelyn Santini, Thompson Baker e por último e finalmente, Marshall Smith. Arregrando os olhos e abrindo um enorme sorriso, Marshall não se conteve e deu pulos de alegria, assim como um dos selecionados fazia – acho que era o tal do Rodrigo. A menina selecionada, Santini, chorava sem parar e tentava insistentemente ligar para alguém para contar a notícia. Provavelmente pais ou namorado. Foi falar com a ruiva que tinha notado no começo da anunciação dos resultados, querendo lhe dar os parabéns e tendo em vista também que já tinha a conhecido de algum lugar. Quando ela se virou, ele teve certeza. “É ela?! Não pode ser.”

Marshall ficou totalmente abismado. Aquele encontro inusitado, com aquela garota incrível, o fez perder o ar. Pela primeira vez, ficou sem o que ter de falar, e para quem olhava de fora, poderia até parecer coisa do destino. Destino é geralmente concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos, relacionada a uma possível ordem cósmica que conduz a vida de acordo com uma ordem natural. Após um pequeno bate papo, contou que havia a notado no casamento de sua tia.

- Sabia que atores tendem a ser mais sinceros diante de novos acontecimentos? – indagou Marshall, sorrindo para a menina.

- Ah, é? E porque está dizendo isso? – Meggy sorria de volta.

- Porque quero te falar uma verdade, desde o dia que te vi.

- Pois então diga, futuro ator da Universal – dizia ela, num tom convencido.

- Naquele casamento, você estava espetacular.

Meggy enrubesceu, olhou para baixo, tirou os cabelos longos e cacheados do rosto, mas, como toda boa atriz, tinha uma resposta na ponta da língua para tudo.

- Não sei se acredito em você. Atores mentem muito bem – riu – mas prometo fazer um esforço para manter minha credibilidade em suas palavras.

- Se quer mesmo manter a credibilidade em minhas palavras, acho que deve aceitar o meu convite.

- Que convite? – Disse Meggy sorrindo, como se tivesse perdido uma parte da conversa.

E, com um gesto meio desajeitado a antiquado de respeito, Marshall inclinou um pouco a coluna e disse:

- Gostaria de dar-me a honra de sua presença em um jantar a dois, Senhorita Parker?

Meggy riu. E aquela foi a gargalhada mais linda que Marshall já ouviu. Esticando um pouco a saia do vestido, e com os mesmos gestos de Marshall, Meggy disse:

-Eu adoraria, Sr. Smith.

Os dois riram.

Meggy. O nome dela era Meggy, um nome que soava da melhor maneira possível, como se fosse uma sinfonia de Beethoven. Por um pequeno momento, Marshall ficou a flutuar no mar dos olhos azuis de Meggy. Marshall começa a achar aquilo tão mágico, que se põe a imaginar que há uma força maior que já havia planejado o encontro dos dois novamente. Desde sua infância, Marshall jamais pensou que poderia sentir isso novamente. Para ele, o amor verdadeiro era algo tão estranho distante... Jamais pensou que fosse tirar as correntes das mágoas e decepções do passado. Mas, pelo visto, aquilo havia acontecido.

E foi assim, diante de cenas e mais cenas em sua cabeça, que Marshall entrou no carro e se pôs no caminho de volta para a casa. Só havia passado 3 horas desde que ele chegara à Universal. E aquelas três horas foram a recompensa de um ano inteiro. Lembrou-se de todos os esforços e trabalhos voluntários, todas as noites mal dormidas, todas as aulas cansativas e... lembrou se também de Katherine, sua ex namorada. A menina que havia feito Marshall entender que o amor tem um lado negro. Mas logo esqueceu isso, estacionou na garagem, e subiu correndo para contar a Jonas o que havia acontecido.

- E aí, gayzinho? – provocou Jonas como de costume, apoiado na bancada da cozinha, fritando alguma coisa que não cheirava muito bem

-Cara... EU PASSEI! – Disse Marshall dando um soco no ombro de Jonas

Os dois conversaram por um bom tempo sobre a audição, e sobre Michael Bay, mas logo o assunto mudou, e Marshall começou a falar incansavelmente de Meggy. Após algum tempo, Jonas já tinha tirado todas suas conclusões, e falava com veemência que Marshall havia se apaixonado pela tal ruiva. Mas, como Jonas era um bom amigo de Marshall, conhecia o seu temperamento impulsivo e meio receoso. Sabia que, em algum momento do dia, até a hora marcada para o encontro, Marshall pensaria em desistir algumas vezes, sempre com a mesma desculpa de decepções amorosas e desilusões. Mas Jonas estava convicto de que não deixaria isso acontecer.

E foi como o previsto. Dentro de algumas horas, depois de comerem alguma coisa e assistirem alguns episódios avulsos de The Walking Dead, Marshall começou a ficar ansioso. Respirava fundo pelos cantos do apartamento. Ia até a sacada, abria a geladeira, olhava as horas. Estava visivelmente inquieto. Até que, por meio de várias ações incansáveis e um suspiro profundo, Marshall disse a célebre frase:

- Acho que não vou!

Jonas estava de costas para Marshall nesse momento, fechando as portas do guarda roupa e ligando o notebook que estava em cima da cama. Deu uma risadinha escondido, e depois, virou com um tom totalmente sério para o amigo:

- Como é que é?

- Você ouviu bem – dizia, gaguejando – não vou mais.

Jonas respirou fundo e começou a planejar qual seria sua tática de convencimento dessa vez. Já tinha feito isso muitas vezes, mas não tinha dado importância porque sabia que não eram as meninas certas para Marshall. Ok, fazia isso também porque elas eram feias. Então Jonas nem insistia tanto. Mas dessa vez, a coisa parecia estar ficando séria. E como bom advogado (mesmo que exercendo a profissão obrigado pelos pais) falou:

- Escuta aqui, cara. Sua vida inteira vai ser feita de decisões. Você tomou a decisão de vir pra Los Angeles. Tomou a decisão de fazer faculdade de cinema e tomou a decisão de, muito tempo atrás, mandar seu currículo para a Universal. E olha onde você chegou agora.

- Mas cara, a Katherine... – dizia Marshall, logo interrompido por Jonas

- Ah, e você vem me falar da Katherine. Como você pode ver, ela também foi uma decisão sua. E deu errado, não deu. Mas você já parou para pensar que se não tivesse tentado nenhuma dessas coisas, estaria sentado no sofá de casa, com os seus pais, sem viver a própria vida?! Essa é a questão Marshall – dizia Jonas, já gritando – Se você deseja isso, tome a decisão. Pare de ficar implorando amores e pare de ser inseguro na vida. A vida é SUA. Portanto, faça bom proveito, e não deixe que as situações te amedrontarem. Pra com essa frescura, sai logo com a menina, se joga. Vai viver! – terminou, virando as costas e voltando para o quarto.

Marshall não tinha mais o que falar, nem como revidar as palavras do amigo, porque ele estava certo. Marshall havia sofrido no passado, mas isso era uma coisa que ele deveria deixar para trás. O medo, a insegurança, as desilusões, tudo... E, depois de algum tempo, com os dois em silêncio por dois longos minutos que pareciam uma eternidade, Marshall ouve Jonas gritar do quarto:

- Resumindo: para de ser viado.

Os dois riram. E depois da piada, Marshall se arrumou e foi ao encontro de Meggy.

Dentro do carro, conversaram até chegar no restaurante. Havia algo de errado em Marshall. Parecia que ele estava com medo. Com medo de se divertir com aquela menina, ele não queria ferir os sentimentos dela, não ligando no dia seguinte, mesmo tendo os dois que trabalhar no mesmo lugar. No carro, Meggy querendo saber o que acontecia, ela estava muito feliz de estar lá com ele, ele por outra lado já estava se sentindo arrependido de ter a convidado para sair.

Chegando no restaurante, chegaram e sentaram, Meggy com todo sua delicadeza, chama o garçom pedindo um copo de vodka pura com limões cortados e sem cascas, Marshall olhou e suspirou fundo como se quisesse perguntar alguma coisa. Meggy já se esclarecendo disse que tinha um gostando tanto que diferente dos demais, sorrindo, perguntou o que ele ia tomar, chamou o garçom novamente, então Marshall pediu uma agua tônica com açúcar, rindo com aquele pedido Meggy falou que era a única a ter um gosto estranho.

Passando se algumas horas, chegou uma moça de cabelos cacheados, e bem cheirosa, Marshall olhou, notou que a conhecia, viu que ela começara a chegar mais perto, tento se esconder com os ombros. A moça chegando, o cutucou, perguntando se ele lembrava dele, ele dizendo com todas as palavras, infelizmente me lembro, no mesmo instante a moça tirou o sorriso do rosto suspirando e foi-se embora sem um disser uma palavra se quer. Meggy achou aquilo totalmente grosseiro da parte dele, Marshall já bravo se desculpou, sabendo que tinha sido totalmente estupido. Meggy perguntou o por que ele tinha ficado assim, acalmou-se. Marshall respondeu com uma pequena história, dizendo que ela era a ex noiva dele, ela se chamava Susan. Meggy muito constrangida em ter perguntando aquilo, com todo aquele simpatia, com aquela cara de triste, por saber o que havia acontecido com ele, desculpou-se cuidadamente com ele.

Meggy tentando mudar de assunto, tentou conhece-lo melhor. Passando um tempo, combinaram que estava muito tarde, levantaram e foram embora, saindo do restaurante Marshall querendo leva-la para casa, perguntou se ela queria uma carona. Meggy negou, Meggy era esperta, sabia o que iria acontecer se ela o deixasse levá-la para casa, como ela queria que ele se mante-se interessado, não deixou.

Marshall então chamou um taxi, e espera junto a ela, o taxi chegar. Deram uma volta, Meggy ria sem jeito das piadas dele, e vice versa, para aqueles que os olhavam rindo loucamente, imaginavam que eles eram namorados. Chegando em uma praça, grande, onde havia muitas pessoas apesar do horário, naquela noite com o céu totalmente estrelado e com a lua brilhando. Viu que aquele momento era o melhor que ele teve até ali, e não queria perder. Meggy, com aqueles cabelos longos e ruivos ao vento, parecendo uma deusa, sorrindo.

Estavam sentados, aproximando-se Marshall pondo o braço envolta dela, aproximou-se mais, os olhos deles se estreitaram, levantaram-se, Marshall agarrou sua cintura junto a ele, Meggy tentou se opor diante daquele momento, mas era tarde demais. Os lábios dele apertaram os dela, parando assim o seu protesto. Ele a beijou raivosamente, com a sua outra mão apertando sua nuca com força, tornando impossível escapar. Meggy empurrou o peito dele com todas as força, mas ele nem pareceu reparar. A boca dela era macia, apesar da raiva, os lábios dele se moldando aos dele de uma forma cálida.

Meggy parecia estar brava com aquele beijo inesperado, Marshall a beijou como se tivesse sido a primeira e última vez, a beijou com tanto gosto, com tanto prazer. Meggy parou de se debater, deixando-o beija-la. Chegando o taxi, buzinou para saber quem que tinha o chamado, acabando assim o primeiro beijo. Meggy mal sabia o que falar, olhou o nos olhos, falando, até amanhã Marshall com um sorriso grande que mal cabia no rosto. Marshall a beijou no rosto apertando seus lábios ao seu rosto, não queria mais tirar seus lábios de seu rosto, era confortável, sua pele era macia. Buzinado mais uma vez, Meggy o olhou e foi embora sem dizer mais nada.

Esperou até que o taxi virasse a esquina, e deu um pulo de felicidade, com um sorriso gigantesco em seu rosto, foi indo direção ao seu carro, abriu a porta, ligou o carro, e foi para casa feliz da vida. Jonas preocupado com o horário, como se fosse a mãe de Marshall, ligou para ele. Avisou que já estava chegando, desligou. Já chegando em casa, abre a porta e a fecha com tudo, joga as chaves na mesa, pula no sofá, e começa a gritar chamando Jonas, Jonas corre para ver o que era. Marshall começa a contar como foi o encontro dos dois, Jonas fica quieto. Não para de falar, Jonas falando em voz alta perguntando do que Marshall estava falando, Meggy, Meggy, gritou ele todo feliz.

Jonas riu e riu. Até parecia ser a primeira garota dele, feliz daquele jeito; contou com todo os detalhes, dizendo que tinha ficado até mesmo com vontade ir e matar o taxista, contando que aquele foi o melhor beijo de todos, Jonas falou que ele dizia isso todas as vezes. Conversaram e conversam. Já se passa das quatro horas da madrugada, foram dormir.

Marshall acordando com aquele barulho horrível do despertador, já via que estava atrasado, correu para o banheiro, ligou chuveiro mesmo queimado e tomou o banho mais rápido da vida dele, se enxugou, foi tomar café, se aprontou, e começou gritar, ‘’ minhas chaves, onde estão minhas chaves’’, Jonas acordou com aquela gritaria toda, pegou as chaves que estão na frente de Marshall rindo descontroladamente, correu pro carro. O ligou mais rápido possível, chegando no local do trabalho, fingiu que não estava tão feliz quanto parecia estar.

Eliseu Espada
Enviado por Eliseu Espada em 21/05/2017
Reeditado em 25/05/2017
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