Cartas – Parte 2

Minha pequena caipira.

Vivemos algo tão intenso num curto período, não é? Você chegou tão de repente e fez com que eu me sentisse sentimentalmente vivo. E há anos eu não me sentia assim. Há anos eu não sentia vontade de ficar o dia inteiro perto de alguém como eu gostava de ficar perto de você. Sentir o seu cheiro, olhar nos teus olhos cheios de doçura e ouvir seu sotaque caipira me dizendo como eu sou insuportável e que não queria tanto gostar de ficar perto de mim. Tudo com você Sam, aconteceu de forma tão profunda que não me surpreende ter acontecido numa fase da minha vida em que eu já tinha perdido as esperanças e aceitado as consequências das minhas escolhas. Assim é a vida. Você paga quando vive do jeito que quer, sem dar explicações para outras pessoas. E eu não me arrependo disso. Na verdade, nessa história inteira, a única coisa que me dói é saber que vou ter que deixar as pessoas que eu amo. O restante eu aprendi a lidar no momento que soube da minha condição. Não peço que você me compreenda, talvez seja incompreensível para as outras pessoas.

Sam, você tem um futuro brilhante. Eu confio em você. Sei que você vai longe. É esperta, inteligente, tem um coração bom. É linda. A minha linda. A garota que me fez sonhar com um futuro, mesmo que eu soubesse que o futuro para mim não seria mais possível. Você me trouxe uma luz, uma vontade de estar vivo, mas no final do dia eu acabava sempre me lembrando de que a cada dia tinha um pouco menos de vida. Eu criei um tipo de bomba relógio dentro de mim que algum momento explodiria. E explodiu. Quero que você lembre de mim com carinho, mas que em momento algum sinta-se presa ao que tivemos. Você  conhecerá muitos homens que fariam qualquer coisa para estar ao seu lado e em algum lugar no outro "plano" (não sei se acredito nessa parada, mas beleza) eu estarei olhando por você e torcendo muito para que seja feliz. Feliz da mesma forma que me senti ao seu lado.
Me guarde na sua memória, Sam. E obrigado por tudo.
Eu te amo.

Bernard.

Samanta respirou fundo, colocou a carta junto ao peito, completamente emocionada. Tinha sido real o sentimento entre eles.

- Eu vou te amar sempre, Bernard. Sempre.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 12/12/2016
Reeditado em 08/06/2022
Código do texto: T5850649
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.