livro sem codinome 2

2º ADOÇÃO

N o outro dia a Sra atordoada já sem saber oque fazer para se entender com aquela criança ligou para uma amiga pedindo para que viesse as pressas ajuda-la com um assunto. Pouco tempo depois bateram na porta, a Sra. Um pouco mais aliviada foi atender:

- Cris ainda bem que você veio, já não sei mais oque fazer.- A senhora de cabelos poucos grisalhos disse abrindo a porta e dando um abraço na amiga que realmente atendera ao pedido de ajuda.

- Calma Elena, oque houve? – A amiga quase da mesma idade, disse entrando e ficando em pé, ao contrário das outras vezes que sentara desta vez ficou em pé apenas apoiada ao encosto da poltrona, assustada nem reparou na criança em cima do sofá dentro da cesta, quieta e calma como se tivesse encontrado seu lar.

- Eu estava escrevendo no meu quarto ontem a noite quando de repente escutei um choro de criança, não era muito nítido mas parecia vir da rua e já estava muito tarde e frio, foi aí que decidi descer e ver oque estava acontecendo... – A senhora Elena iria continuar se não fosse interrompida por Cris:

- Isso é uma criança Elena? – Disse assustada trocando olhares entre a criança e Elena. – Você a trouxe para casa, isso é loucura!- Disse sem acreditar chegando mais perto da criança e olhando-a bem nos olhos.

- Talvez seja, mas aposto que se você a tivesse encontrado em sua porta chorando, no frio faria o mesmo. – Disse pegando a criança no colo, e sorrindo carinhosamente para tal, talvez em pouco tempo Elena já tivesse se apegado a essa criança, talvez estivesse receosa em deixa-la sozinha outra vez, mas uma coisa era fato, Elena sentia que aquela criança iria trazer muita alegria para sua vida, e no momento era isso que ela queria, já estava ficando velha e morava sozinha, pois seu marido morrera a pouco tempo, se sentia muito carente. Elena pensava que talvez aquela criança fosse a solução para sua vida triste e solitária.

- Temos que procurar alguém para adota-la. Mas tenho que admitir ela é uma gracinha – Disse Cris.

- É mesmo, aliás, ontem a noite aconteceram algumas coisas estranhas quando estávamos juntas.- Disse a colocando na cesta novamente.

- Como assim, que tipo de coisa estranha?

- Você vai achar que eu estou ficando louca Cris, mas ela olhou para mamadeira dela e a mamadeira simplesmente explodiu, estava quente, parecia que ela queria a mamadeira e por isso explodiu.

- Realmente você estar ficando louca Elena- Disse rindo – Você quer dizer que ela é especial?

- Não sei Cris, mas andei pensando... Quero ficar com ela.

- Não Elena! Seu marido acabou de falecer você não deve estar se sentindo bem é isso. O melhor que você pode fazer agora é doa-la para uma família, não tente suprir suas necessidades ou suas tristezas com essa criança, não é porque ela apareceu em sua porta que você deve ficar com ela.- Cris disse aparentemente indignada sacudindo a cabeça como negação.

-Eu não estou tentando tirar o foco do meu ex-marido eu sei que ele se foi vai faltar uma parte em mim eternamente, mas essa criança Cris, tem algo que eu nunca senti na minha vida, é como se ela me enchesse de alegria apenas em me olhar eu sinto, seremos felizes juntas. Você não acha estranho ela aparecer do nada na MINHA porta? Já até dei um nome a ela vai se chamar Morgan. – Elena disse persistindo em sua Idea em adotar “Morgan”, indo em direção a cafeteira colocando café em duas xícaras sobre pratinhos decorados com tons de rosa claro e azul turquesa, o café escorria e enchia as pequenas xícaras enquanto Cris sentava na poltrona que antes se apoiara.

- Você me chamou para te ajudar, talvez eu esteja certa, talvez você. Quer saber Elena, sempre estivemos juntas a nossa vida toda, saiba que eu vou lhe ajudar em qualquer decisão em sua vida, nunca vi você tomando decisão errada em sua vida.- Disse Cris rindo enquanto Elena colocava as xícaras com os pratinhos em cima da mesa de centro de vidro, agora as duas sorriam. – Mas tome cuidado, imagina se realmente foi a Morgan que quebrou essa mamadeira somente com o olhar, vai te dar um prejuízo danado se toda vez que ela cansar de esperar fazer isso. – Dessa vez as duas riram pegando suas xícaras e tomando cuidado para se acomodar nos sofás sem derramar café.

As duas senhoras se conheciam desde a infância e já haviam feito muitas coisas juntas, para a idade delas seus pensamentos eram muito peculiares, não acreditavam em uma única coisa para não se prender, mas ao mesmo tempo acreditavam em tudo, inclusive mágica, aliás, já viveram tantas coisas juntas que nenhuma dúvida mais da outra. Já tiveram muitos namorados, já fizeram muitas viagens juntas, já brigaram e o principal, já erraram. Hoje Elena está sozinha, pois seu marido Tom falecera a pouco tempo, deixando a casa de dois andares de madeira construída a muito tempo pelos dois com o mesmo sonho de morar em uma casa idealizada na infância, deixando-a com objetos particularmente estranhos, bonitos e raros de suas viagens ou até mesmo achados na rua, deixando lembranças de adolescência cheia de amigos e amores e consequentemente deixando-a com saudade, e hoje solidão “que poderá ser preenchida por Morgan” sua mais nova afilhada, pois Elena sendo infértil nunca pode ter um filho, um de seus maiores sonhos. Cris ainda tem seu marido vivo e ao seu lado, mas ao contrário de Elena que vivia na mais pura harmonia com seu marido, Cris não vê a hora de divorciar de seu marido. Algumas pessoas acham que elas já são velhas demais para adotar um filho, para começar um novo amor, mas para elas a vida é instável, alguns sabem aproveita-la outros sabem apenas seguir as regras impostas pela sociedade. Seus amigos da adolescência estão perdidos no mundo sem modo de se comunicar e os que restaram faleceram, sendo assim Elena vê sua vida contendo dois pontos Morgan e Cris.