Só por hoje - Capítulo 3

Meu despertador toca e eu desejo não acordar. Jordy ainda não chegou. Deus, parece que fui atropelada por um caminhão lotado de elefantes. Saio da cama me rastejando praticamente e vou tomar um banho. Depois de desperta, seco meus cabelos e prendo em um rabo de cavalo e vou fazer café. Separo algumas frutas e pães para comer, coloco uma maça na mochila e vou dar um jeito na minha cara de morta passando um pouco de corretivo, pó e rímel. Tomo meu café e pego minha mochila com toda documentação necessária para ingressar na faculdade. Estou tremendo de ansiedade e tento parecer o mais normal possível. Escolho vestir minha calça jeans, uma blusa branca normal, um moletom preto e sapatilhas. Dou uma ultima olhada no espelho, e meus cabelos castanhos estão bem presos, meus olhos castanho mel parecem destacados e brilhantes e minha roupa não parece arrumada demais nem desleixada demais. Respiro fundo e saio do apartamento.

Chego na faculdade de artes e dou uma olhada no campus. Cheguei 30 minutos mais cedo por conta da ansiedade. O lugar é bem bonito e elegante, os dois prédios enormes de tijolos separam o espaço de arte do pessoal de tecnologias, que estudam cinema, edição e tratamento de imagem e toda essa parte tecnológica em desenhos 3D. Aqui é super estruturado para quem ama artes e tecnologias. No meio do prédio, na divisão, fica um chafariz enorme. Na frente do campus, um estacionamento para professores e alunos e um jardim extremamente florido e colorido com varias exposições de alunos. Atrás do campus, também é tem um jardim com uma quadra coberta e armários de vidros no corredor, com vários materiais de alunos também em exposição, como personagens em 3d, vestidos com materiais inusitados, quadros e todas as coisas que os alunos fazem aqui. O campus tem laboratórios e auditórios com um sistema tecnológico avançado. Aqui é lindo e quero viver aqui dentro pra sempre! Já me imagino fazendo projetos, arrumando o corredor de exposições, montando equipes e explicando o sentido de eu ter feito aquilo. Mal percebo que o tempo passou quando olho no relógio e quase me atraso para pegar a senha. Entro na recepção e uma mulher chama meu número. Ela pede identidade, cpf, certidão de nascimento e tudo o que precisa para estar matriculada ali. Após alguns muitos papéis, assino meu contrato e estou oficialmente matriculada. Agradeço a senhora que me atendeu e ela me dá minha grade de horários. Leio as minhas matérias e mal posso esperar para começar. História da arte, português, desenho e expressão plástica, formas de expressão e comunicação artística e psicologia da arte. Começo minhas aulas na quinta feira. Hoje ainda é segunda e tenho dois dias de folga para fazer compras, reconhecer o bairro e procurar pra ontem um emprego em alguma lojinha qualquer. Volto para meu dormitório e quando chego sinto cheiro de comida saindo do apartamento. Abro a porta e Jordana está na cozinha fazendo iscas de carne e frango, salada, arroz e legumes no vapor. O cheiro está maravilhoso. Assim que fecho a porta ela se vira e dá um gritinho batendo palmas

“Allison!!” e vem me abraçar. Surpresa com a recepção digo “Oi, você deve ser a malvada que mora comigo, né? E pode me chamar de Allie, por favor!”

“Malvada? Ahh Tereza, eu sabia que ela tinha feito minha caveira.” Ela sorri “Ainda bem que você tem apelido, odeio chamar as pessoas pelo nome. Pode me chamar de Jordy ou Jordyn, você escolhe! Me desculpa por não ter aparecido bem no dia da sua chegada. Trabalhar e estudar é pra poucos – ela revira os olhos – para me redimir, tô fazendo o almoço. Não se acostuma.” Ela brinca e sorri e eu sorrio de volta.

“Okay, vou fazer a mesa então.” Me direciono a cozinha junto com ela. Jordy é muito mais bonita do que nas fotos, e seu corpo é tão curvilíneo que me faz parecer uma tripa perto dela. Não sou tão magra, mas Jordy definitivamente perto de mim, me faz parecer um palito reto. Seu short de cintura alta preenche toda sua coxa grossa, e a blusa fica apertada nos seus seios. Sinto uma leve inveja. Ela parece não ser tão mais velha do que eu. Provavelmente deve ser um ou dois anos mais velha. Depois de arrumar a mesa, espero o almoço e converso com minha colega de quarto organizada.

“Então, você estuda o que Jordy?” pergunto curiosa.

“Engenharia biomédica.” Ela diz orgulhosa “Tenho que descer pro Rio todos os dias, é meio cansativo mas dá pra viver e conciliar com o trabalho. E você tá fazendo artes não é?”

“Nossa, que coragem. Sim, finalmente! Sai do meu curso de engenharia para fazer artes. Imagina a loucura que ficou lá em casa.”

“Sua louca!” Jordy dá gargalhada “Nem imagino o que meus pais fariam se eu fizesse algo parecido.”

“Pois é, os meus tiveram que aceitar. Quer dizer, ainda estão aceitando. Na verdade, acho que nunca vão se conformar até eu ganhar algum premio internacional ou algo do tipo.” Rio junto com Jordy . “Você trabalha com o que?” pergunto.

“Se eu falar você não acredita” ela ri “não tem nada a ver com a faculdade.”

“Sério? É com o que?” pergunto.

“Em um escritório barra gravadora de música. Faço a parte administrativa da empresa. É aqui em Petrópolis mesmo. Trabalho durante a manhã um dia sim e outro não e estudo a noite. Por isso quase não paro em casa.”

“Ual!” digo surpresa, poderia chutar qualquer coisa menos escritório de música. “Amanhã saio para conhecer alguns lugares e procurar algum lugar para trabalhar. Só tenho dinheiro para três meses de aluguel! Preciso correr com isso.” Digo pensativa.

“Jura? Então você nem precisa sair. Estão procurando uma assistente pro chefe do setor de contrato e documentação dos artistas. Ele é meio desorganizado. O trabalho não é algo difícil de se fazer. É só separar os documentos por ordem, vê quem está em dia, ler toda a papelada de contrato e dispensa, essas coisas. Se você quiser, posso marcar uma entrevista pra você amanhã. Eles pagam bem. Você tem alguma experiência?”

Estou boquiaberta, essa é minha oportunidade. PRECISO desse emprego. Ainda mais de assistente. Eu era assistente do meu pai quando estava no ensino médio, foi meu primeiro emprego de carteira assinada.

“Sim, claro!” digo empolgada “Trabalhava no escritório do meu pai quando era mais nova. Não é nenhuma gravadora, mas sei organizar bem. Aprendi bastante coisa e posso aprender lá também! Por favor, se você puder fazer isso por mim, eu nem sei como te agradecer!” levando falando empolgada com as mãos juntas em frente a boca.

“Okay, okay, você só tem que fazer massagem em mim por um mês se eu conseguir isso para você.” Ela joga o pano de prato em mim e eu jogo nela de volta.

“De jeito nenhum!” rio.

Jodyn põe a mesa e comemos a comida famintas. Passamos o resto da tarde jogadas no sofá depois que eu lavei a louça, jogando conversa fora e nos conhecendo mais um pouco. Jordy manda liga para o seu chefe para informar que achou uma candidata a vaga e vira para mim balançando a cabeça fazendo positivo com a mão.

“Tá, aham, eu aviso!” Ela diz no telefone.

“E ai?” me viro pra ela

“Tudo certo. Agora é com você. Amanhã as 15 horas”

“Ahhhhhh obrigada!” Grito e abraço ela.

Anne G Oliver
Enviado por Anne G Oliver em 25/09/2016
Código do texto: T5772217
Classificação de conteúdo: seguro