A MÃE AMOR ETERNO

Dinho tinha só 12 anos e já era obrigado a assumir muitas obrigações nos afazeres domésticos para ajudar sua mãe, D. Maria a cuidar dos irmãozinhos e da casa, pois era o mais velho.

Ela trabalhava muito para cuidar de casa, dos filhos e ainda ajudar o marido a manter as despesas de casa. O marido era motorista de caminhão e ficava constantemente ausente de casa e da vida dos filhos.

Apesar de todas as dificuldades, ela era carinhosa e cuidadosa, sempre dava a atenção que seus filhos necessitavam. Dinho e os irmãos se sentiam protegidos e amados na presença da mãe.

Dinho estudava com Lilico e Clara que eram os seus melhores amigos na escola. Quando estava com eles, esquecia dos seus problemas familiares e era um menino alegre, travesso e esperto.

Numa manhã, ele percebeu que sua mãe não estava se sentindo muito bem e até se ofereceu para não ir à escola para ajudá-la a cuidar dos irmãozinhos e da casa, mas ela foi firme em fazê-lo ir às aulas. O coração de Dinho se apertou ao dar um beijo no rosto de sua mãe e pedir sua benção; algo lhe dizia que algo estava por acontecer, mas mesmo a contragosto obedeceu à ordem dada.

No portão, ele olhou para a mãe pela última vez, deu um aceno e jogou um beijão carinhoso e recebeu um sorriso cativante e amoroso em troca.

O dia na escola correu como de costume, entre seus amigos e as lições que a professora sabiamente foi passando para a turma.

Ao retornar em casa, percebeu que algo havia acontecido, muitos vizinhos e parentes estavam em sua casa com feições de tristeza e pesar. Uma das suas tias veio ao seu encontro e o abraçou dando a triste notícia da morte de sua querida mãe.

Dinho não conseguia raciocinar, seu cérebro não conseguia processar esta informação tão grave, as lágrimas começaram a escorrer nas suas faces e por mais que quisesse não conseguia contê-los. Seu pai tentou acalmá-lo, mas Dinho não estava acostumado a receber carinho de seu pai e sim de sua adorada mãe e assim, ambos por mais que quisessem não conseguiram extravasar suas tristezas e se confortarem mutuamente. Cada um sofreu separadamente a sua dor.

No velório, Dinho se manteve distante, escondeu seus sentimentos o quanto pode e viu sua amada mãe pela última vez sem poder sentir o afago e o abraço carinhoso que tanto era acostumado a receber.

A partir deste triste acontecimento, Dinho passou a ser um menino rebelde. Não achava mais graça em estudar e se dedicar à escola. Começou a descuidar das lições e a não ligar mais para as suas obrigações.

Sem a mãe para cuidar de tudo, as tarefas de casa se acumulavam, mas Dinho não ligava à mínima e só pensava em sair com os amigos da rua para soltar pipas. Afastou-se dos amigos da escola e faltar às aulas tornou-se uma rotina em sua vida.

Uma noite, Dinho sonhou com a sua mãe lhe dizendo, “meu querido filho, sei de todo o seu sofrimento e do quanto deve estar sendo difícil viver sem mim. Mas, nunca se esqueça do quanto sempre os amei e vou continuar amando esteja eu onde estiver. Lembra-se que no dia da minha partida, não deixei você faltar da escola? É porque, seu maior tesouro é a educação! Os livros serão de agora em diante sua melhor companhia. Quando você estiver folheando e lendo um bom livro saiba que eu vou estar te abençoando e feliz. Você será um grande homem e fará diferença na vida de muitas pessoas, mas para isso nunca abandone os estudos. Faça isso por mim e por você.”

Dinho perguntou, “Por que você nos deixou?”

Ela respondeu, “Você se lembra da laranjeira do nosso quintal? Numa época do ano, ela se enche de flores, mas um dia essas flores precisam morrer para dar lugar aos frutos e estes precisam ser consumidas ou cair no chão para que as sementes possam brotar. Assim, somos nós meu filho, estamos sempre em constante mudança e nem sempre a nossa vontade prevalece e temos que ter fé e coragem para prosseguir com alegria e confiança!”

Depois desse diálogo, eles se abraçaram e Dinho pôde sentir o aconchego de estar novamente nos braços de sua amada mãe, mesmo que por um instante.

Dinho acordou sobressaltado e sentou-se na cama, sentindo uma grande saudade, mas em seu coração não pesava mais a revolta e sentimento de abandono, mas um sentimento de agradecimento por tudo que sua mãe tinha lhe ensinado em vida e do amor que ela sempre proporcionou. Resolveu que iria se apegar aos livros e aos estudos e que iria dedicar a sua vida em se tornar alguém que despertaria um grande orgulho a sua querida e amada mãe.

No dia seguinte, foi animado para a escola e contou o sonho para seus amigos Lilico e Clara e eles se emocionaram muito; e juntos passaram a estudar todas as tardes para que o Dinho pudesse recuperar as lições que havia perdido.