A MAGIA DAS CORES III

Era uma matiz toda vestida de negro, dirigindo-se à mim, como se nos conhecêssemos de algum lado: - Ingrato! Ingrato! Ingrato!

- Como assim? Eu nem sequer a conheço! - Reagi, indignado.

- Não me conheces? - Indagou-me. – Quem anda por aí a propalar a tal magia das cores?

- Eu mesmo! Porquê? – Repliquei.

- Olha, senhor, o facto de eu e a minha irmã estarmos integradas numa categoria acromática não invalida que façamos parte dessa sua famigerada magia das cores! -Reclamou a matiz.

- Mas afinal, quem és tu? - Perguntei.

- Eu sou a Pretinha. - Respondeu a matiz vestida de negro. – Sei bem que a cor é o reflexo da luz, e apesar de pessoas como o senhor me classificarem como a ausência de luz, faz tempo que a nossa família pertence a esse universo colorido. Aliás, basta misturar as três cores primárias para se obter uma cor preta, tão linda, quanto eu!

- Presunçosa! – Exclamei.

A cor preta era tão faladora e convencida que não fiquei sem resposta: - Pois, saiba também, que a minha irmã, a Branquinha, resulta da aplicação de todas as cores, originando essa perfeição que vocês chamam de arco-íris. – Empolgou-se a cor preta. - Somos as cores neutras, como dizem, porém, as cores da complementaridade. Associamo-nos com outras cores para dosear a tonalidade delas.

- Percebo o seu descontentamento. Contudo, o trabalho sobre a magia das cores é sequencial. É um processo e como tal, não me esqueci de vocês. – Elucidei-lhe.

- Ainda bem que o senhor pensa assim. Retiro tudo de negativo que eu disse a seu respeito. Reconheço a minha imprudência. Dou a mão à palmatória. - Redimiu-se a cor preta.

- Assim fica-te bem Pretinha, pois a humildade dignifica as nossas atitudes. – Rematei.

António MBridge
Enviado por António MBridge em 18/07/2017
Código do texto: T6057948
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