Com seu poder sobrenatural, o anel de sete cores levou Emília ao mundo encantado das formigas, mantendo sua meninice, para que ela pudesse viver as fantasias que povoam a imaginação das crianças. E enquanto viajava no arco-íris, viu nuvens apressadas, muito apressadas, que, ora  tapavam o sol com uma peneira, ora o sol aparecia peneirado, rendilhado  em um e outro rasgão de espessa nuvem.
A viajante do anel de sete cores aterrissou em terra firme na outra ponta do arco-íris. Dormia pesadamente, e, quando acordou; em sua volta, formigas trabalhavam para abastecer o celeiro. Emília deu alguns passos, sem direção, acompanhando com olhar atendo o deslocar de uma formiga operária. Adiante, a formiga parou exausta, cansada, talvez ferida ou doente, e   foi  levada por outra mais robusta, por longo percurso no caminho das formigas, que, para Emília, era apenas um mover de dedos. Em certo ponto, a formiga que prestava socorro parou, levantou as patinhas, esfregou os olhos e viu a menina como obstáculo quase intransponível, um gigante, que mais parecia  uma montanha de carne que lhe  poderia servir de alimento. ‘Nem pensar!’ Protestou Eco, a formiga inteligente: ‘Comer a  viajante das estrelas seria declarar guerra aos humanos...’ ‘Tem lógica’, concordou Logia. Emília entendeu e afastou-se um pouco. A formiga entrou no formigueiro e mnutos depois, um exército de formigas surgiu na porta do palácio real e anunciou a festa de recepção ao filhote de homem.  Bethowver , a formiga cantora, entoou uma música mágica, e a partir de então, toda a comunidade se comunicou com a visitante em linguagem universal — a música. 
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Texto: Adalberto Lima
Imagem: Internet.