ENCANTO DE CRIANÇA

Era tudo tão pequenino. Um quarto uma cozinha. A sala e a varandinha. E o menino Liminha sonhava.

Viver bem longe dessa vidinha. Os irmãos tão pequeninos mal

Sabiam brincar só faziam brincadeirinhas. De crianças do seu tamanhinho.

A mãe tão carinhosa pouco podia lhes dar. Um boneco um carrinho que pudesse puxar

Mas Liminha audacioso queria o mundo buscar. Queria sol queria praia e nela poder jogar

Brincar com meninos de sua idade até a noite chegar. Tanto pediu tanto rezou que Papai do Céu aceitou

E um dia sem saber como em outro mundo acordou. Esse mundo tão grande tão vasto de repente o assustou

Os carros passavam por cima da sua pequena cabeça. Correu para calçada, mas olha quanta ironia o fio da calçada tinha altura de sua casinha

Cadê a porta onde esta a janela? Mãe preciso entrar! Pensava apavorado

Perdido na grande cidade que tanto havia sonhado,

Apertou bem forte os olhos a boca e ombro encolhido ao um canto a pedir. Meu Jesus, Jesus Cristinho, ainda sou pequenininho, queria muito um cantinho pra esconder meu medinho.

E uma voz lá de cima disse com tão forte som que lhe esvoaçou os cabelos

Liminha apertou mais aos olhos nada queria ver seria um gigante com dentes de ferro nariz de montanha, olhos em brasa, boca babada e hálito de elefante?

Só queria sua casinha de quarto pequenininho e sala com varandinha. Mas a voz queria mostrar como era bonito aquele lugar. Abra os olhos dizia ele, ta com medo? Só falta começar a chorar.

Liminha tomou coragem seu pai lhe ensinou a enfrentar seu medo escalou o cordão da calçada. E viu um mundo grandão, rodopiou encantado, tudo aquilo seria seu para na sua expedição.

Deu vontade de fugir era tudo tão novo, tão gigantesco assustador demais...

Queria contar aos amigos, gritar assoviar, até cantarolar, mas algo lhe dizia que ali sua voz seria um sussurro.

E de repente tudo se tornou sem graça, não tinha com quem falar como iria contar. Procurou uma pedra para chutar bem longe, não havia pedras pequenas. Não importa pensou destemido chutando a primeira que encontrou. Claro ela não saiu do lugar era maior que seu pé. Mas de repente levou um chute no bumbum igual ao que deu na pedra... Assustado olhou para um lado, depois para outro, botou um pé na frente depois o outro e saiu correndo apavorado. Quando viu aquela baita pedra se levantando e fazendo assim para ele (botou a língua) dizendo, bobo nem doeu!

Liminha correu tanto mais tanto que acabou acordando no seu quarto pequeno, foi para a cozinha a sala e a varandinha tão contente que abraçou sua mãe bem forte dizendo que nunca mais queria ir embora. Quando viu os irmãos correu abraçá-los querendo brincar. Agora entendia: era criança ainda. Enquanto ainda o fosse não existia lugar melhor que sua casa. Não importando o tamanho que tivesse...

RÔCRÔNISTA
Enviado por RÔCRÔNISTA em 23/03/2017
Código do texto: T5949738
Classificação de conteúdo: seguro