Passando à Vitória

Fui contar o caso da tia Rita contando estórias para nós, enquanto passava roupa e ah, pra quê, mana Vitória fez questão de levantar o narizinho e reclamar seu quinhão nessa conjunção de atividades...

E tenho que concordar com a primogênita do casal LuiZezé, pelo menos no que me tocou: como titular da obrigação, cabia-lhe passar a roupa da casa, dos pais e de toda a cambada de hermanitos. E num é que ela era bamba com o ferro à mão?

Os problemas, contudo, eram dois: conseguir alguém que lhe desvirasse toda a roupa que estava - e sempre estava - ao avesso, com a mesma rapidez com que ela passava e, o que era mais significativo, fazer-lhe companhia na sala ou copa, quando toda a perrada já dormia...

Mas disso eu só vim a saber ontem. Para mim, fazer-lhe companhia, apesar do trabalho ingente da desviração de roupa, era para ouvir suas estórias construídas bem mais sob medida do que as genéricas de tia Rita.

E nessas estórias eu me sentia como uma espécie de Trumpinha encantado que ia ganhar tudo o que ela prometia: um terninho de casemira, uns sapatinhos lustrosos, uma gravatinha, uma baratinha, ou seja, um carrinho de verdade preu dirigiir e, pra arrematar, uma cuequinha, preu só estrear...

Passa mais Totóia!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 01/02/2017
Código do texto: T5899448
Classificação de conteúdo: seguro