O CAIPIRA NA RODA DE POTOQUEIROS

Quinzinho do Gamelão contando mais um causo:

-Eu tava na praça da prefeitura prusiano cum uma turma de prosa ruim, e um deles cumeçô a recramá das muié:

-Gente, as muié vai ficano véia e vai perdeno a fogage, cumeça a disinteressá de fazê aquele nigucinho com os marido e os marido fica na mão...

Oto lá recramô:

-A minha muié num ata, nem disata, num qué fazê aquilo e num me libera pra fazê cum otra...Tá igual cachorro que já cumeu, já tá sastifeito, num qué cumé mais, mais num dexa o oto cumê...

Oto falô;

-Uma noite dessas, eu peguei minha muié no pulo: eu tava muito gordo e risurvi fazê um rejume, cumecei a passá fome... Armuçava, num jantava e de noite pra tapiá a fome tomava um chá de funcho, capim cidreira, hortelã, e cumia umas bulachinha de água e sal. Lá pros fiofó da madrugada, acordei varado de fome. Virava prum lado, pro oto e num cunsiguia durmi de tanta fome... Aí num guentei mais e pidi pra muié:

-Sá, levanta e faiz um mingau pra mim...

-Ela acordô braba, oiô no relojo e falô;

-Ce é besta! É duas hora da manhã, isso lá é hora de fazê mingau? Nem pensá...

-Aí eu tentei drumi, mais quem falô que cunsigui? Intão tive uma idéia:

Falei pra ela:

-Tá certo, já que ocê num qué fazê o mingau pra mim, intão vamo transá, daí eu isqueço a fome...

Ela foi levantano da cama e falano:

-Mais que merda! Ocê qué mingau de Maizena ou de fubá?

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 04/09/2017
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