Mundo Rural

MINI CRÔNICA - Mundo Rural

Amélia Luz.

Donana mandara Zeca, moleque de quintal, ir à venda no arraial buscar quitandas. Encomendara várias coisas e deu-lhe alguns trocados e um velho e desbotado guarda-sol porque ameaçava chuva forte. Zeca, chapéu de palha, camisa de zuarte xadrez, calça de brim barato, remendada, herdada do irmão mais velho, arrumou-se assim vestido em “gala” e montou cavalo e saindo em disparada. Mo meio do caminho parou no pomar vizinho e esqueceu-se da vida saboreando frutas diversas. De nada adiantou o pedido de Donana para que ele voltasse cedo porque o tempo estava zangado.

Desceu o temporal! Horas e horas depois chegou a casa ensopado e tremendo de frio, todo apressado com as quitandas encharcadas dentro do bornal de algodão, bordado com linha Corrente colorida tendo uma ilustração de ramos de trigo maduro e a palavra PÃO em ponto cheio. Roscas e pães enormes, inchados dentro do saco alvejado.

Donana muito brava perguntou, aflita, sem saber o que comer no café da noite:

-Zeca, seu mulequinho danado, pruquê que num abriu o guarda-chuva e num vortô mais cedo???

Ele respondeu dentro da sua inocência:

- Uai, a “inhora” falô qui era guardassoli!!! Si a “inhora” tivesse falado qui era garda-chuva eu tinha abrido. Pru causa diss tô ansim, todo moiado.

E foi para a beira do fogão a lenha para se esquentar ouvindo o sermão da Donana que não parava de ralhar com ele. Êta vidinha dura!!!