Nosso tempo
(homenagem a Carlos Drummond de Andrade)
Sou um louco, um desvairado!
Por noites e dias fico perdido em pensamentos que me consomem!
Tenho tomado muito café
E minhas noites têm sido insones!
Sou um louco, um desvairado!
Sinto todas as dores do mundo em mim!
Dai ao povo leis que façam brotar lírios do asfalto
Pois preciso dormir uma só noite em paz.
No meu desvario diário
Tenho um insano desejo de guardar todas as mulheres
E dar a elas um mundo de possibilidades
Que pudesse tornar possível o mundo impossível da felicidade.
É nelas que a vida sempre fere mais fundo
É nelas que está guardado o mistério do prazer
É nelas que reside o dom do amor.
Sou um louco, um desvairado!
Mas na minha plácida insanidade almejo ver
O bem bem distribuído e dias melhores.
A minha loucura recusa-se a saber
Que as leis não dão esperanças
Que as mulheres são reificadas diariamente
E eu não posso fazer muita coisa para ajudar!
Ah, Carlos... meu nome não é tumultuo
E nunca será escrito em uma pedra
Mas nosso tempo
É igual ao seu!