A todos os professores deste planeta.

A todos os professores deste planeta

Venho dar o meu abraço.

O meu mais sincero e humilde agradecimento. Um abraço demorado, apertado, caloroso e intenso.

Jamais me esqueci dos meus professores. De todos eles.

Desde a minha primeira professora. E como eu me entusiasmava ao ler “A pata nada”. Cuidava da minha cartilha com encantamento. A minha cartilha encapada com plástico amarelo.

De vagar, ia identificando as letras, formando palavras novas, criando frases, tentando entender um pouco das coisas do mundo, mundo, vasto mundo.

Aprendi muito de ética, respeito e altruísmo, que me sustentaram em momentos de enorme dificuldade emocional.

Aprendi a levar mais um lanche todos os dias para, na hora do recreio, poder entregar a algum colega mais humilde que não tinha como levar o seu.

Aprendi logo que o pobre merece todo o nosso respeito e o conceito de justiça e equidade, bem, esse eu aprendi em casa mesmo, cedo, com a minha avó.

Com o passar dos anos, longos anos, também me tornei uma.

E sei que errei inúmeras vezes. O pior, quando me lembro dos meus desatinos, sei que todos eles foram provocados por um cansaço aterrador, pelas poucas horas de sono e pela cobrança abusiva por parte das coordenaçoes. Nunca por outro motivo.

E me esmerei nas leituras, me empenhei na visita a centros de cultura, estudei muito para poder partilhar. Acumulei objetos raros, relíquias da história recente do país... para dividir com os meus alunos.

Quis ser para os meus alunos o que os meus professores foram comigo.

Desde a juventude eu me sentia muito desconforto e contrariedade ao perceber algum colega falando mal de algum professor. Geralmente eram aqueles que pouco ou quase nada se empenhavam no cumprimento das suas tarefas. Eu sempre saía na defesa dos meus mestres. Todos eles colocaram o seu tijolo na edificação de um edifício que teria que ser resistente para enfrentar uma trajetória que não foi nem um pouco fácil.

Agradeço sinceramente a todos eles, de coração, mais e mais, de forma plena, de olhar terno e cheio de consideração.

Obrigada. Obrigada mesmo. Gostaria de citar todos eles. São tantos...

Quanto aos meus ex alunos, desejo que todos estejam bem, sigam suas vidas com honestidade e competência . Todos, sem nenhuma exceção. Que estejam felizes, inclusive aqueles que, em algum momento, me menosprezaram, debocharam da minha pessoa. Que todos sejam profissionais gabaritados e que deixem heranças salutares.

E penso nos professores desse planeta. Daqueles que viajam horas a fio, que enfrentam toda sorte de insalubridade e violência. Penso naqueles que vao ao interior, ao sítio e se sentam embaixo das árvores com os seus alunos por não terem sequer um espaço adequado. Penso naqueles professores em países em guerras... naqueles que ensinam onde não se pode ensinar por questões de radicalismo político ou religioso. Penso naqueles que tiveram sua escola destruída.

Penso na professora de Janaúba, que deu a própria vida na tentativa de salvar os seus pequenos.

Que todos tenham a consciência da sua função histórica. E que mereçam o respeito, a consideração tao essencial para quem se sacrifica o tempo todo, a vida inteira para a construção de uma sociedade mais humana e mais justa, e que, algum dia, recebam o sorriso agradecido e amoroso dos seus alunos.

As autoridades, bem, não vamos falar delas. Falta para elas o entendimento da importância do professor. As autoridades entenderam o conteúdo das aulas de outras formas. E nem procuraram no dicionário o significado de ética, respeito à vida e ao próximo.

Quero dedicar esse dia em especial à professora de Janaúba, Helley de Abreu Silva Batista. Não há adjetivos para essa cidadã de primeiríssima classe. Sinto que sou muito pequena para falar dessa professora, mae, mulher e cidadã com uma imensa competência para viver e amar infinitamente os seus iguais.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 15/10/2017
Código do texto: T6143163
Classificação de conteúdo: seguro