Recordando Homenageando Alda Lara.9/06/1930.Os poetas não morrem!

Prel�dio

Pela estrada desce a noite

Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,

nem vestidinhos de folhos,

nem brincadeiras de guizos,

nas suas mãos apertadas.

Só duas lágrimas grossas,

em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,

voz de silêncio batendo

nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,

de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos

que gostava de embalar?...

Que é feito desses meninos

que ela ajudou a criar?...

Quem ouve agora as histórias

que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,

como eu sei tudo

Mãe-Negra!...

É que os meninos cresceram,

e esqueceram

as histórias

que costumavas contar...

Muitos partiram pra longe,

quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,

mãos cruzadas no regaço,

bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,

desta saudade descendo,

de mansinho pela estrada...

Alda Lara
Enviado por Quo Vadis em 13/06/2017
Código do texto: T6026620
Classificação de conteúdo: seguro