4 anos sem Chorão

*** Apenas uma simples homenagem ao cantor Chorão, então, não quero nenhum imbecil metido a intelectual vindo criticar meu cantor favorito ou meu jeito, ok? ***

Curitiba, 06 de março de 2017.

Já faz quatro anos daquela quarta-feira de céu pálido, sol escondido, nuvens de lágrimas. Até parecia mentira, aquele tipo de coisa em que preferimos nunca acreditar. O coração fica apertado, um bolo sobe na garganta, parece que aconteceu de verdade, tão rápido que não deu tempo nem de parar para pensar.

Uns perguntavam aos outros como podia ser alguém tão jovem e cheio de talento para mostrar ter partido assim sem nem sequer nos preparar?

Nessa quarta-feira foi o primeiro dia do nosso novo mundo. O Chorão não fazia mais parte dele. Não de corpo presente. Ele levou um pouquinho de cada um que se encantou com o som dele. Por isso o céu chorou tanto naquele dia. Nossa geração perdia sua lenda e era solidária na dor que igualava ricos e pobres, negros e brancos, unia o Brasil de norte ao sul.

Ainda lembro bem daquela quarta-feira que acabou antes de começar, repito sempre isso, escureceu antes de acordar. Era o fim de um legado, de uma das melhores bandas dos últimos anos. O rock ficou de coração partido. Nunca é fácil dizer adeus a um grande amigo.

Atualmente o rock não vive o seu melhor momento na mídia, o funk e o sertanejo imperam e as boas bandas não recebem um tratamento justo. O som que faz milhões dançarem até o chão não me representa, a tal poderosa só tem nome, não significa nada para mim. O que ela chama de talento é só modismo e como tal, tem prazo para expirar.

Nasci no dito “país do Carnaval" e minha praia é o bom e velho Rock’ n Roll, clássico por definição, que independe de tendências e possui capacidade infinita de surpreender, se recriar, todas as crises vencer.

06 de março de 2013 foi um daqueles dias sombrios da história, que acontecem sem que estejamos devidamente preparados para enfrenta-los. Perdemos o Chorão. A música perdeu aquele poeta que nunca precisou fazer uso de linguagem rebuscada para falar de amor e outras coisas. Poetizou com a alma, fez valer a sua chance.

Nesse novo mundo, a música do Chorão ainda embala histórias de amor, os dias de luta e glória daqueles que descobrem à medida que vivem que a juventude não se mede por idade, mas pelo entusiasmo de encarar os ventos contrários e outras adversidades mais, que não abrem mão dos seus sonhos e nem se permitem manipular por tendências opressivas.

Se você me vir sorrindo por aí com fone de ouvido e sorriso sapeca é porque estou curtindo aquilo que faz a minha cabeça. Na minha playlist, Charlie Brown Jr sempre esteve e sempre estará. Não importa se faz calor ou frio, se já passei da adolescência, se a moda do politicamente correto quiser influenciar minha diversão, sempre irei amar a banda do Chorão.

Aquela quarta-feira melancólica tinha ares cinzentos de um Carnaval triste, um quê de angustiante, como se as horas teimassem em não passar para não terem de pensar na escuridão profunda da noite porque o peso do silêncio sempre faz tudo ficar claro. E quando se perde alguém importante, a pior parte é aceitar que não há nada que possa ser feito, por isso costuma se dizer que a saudade dói tanto, sufoca a alma, perturba o coração, tira tudo do lugar. Infelizmente, nada volta a ser como era.

Todo ano, no mesmo dia, o sentimento vem à tona como se fosse presente. Então, parece mais surpreendente manter o espírito elevado e deixar o coração ser tomado por todas as lembranças boas, por mais que machuquem. Sem elas, não existiria sonho nem saudade, nem sequer um motivo para viver num mundo tão louco.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 10/04/2017
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