O RETRATO DO MEU SAUDOSO PAI ROMEU RIOS

O retrato estava guardado a muito tempo, poeira reinava absoluto sobre ele, fazendo com que a cada dia que se passava mais e mais amarelo pela poeira ficava o retrato, abandonado, largado naquele canto da parede pendurado. Todo dia era uma briga constante sobre o retrato empoeirado, que teimava em ficar ali a espera de uma alma bondosa para que pudesse limpar a poeira que nele existia.

Jogue fora este retrato, ele não presta, até quando ele vai ficar ai parado, pegando poeira, tirando a beleza da parede, mas de nada adiantava a briga, pois ninguém sabia o valor mais que sentimental este retrato tinha em minha vida, o retrato de meu Pai pendurado na parede e ao mesmo tempo abandonado.

Para que jogar fora o retrato de meu saudoso Pai Romeu Rios, Vereador e Prefeito de Iúna, homem integro, amigo de todos, o homem que toda manhã a partir de 3 horas da manhã já tinha preparado uma sopa, um mingau para a fome de muitos matar durante o dia, sua casa era a casa de todos, pois nem precisavam bater ou chamar para entrar, a porta era aberta e sempre lá estavam as pessoas para um bom papo e comer uma comidinha especial.

No tempo de festas, todos os anos, lá estava ele a fazer o boi pintadinho e a mulinha para alegrar um pouco a vida desta pacata cidade, pois esta era a única diversão que todos tinham, mais a noite era realizado na quadra antiga, bem no centro da cidade, o baile da Rainha da Quadra. E depois de muito suspense, lá vinha como sempre todos os anos a Rainha sempre era a Antônia, uma enfermeira do antigo hospital, hoje sede da Policia Militar, ser coroada a Rainha da Quadra, acho eu que ela ganhava por ser a pessoa mais feia, mas de uma alegria constante e por isto todos votavam nela.

E o tempo, este tempo que é nosso aliado aos poucos vai passando, gastando cada dia mais e mais nossas vidas, e lá está o retrato pendurado, com as moldura solta, o barbante prestes a arrebentar, e a poeira como sempre, cobrindo a imagem de meu Pai, aquela imagem que o tempo tentava apagar mas não conseguia.

Porém o destino levou para bem longe meu Pai, que alegrava a nossa casa, com o seu assobio, com a tua alegria, com a tua imagem que todos gostavam de ver, aquela pessoa alegre, e que teus amigos depois da tua morte, aos poucos foi-se afastando, deixando para trás aquela casa que muitos anos ali eles estavam, pois diziam uns para o outro que nada mais tinha naquela casa, a não ser uma triste lembrança de um homem de verdade, amigo, companheiro e que não media esforços para ajudar os outros, sem nada pedir em troca, somente pelo simples fato de ajudar para ver a pessoa se sentir feliz.

Teus amigos todos os dias, a primeira coisa que faziam quando chegavam na casa do Sr. Romeu Rios era tirar a poeira do retrato e agora o que resta, resta somente a poeira fazendo tua morada na moldura do retrato.

Fico eu teu filho, olhando e fitando este retrato. Ficando o retrato a mercê da sorte. Mas o que fazer agora? claro! Seria jogado ao lixo, não isto nunca, pois eu nunca deixaria acontecer isto neste momento, jogar fora o retrato de meu Pai e ver um passado lindo, glorioso virar pó ou simplesmente ser destruído de maneira covarde ou abandonado como um móvel velho num porão úmido e frio.

Mas como por encanto, alguém aparece e me diz quero este retrato para mim, fico como que petrificado, parado, sem ação, sem fazer nada, como que parado. Por favor me dê este retrato! Por favor!

E eu lhe digo nunca, este retrato é do meu Pai e somente meu ele será, pois vai ficar lindo na parede de minha casa, para poder enfeitar e quando alguém olhar para ele, veras que este alguém que está no retrato, foi um pouco da história de nossa Iúna, que fez muito por esta cidade.

Agora bem ao longe vem a procissão de Corpus Cris ti, alguém corre e pega o retrato, tira toda a poeira, e logo traz ele para fora, justo na hora que a procissão estava em frente à minha casa, e quando olho para o retrato, vejo a imagem viva de meu Pai naquela foto, sorrindo a me agradecer, por ter tirado a poeira e ter colocado o teu retrato em frente a procissão de Corpus Christi.

Comendador Marcus Rios

Poeta Iunense – Acadêmico –

Membro Efetivo da Academia Iunense de Letras ( AIL )

Membro Efetivo da Academia Marataizenses de Letras

Embaixador da Paz

Marcus Rios
Enviado por Marcus Rios em 21/03/2017
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