A GRAMÁTICA TEXTUAL

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APOSTILA DE LINGUÍSTICA TEXTUAL

PROFESSOR JOSÉ CARLOS JR.

MACEIÓ – AL

JULHO DE 2016

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“A Língua não se acha confinada às regras da gramática, nem é uma questão de certo ou

errado, mas é uma atividade social que cria as condições da interação e dos processos comunicativos

em geral [...] Escrever é, como falar, uma atividade de interação, de intercâmbio verbal. Por isso é que

não tem sentido escrever quando não se está procurando agir com o outro, trocar com alguém alguma

informação, alguma ideia, dizer-lhe algo, sob um pretexto. Escrever é uma atividade que exige um

movimento para o outro, definindo este outro como seu interlocutor. E é nesta relação que o próprio

autor se constitui. Ninguém escreve sem um destinatário” ( Apresentação de Luiz Antônio Marcuschi ao

livro LUTAR COM AS PALAVRAS – COESÃO E COERÊNCIA, de Irandé Antunes)

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ÁREAS DA LINGUÍSTICA

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No curso de Letras, esses temas são, cada uma deles, uma disciplina cursada semestralmente. Basicamente, uma boa gramática deve conter um pouco dessas unidades linguísticas, com exceção de três: Lexicologia, Terminologia e Filologia.

1. Fonética – Estuda a biomecânica da produção do som para a fala.

2. Fonologia – Atém-se aos padrões dos sons básicos de uma língua

3. Morfologia - Estuda a estrutura interna das palavras.

4. Sintaxe - Estuda como a linguagem combina palavras para formar encadeamento frasal.

5. Estilística - Estuda o estilo de autores, escolas e épocas nas diversas formas de linguagem.

6. Semântica - Estuda os sentidos e significados das palavras, expressões e frases

7. Pragmática - Leva em consideração o contexto para a produção de sentidos, estudando os atos de fala, a linguagem figurada e a literal.

8. Terminologia - Estudo que se dedica ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas

9. Filologia – Estuda especialmente os textos antigos.

10. Lexicologia - Estuda o conjunto de palavras de um idioma para a facção de dicionários, enciclopédias e glossários.

 A Fonética e a Fonologia podem ser estudadas concomitantemente, pois trabalham aspectos diferentes de um mesmo objeto: os sons da fala.  Na Gramática da visão Tradicional havia o enfoque apenas na Morfologia e na Sintaxe.  Nas Gramáticas Modernas, já há noções de Fonética, Fonologia, Estilística, Semântica e Pragmática.  Semântica e Pragmática podem ser vistas de uma só vez pois focam num mesmo objetivo: analisar os sentidos do discurso, do texto, só que a Pragmática considera o contexto e a Semântica não.  Terminologia, Filologia e Lexicologia são matérias mais especializadas, com formações específicas para profissionais que desejam cursá-las.  Existem ainda outras ciências dentro da linguística como a Semiótica e a Análise do Discurso  O curso de linguística é um dos três componentes curriculares do curso de Licenciatura em Letras: Linguística, Docência e Literatura no IFAL-Maceió.

A seguir, o modelo de currículo presente nesse curso no ano de 2015:

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Este outro diagrama mostra como a linguística está associada a outras áreas de conhecimento de humanas.

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 Em seguida, veremos um mapa conceitual da Linguística.

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LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA

O homem vive em comunidade e em comunidade produz comunicação. O ser humano é todo- expressão, e apesar de ainda ser mistério para ele mesmo, não consegue viver sem se comunicar. Ele encontrou ao longo de sua história meios e recursos para isso: palavras, gritos, gestos, sons, fisionomias, sinais, signos e símbolos. A linguagem é tudo o que o homem criou para se comunicar. São os códigos e não só os códigos. Trata-se de um compartilhamento desses códigos entre os seus semelhantes. A fala não foi o primeiro dos artifícios e não é o único até hoje. Como vive em sociedade, os signos não são propriedades de um único indivíduo, nenhum falante consegue reunir todo o acervo cultural linguístico. Cada um é um, dentro de um sistema maior, que cria normas para facilitar a inteligibilidade entre todos os membros da sociedade. Se cada um fosse fazendo o seu próprio código, ninguém se entenderia. Mas como os indivíduos mudam, mudam também suas formas de se comunicar. A língua é um organismo vivo e como todo organismo passa por intensas mudanças antes de morrer. Hoje em dia sabemos que há línguas vivas e línguas mortas. O latim, por exemplo, que nos gerou (português, espanhol, italiano, francês, romeno) é uma língua morta enquanto falada por um povo, mas até hoje é a língua oficial do país chamado Vaticano, o território onde o monarca é o papa. Lá, os padres e demais religiosos católicos falam ainda o latim e esta língua é usada nos documentos oficiais. Para que pessoas de outras nacionalidades saibam o que se escreve nesses documentos, precisarão esperar a tradução para o seu vernáculo. Os grupos sociais, por diversas razões também sociais, reformulam suas formas de interação verbal e não verbais. Motivações políticas, isolamento físico, idade, sexo, religião, classe social, tudo influencia na criação, recriação e mutação dos signos e sinais comunicativos. Em FARACO e MOURA (2005) Linguagem é “todo sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação entre os indivíduos”. No diagrama a seguir temos a língua como sistema de signos que cria as normas para os falantes seguirem. Por outro lado, o diagrama também se visto num prisma inverso, revela que historicamente é a fala que, numa necessidade de se fazer compreender, foi de normatizando (estruturando) para tornar-se um sistema.

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Não é o sistema que historicamente cria a fala, mas justamente o contrário.

Quando aprendemos desde criança a falar, nossa fala já contém todas as regras impostas pelo sistema, pelas normas (gramaticais), ou pelo menos na gramática daqueles falantes. Isso porque não se espera que todos os pais sempre falem segundo as normas da gramática do papel, mas sim do que poderíamos dizer: uma gramática social.

A língua é um tipo de comunicação que se utiliza da palavra. A palavra pode ser falada ou escrita, lida ou ouvida. É por essa característica que se distingue das outras formas de comunicação. Dizemos, por isso, que a gramática é um tipo verbal de comunicação. Se na comunicação não houver palavras, será uma comunicação não-verbal.

Em HOUAISS (apud FARACO E MOURA, 2005) ela é: “Um conjunto de sons e ruídos, combinados, com os quais um ser humano, o falante, transmite a outro ou outros seres humanos, o ouvinte ou ouvintes, o que está em sua mente; emoções, sentimentos, vontades, ordens, apelos, ideias, raciocínios, argumentos e combinações de tudo isso”

A língua é a mais complexa forma de comunicação já inventada! Há mais de duas mil línguas e dialetos em todo o planeta. Comunidade e língua se interinfluenciam: a comunidade cria a língua, a língua cria a comunidade!

A língua, apesar de ser uma riqueza da sociedade, é usada pelos indivíduos de uma forma muito pessoal, peculiar. É por conta disso que se criam os estilos diferentes no falar e escrever. Isso quer dizer que a língua permite aos falantes uma certa liberdade para se comunicarem da forma que melhor lhes representa. Mas essa liberdade, é claro, não é absoluta.

Ordem, lógica e razoabilidade são ideais que as gramáticas de cada língua buscam. Mas nenhuma delas consegue inteiramente. Os homens não são perfeitos. Também não perfeitas são as suas obras!

A linguagem e a cultura se complementam. Nenhuma existe sem a outra. Cultura é toda produção humana que pode ser passada de uma geração a outra.

A falta de comunicação isola os homens. A comunicação comunica sentidos; e os homens não vivem bem (sã) sem saber que a vida e o que há nela não tem razão de ser.

Problemas na comunicação prejudicam a convivência e a interação. Guerras começam e terminam por falta de comunicação. Morte e vida dependem da linguagem. A linguagem é capaz de gerar uma e outra!

Apesar disso, os homens conquistam seu lugar no mundo mais quando se propõem a se comunicarem do que quando não o fazem. Conquistar o mundo é adquirir habilidades comunicativas! Quem sabe se expressar bem, ganha o aval social e admiração de muitos.

A inteligência num homem ou numa mulher, ainda hoje, em nossa sociedade é comparada com a capacidade de comunicar-se. Problemas em adquirir linguagem podem afetar o desenvolvimento não apenas social entre os indivíduos, mas também o cognitivo.

Durante muito tempo se acreditava que a razão de o ser humano se comunicar era para expressar pensamentos. Quem não dominava a linguagem não raciocinava, portanto, não era humano de verdade, ou era menos humano que os demais. Em muitas sociedades, pessoas eram deixadas para morrer por essa razão.

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Hoje em dia, não é exatamente assim, expressar o pensamento é uma coisa, pensar é outra. Também a linguagem não expressa apenas as faculdades inteligíveis, mas todos os elementos de expressão citados por Houaiss.

Língua e linguagem não são idênticas. Vejamos agora algumas diferenças entre elas.

LÍNGUA FALADA E ESCRITA

Você consegue imaginar todas as razões pelas quais o homem produz escrita? Costuma-se dizer que o ser humano escreve por que um dia vai morrer. Escreve para deixar em testamento os conhecimentos, informações e experiências compartilháveis, descritíveis. Isto é bem certo, mas existe muita coisa que no homem morre. A memória é uma delas! O homem escreve porque esquece! Se não anotar, a ideia morre. Outro motivo é a concorrência: escreve-se primeiro que o outro para demarcar que foi ele e não outro que pensou aquela ideia, que criou aquele invento, que solucionou aquele problema, pois quer receber créditos, honra e riqueza por isso. Também se escreve porque muitos se sentem sozinhos e não tem com quem compartilhar dúvidas, anseios, medos e criam um diário. Falta-lhes um confidente. Muitas vezes se escreve para poder desocupar a cabeça, para vir novas ideias. Anota-se para organizar as ideias, enquadrar logicamente os dados, por ordem na casa… Escreve-se ainda, simplesmente pelo fato de que não dá para guardar tudo na cabeça. Nosso HD se estressa rápido. O cansaço, os conflitos dos dia a dia, a falta de tempo para nós mesmos nos impedem de pensar o que quisermos na hora que quisermos. Escrevemos num caderno, num livro, num computador, para quando precisarmos, irmos lá e encontrarmos. Enfim, escrevemos porque existimos. E existimos para ex-istir (ex; exterior, pôr para fora o que temos e somos). “Nascer de novo” é um conceito interessante. No papel podemos ser o que quisermos, podemos criar uma nova realidade, um novo mundo e fantasiar aquilo que sonhamos. Quando sonhado, no papel, tudo vira verdade. Tornamos deuses de outros mundos, criadores de nossa segunda essência, reavaliando a vida, criando novas hierarquias, revisitando valores esquecidos; sendo enfim, caçadores de tesouros escondidos tentando desvendar o mistério que há em cada um de nós. Escrevemos também porque os outros existem, e escrevemos para que eles saibam que nós existimos!

Então muito cuidado!

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“Se não quer que saibas o que pensas, não fale.

Se falar, não escreva.

Se escrever, não assine.

Se assinar, negue”

Observemos o diagrama comparativo entre língua oral e língua escrita:

FATORES DA COMUNICAÇÃO

A linguagem ou comunicação está em função de seus componentes. As funções da linguagem se fundamentam em seis FATORES DA LINGUAGEM.

1. Remetente: é o emissor ou destinador 2. Destinatário: é o receptor, ouvinte ou leitor. 3. Canal: é o meio em que corre a mensagem: jornal, rádio, televisão, carta, telegrama, fax, telefone, diálogo. 4. Código: língua portuguesa, no nosso caso. 5. Contexto: referente conceitual, são as informações fornecidas pelo ambiente em que a comunicação ocorre. 6. Mensagem: é o conteúdo da informação. É o sentido íntimo (intenções, ideias, pensamentos, reflexões, objetivos) levado pelo código do remetente ao destinatário.

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM APLICADAS AO DISCURSO

Importante notar que tanto os fatores quanto as funções se referem a todos os tipos de linguagem, não somente a escrita. Estão presentes principalmente nas artes, que são verdadeiras expressões comunicações.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes

Cultura na tela

O portal domínio público, biblioteca digital do Ministério da Educação, recebeu 6,2 milhões de acessos em pouco mais de um mês de funcionamento. Nela, o internauta pode ler gratuitamente 699 obras literárias com mais de 70 anos de existência, ou seja, já de domínio público; 166 publicações de ciências sociais e uma de exatas. Há também partituras de Beethoven, pinturas de Van Gogh e de Leonardo da Vinci, como a Monalisa, hinos e músicas clássicas contemporâneas.

Isto É, São Paulo, 29 de dez. de 2005.

*Dia – lógos (a conversa de dois)

- Alô! Como vai? - Tudo bem, e você? - Vamos ao cinema hoje? - Prometo pensar no assunto. Retorno mais tarde para decidirmos o horário.

* título foi criado para esse material, não condiz com o original.

EMOTIVA REFERENCIAL FÁTICA

Catar Feijão

Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco.

João Cabral de Melo Neto

Canção

Ouvi cantar de tristeza, porém não me comoveu. Para o que todos deploram. que coragem Deus me deu!

Ouvi cantar de alegria. No meu caminho parei. Meu coração fez-se noite. Fechei os olhos. Chorei.

[…]

Cecília Meireles

METALINGUÍSTICA POÉTICA CONATIVA

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PARA FIXAÇÃO:

1. FUNÇÃO REFERENCIAL / DENOTATIVA/ DE COMUNICAÇÃO A linguagem dos jornais.

2. FUNÇÃO EXPRESSIVA / EMOTIVA A linguagem da poesia

3. A FUNÇÃO CONATIVA A linguagem da publicidade.

4. FUNÇÃO POÉTICA / ESTÉTICA A linguagem da literatura.

5. A FUNÇÃO FÁTICA A linguagem da atração textual

6. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA A linguagem da linguagem

Vejamos cada uma detalhadamente.

1. FUNÇÃO REFERENCIAL / DENOTATIVA/ DE COMUNICAÇÃO A linguagem dos jornais.

 É um tipo de linguagem denotativa, ou seja, os sentidos são objetivos e reais, não são figurativos, metafóricos.  Evita ambiguidades e confusões.  Linguagem clara e transparente.  Informação bruta, enxuta, sem comentários, sem juízos de valores (opiniões pessoais)  No fundo toda comunicação deseja comunicar. Por isso esta função representa todas as outras.  Não deixa vazão à expressividade da subjetividade dos sujeitos.  Centrada no referente.  Usa poucos adjetivos.  A pontuação é usada sem emotividade. A racionalidade é uma característica importante.  Evita-se reticências, aspas, interrogações e exclamações  conclui-se daí que certos sinais dão emotividade e outros, objetividade.  Linguagem burocrática, jornalística e técnica

2. FUNÇÃO EXPRESSIVA / EMOTIVA A linguagem da poesia

 Conecta mensagem e emissor  Exterioriza emoções (afirmações do eu)  Apresenta opiniões pessoais, não científicas  Não há preocupação com o referente e o receptor  Pontuada por reticências, aspas, interrogações e exclamações  Manifestam impressões, sentimentos e emoções: alegria, medo, dor…  Uso da primeira pessoa verbal  Uso de adjetivos e advérbios  Revela a personalidade do emissor  Presentes em novelas, canções populares, pinturas expressionistas  Em certas partes dos jornais impressos há escritos mais pessoais em que a subjetividade do autor está em evidência.  O lirismo simboliza essa função nas diversas manifestações da literatura.

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Estas duas funções se complementam e se opõem ao mesmo tempo. De um lado, a Função referencial é objetividade pura. Do outro lado, a Função Emotiva é subjetividade.

3. A FUNÇÃO CONATIVA A linguagem da publicidade.

 Centrada no destinatário.  Para influenciar comportamentos. Conatus, em latim é |EMPENHO, esforço, tentativa.  Conecta mensagem e receptor para obter dele uma reação, uma tomada de decisão.  Usa-se a segunda pessoa verbal  Há a presença do imperativo e do vocativo.

4. FUNÇÃO POÉTICA / ESTÉTICA A linguagem da literatura.

 A estrutura formal é valorizada nessa função.  Centra-se na própria mensagem, só que mais na sua forma que no seu conteúdo. Nela, o ritmo, a sonoridade e a estrutura da mensagem tem importância relevante, provocando um efeito de estranhamento (espanto) no receptor.  As características físicas do signo (som e visualização) são realçados.  Figuras de linguagem: assonância, aliteração, ritmo.  A preocupação não é com a verdade, mas a verossimilhança (semelhante à verdade, falso)  O próprio texto mostra-se belo. E essa beleza pode ser vista tanto pelo ouvido quanto sentida pelos ouvidos.  Exige menos do pensamento e mais do senso estético.  A primeira impressão é que conta.

5. A FUNÇÃO FÁTICA A linguagem da atração textual

 Estabelece comunicação chamando a atenção para o próprio texto, controlando sua eficácia, prendendo a atenção do receptor, ou cortando a comunicação.  Efeito surpresa: esse efeito se obtém pelo uso, geralmente do itálico, sublinhado, negrito, maiúsculas, aspas, e a disposição especial do texto na folha de papel.  Centrado no contato físico ou psicológico.  Serve apenas para aproximar receptor e emissor.  A palavra aqui não é para dizer exatamente algo, mas para curtir uma companhia.  São os cumprimentos, palavras de cortesia.  Bate-papos  exemplos: alô, né!, não é?, sabe, bom dia!, você está me entendendo?  Linguagem tautológica: gira em torno de si mesma.  Palavras curtas, antigas, já de domínio estabelecido; as de forma simples, sem prefixação, sufixação e composição permitem captação rápida.  Palavras polissêmicas são preferidas às monossêmicas.  No jornalismo a função fática é muito importante: evita-se jargões, expressões específicas de um grupo social apenas, palavras preciosas, complexas (inteligibilidade, razoabilidade, manutenibilidade). Algumas redundâncias são bemvindas se bem usadas.  Também evita-se as orações excessivamente longas, recheadas de orações subordinadas.  Palavras importantes devem estar no inicio e não no fim do texto.

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 Inversões sintáticas arrojadas, ordem inversa de frases, excesso de pormenores e de comparações sem fim mais atrapalham que ajudam se a intenção for a fática.

6. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA A linguagem da linguagem

 Função centrada no código/língua  O objeto da linguagem é a própria linguagem  Definir os sentidos dos signos.  Explicar e dar precisão do código linguístico.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM E OS ESTILOS DE ÉPOCA/LITERATURA

“Às vezes, na arte literária pode até ocorrer violação e transgressão intencional da norma padrão, uma vez que há nela a criação de uma linguagem nova. Pode haver ruptura da norma, mas não do código” (ANDRADE/MEDEIROS, p. 58.)

1. FUNÇÃO REFERENCIAL / DENOTATIVA/ DE COMUNICAÇÃO: CLASSICISMO 2. FUNÇÃO EXPRESSIVA / EMOTIVA: ROMANTISMO 3. A FUNÇÃO CONATIVA: NEOCLASSICISMO 4. FUNÇÃO POÉTICA / ESTÉTICA: PARNASIANISMO 5. A FUNÇÃO FÁTICA: ---------------------------------- 6. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: MODERNISMO

SIMULTANEIDADE E TRANSITIVIDADE DAS FUNÇÕES DA LINGUAGEM

SIMULTANEIDADE: pode existir em um mesmo texto mais de uma função da linguagem. TRANSITIVIDADE: o tipo de mensagem será determinado por seus objetivos.

 É difícil haver numa mensagem apenas uma dessas funções. Uma será dominante ou predominante.  Há um diálogo entre os vários níveis e funções/objetivos da linguagem/texto.  Perceba a semelhança que há entre a função poética e emotiva.  Pode haver um poema que seja metalinguístico, fático, conativo, enfim. As possibilidades são múltiplas.

PARADIGMA E SINTAGMA

PARADIGMA: eixo da seleção de signos/palavras/expressões. SINTAGMA: eixo da combinação de signos.

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SINTAGMA PARADIGMA

Sintagma é frase, oração. Paradigma é léxico, vocábulo. Sintagma é o nível sintático. Paradigma é escolha: nível semântico/morfológico.

A LINGUAGEM COMO CÓDIGO

EM CÓDIGO

(Fernando Sabino)

Fui chamado ao telefone. Era o chefe de escritório de meu irmão: – Recebi, de Belo Horizonte, um recado dele para o senhor. É uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota. O senhor tem um lápis aí? – Tenho. Pode começar. – Então lá vai. Primeiro: minha mãe precisa de uma nora. – Precisa de quê? – De uma nora. – Que história é essa? – Eu estou dizendo ao senhor que é um recado meio esquisito. Posso continuar? – Continue. – Segundo: pobre vive de teimoso. Terceiro: não chora, morena, que eu volto. – Isso é alguma brincadeira. – Não é não. Estou repetindo o que ele escreveu. Tem mais. Quarto: sou amarelo, mas não copilado. Tomou nota? – Mas não opilado – repeti, tomando nota. – Que diabo ele pretende com isso? – Não sei não senhor. Mandou transmitir o recado, estou transmitindo. – Mas você há de concordar comigo que é um recado meio esquisito. – Foi o que eu preveni ao senhor. E tem mais. Quinto: não sou colgate, mas ando na boca de muita gente. Sexto: poeira é a minha penicilina. Sétimo: carona, só de saia. Oitavo… – Chega! – protestei, estupefato. – Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota. –Deve ser carta em código, ou coisa parecida – e ele vacilou: Estou dizendo ao senhor que também não entendi, mas enfim… Posso continuar? – Continua. Falta muito? – Não, está acabando: são doze. Oitavo: vou, mas volto. Nono: chega à janela, morena. Décimo: quem fala de mim tem mágoa. Décimo primeiro: não sou pipoca mas também dou meus pulinhos. – Não tem dúvida, ficou maluco. – Maluco não digo, mas como o senhor mesmo disse, a gente até fica com ar meio idiota… Está acabando, só falta um. Décimo segundo: Deus, eu e o Rocha. – Que Rocha? – Não sei. É capaz de ser a assinatura. – Meu irmão não se chama Rocha, essa é boa! – É, mas que foi ele que mandou, isso foi.

Desliguei, atônito, fui até refrescar o rosto com água, para poder pensar melhor. Só então me lembrei. Haviam-me encomendado uma crônica sobre essas frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente dos caminhões. Meu irmão, que é engenheiro e viaja sempre pelo interior fiscalizando obras, prometera ajudar-me, recolhendo em suas andanças farto e variado material. E ele viajou, o tempo passou, acabei

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esquecendo complemente do trato, na suposição de que o mesmo lhe acontecera. Agora, o material ali estava. Era só fazer a crônica. Deus, eu e o Rocha! Tudo explicado! Rocha era o motorista, Deus era Deus mesmo, e eu, o caminhão.

Vejamos agora as observações de Irandé Antunes acerca dos elementos coesivos desse texto.

Reparemos que há por parte dos dois interlocutores um estranhamento que vi perpassando todo o texto. A eles, algo parece estar “fora do normal”, fora do costumeiro e, por isso mesmo, é interpretado como esquisito, como indício, inclusive, de que o outro parece estar brincando, estar falando por código ou ser idiota. [...] A esquisitice que é sentida pelos dois interlocutores decorre exatamente da constatação de que algo está funcionando fora dos padrões normais, fora do modelo de fala das pessoas. É que ninguém fala assim: trazendo aos pedaços desarticulados, soltos, as coisas que se quer dizer. Tudo vem em cadeia, encadeado, umas partes ligadas às outras, de maneira que nada fica solto e um segmento dá continuidade a outro. O que é dito em um ponto se liga ao que foi dito noutro ponto, anteriormente e subsequentemente. Assim, cada segmento do texto – da palavra ao parágrafo – está preso a pelo menos um outro. Quase sempre, cada um está preso a muitos outros. E é por isso que se vai fazendo um fio, ou melhor, vão-se fazendo fios, ligados entre si, atados, com os quais o texto vai sendo tecido, numa unidade possível de ser interpretada. Conclusão: o texto com sequência, em que se reconhece um tipo qualquer de continuidade, de articulação, é que constitui a normalidade dos textos com que interagimos. (ANTUNES, Irandé, Lutar com palavras, 2005, p. 46.)

MITOS SOBRE A AQUISIÇÃO E PRODUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA

1. Só os dotados pela natureza escrevem bons textos.

2. Todo texto deve ter elementos coesivos na superfície textual (lógica formal) para funcionar

3. A repetição é coisa da língua falada.

4. A língua portuguesa é uma língua muito difícil

5. O brasileiro não sabe falar bem o português

6. A língua portuguesa corre o risco de desaparecer

Funções usuais do texto escrito:

1.Defender um ponto de vista ou princípio teórico 2.Orientar uma argumentação 3.Fazer uma ressalva 4.Apresentar uma justificativa 5.Dar uma explicação 6.Emitir um parecer 7.Vender um produto

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PROBLEMAS RECORRENTES:

1. Escrita de palavras soltas

2. Frases inventadas

3. Redações descontextualizadas

4. Textos feitos para ninguém ler

5. Textos inúteis

ITENS A SEREM OBSERVADOS

 Grau de formalidade da linguagem abordada

 O nível vocabular

ESTUDAR COESÃO E COERÊNCIA É ENCONTRAR AS REGULARIDADES DO TEXTO (Irandé Antunes)

Habilidades requeridas: são 3 elementares (cognitivas, textuais e interativas) que se desdobram

nestas:

1. Perceber semelhanças e diferenças

2. Estabelecer hierarquias

3. Decidir sobre o que é nuclear e periférico, profundo e superficial, essencial e descartável. Saber o que é relevante ou não por no papel.

4. Saber a melhor forma de abordar o tema, cautelosamente ou de forma direta.

5. Saber que a linguagem é um ato histórico, político, social, cultural.

6. Saber usar bem o ritmo e a intensidade do texto.

7. Ser crítico, sobretudo de si mesmo.

8. Revisar seus próprios textos, melhorando-os.

9. Colocar-se no lugar do outro que lerá seu próprio texto.

10. Escrever compreendendo que do outro lado do papel haverá um leitor que lhe conhecerá apenas pelo que você redigiu no papel. Uma boa impressão é a garantia de sua aceitabilidade.

Esses elementos são percebidos no ler e no ouvir e estão presentes tanto na capacidade de expressão oral, na leitura e na escrita.

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Os outros estão presentes na nossa escrita. Não escrevemos sozinhos. Nós mesmos somos o produto do diálogo com outros, das aulas dos outros, dos encontros com os diversos. Em nossa voz está a voz de muita gente. Ferreira Gullar escreveu:

Meu poema É um tumulto: A fala Que nele fala Outras vozes Arrasta em alarido.

O QUE SIGNIFICA ESCREVER TEXTOS?

Irandé Antunes chama a atenção para 10 fatos sobre a escrita e inicia dizendo que sempre que escrevemos, escrevemos textos! Sabendo desse pontapé inicial, compreendamos que:

1. Escrever é uma atividade de interação entre sujeitos!

2. Escrever é uma atividade cooperativa!

3. Escrever é uma atividade contextualizada!

4. Escrever é uma atividade necessariamente textual!

5. Escrever é uma atividade tematicamente orientada!

6. Escrever é uma atividade intencionalmente definida!

7. Escrever é uma atividade que envolve especificidades pragmáticas, e no somente linguísticas!

8. Escrever é uma atividade que se manifesta em gêneros particulares de textos.

9. Escrever é uma atividade que retoma outros textos

10. A escrita é uma atividade interdependente da leitura.

Vejamos agora detalhadamente cada um desses elementos:

1. Escrever é uma atividade de interação entre sujeitos!

 Trata-se de um intercâmbio verbal.

 É intencional. Ninguém é desinteressado ao escrever. Escreve-se com um objetivo.

 É agir com o outro; trocar informações, ideias e sentimentos, vontades e impressões.

 Quem escreve, escreve para alguém (ler)

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 O parâmetro básico para escrever é a sociabilidade.

2. Escrever é uma atividade cooperativa!

 Quem escreve, precisa saber a quem vai dizer o que diz. O leitor é o seu parceiro indispensável.  É como ir a uma palestra sem saber o público a quem vai falar.  Nessa atividade dois ou mais sujeitos se unem: um para propor um código que estava em sua mente e coração, outro para decodificar os sentidos e intenções do autor.  O entendimento do leitor é querido pelo escritor. Já o leitor não tem outra coisa a esperar senão que o escritor tenha escrito com clareza e compreensibilidade.  Para saber o que estava na mente e coração do escritor, o leitor só terá o texto a seu favor.  Por isso o escritor tem uma responsabilidade imensa. O leitor também.

3. Escrever é uma atividade contextualizada!

 O texto tem uma história própria, não internamente apenas, segundo o que conta, mas é uma obra de alguém e esse alguém é um ser histórico. Um texto tem as características de seu autor ou de quem o inspirou.  A historicidade do texto se refere ao fato de ele ser fruto de um tempo, de um espaço e de circunstancias específicas que o caracterizam deste ou daquele modo.  O texto é uma produção cultural. Neste sentido ele pode conter verdades subjetivas, opiniões e relativizações de cada ambiente cultural que o produziu.  Os padrões morais, os valores e costumes de cada época são diferentes na temporalidade e na espacialidade e isso influi na escrita. Pessoas de países diferentes pensam certos temas diferentes. Um cidadão de um país X não pensava como pensa hoje um homem contemporâneo no mesmo país.  Irandé Antunes escreve:

“A descrição de um apartamento será diferente, por exemplo, se ela é feita por um corretor interessado em vendê-lo, se ela é feita por algum comprador interessado em conseguir baixar o preço do imóvel ou se ela é feita por algum arquiteto que pretende fazer o projeto de sua decoração”. (do livro “Lutar com palavras”)

4. Escrever é uma atividade necessariamente textual!

 Um texto não é um amontoado de frases, sem ligação uma com as outras.

 Não é uma colagem de frases sem sentido.

 Só nos comunicamos através de textos.

 Existem textos orais e escritos.

 Podem ser grandes, médios ou pequenos.

 Mas é grande, médio e pequeno para quem?

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 Às vezes pode ter muitas palavras, poucas ou apenas uma. Basta que esta única palavra seja usada dentro de um contexto que lhe caiba, que lhe encha de sentido.

 Às vezes o próprio silêncio bem usado quer dizer algo. E se diz algo, isso é texto.

 Daí depreendemos que existem textos expressos e não expressos. Aí aparecem os subentendidos.

 O que nos diferencia dos animais irracionais é a capacidade de produzir e interpretar (entender) textos que sejam orais ou não orais.

 Irandé Antunes escreve:

Persiste também o uso do texto (ás vezes, poemas!) apenas para nele se reconhecer unidade gramatical em estudo ou dele se retirar uma ocorrência de tal unidade (muita coisa “se retira do texto”). Pelo fato de ainda persistirem tais práticas, pode-se dizer que a escola mudou muito pouco, pois agora, o mais significativo é que a análise da classe gramatical da palavra ou a classificação das orações analisadas já não são feitas ao acaso ou em frases inventadas na hora da aula. São feitas em fragmentos tirados de um texto, o qual, dessa forma, como diz Lajolo (1986, p. 52), serviu apenas de pretexto para o ensino do mesmo: o reconhecimento das unidades gramaticais e de suas classificações. Por esses meios, reduzimos, muito e simplistamente, o texto enquanto objeto de estudo.

5. Escrever é uma atividade tematicamente orientada!

 Em todo texto há uma linha ideológica a seguir

 Todo texto tem um assunto central, um tema global, um tópico de raciocínio.

 Esse é o ponto de chegada e todos os elementos giram ao redor dessa temática.

 Ao dissertar, ao contar uma historia, ao se escrever uma carta, ao descrever, ao detalhar, ao fazer um relatório, dar uma receita, tudo gira em torno de uma temática orientadora. Um norte a seguir.

 Desviar desse norte é o que se chama fuga de tema.

 Por isso é mais importante estudar textos do que estudar frases, pois só com os textos se obtém a reta noção do todo da construção, do tecido textual.

6. Escrever é uma atividade intencionalmente definida!

 Não podemos escrever por escrever. Assim como é irresponsável dizer “falei por falar”.

 É preciso se perguntar: que intenção tenho em escrever isto?

 Será que você mesmo sabe dizer o que e para que escreveu?

7. Escrever é uma atividade que envolve especificidades pragmáticas, e no somente linguísticas!

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 Tudo na linguagem está interconectada.

 Há elementos anteriores, posteriores, interiores e exteriores.

 Escolher este ou aquele elemento linguístico depende da situação, do momento, do contexto em que o escritor esta inserido. Dos sentimentos e pensamentos que o perpassam.

 Não existe isoladamente o certo e o errado na linguagem, mas o que não se adequa a um “onde”, a um “quando”, a um “com quem”, a um “para quê”, a um “para quem”?

8. Escrever é uma atividade que se manifesta em gêneros particulares de

textos.

 Os textos não tem uma mesma face. Há uma variedade enorme de textos.

 Os textos são como os gêneros alimentícios. Cada um traz a sua vitamina, cada um colabora para a sustância do corpo.

 Chamaremos gêneros textuais os diversos tipos de textos. Cada um tem sua finalidade. Cada um tem um jeito de ser, de se apresentar.

 Trata-se de produtos como carta, declaração, ofício, requerimento, ata de reunião, relatório, bilhete, notícia, enfim aqueles formatos e conteúdos que servem de modelos para outras produções.

 Eles não são construídos da mesma maneira. Possuem estruturas típicas.

 Uns são mais flexíveis para se modificar aqui, ali alguns elementos. Mas em geral não permitem muita liberdade por parte do “escrevente”.

 Assim como as convenções sociais, há muita convenção na escrita dos gêneros. Há socialmente um decisão de não mexer no time que está ganhando, por um lado e medo do novo e desconhecido, por outro.

 É a criatividade a única capaz de quebrar a rigidez desses formatos. Mas a criatividade não pode agir em todos os tipos de textos.

9. Escrever é uma atividade que retoma outros textos

 É difícil dizer algo puramente novo. O que dizemos carrega uma herança de outros em nossa voz.

 Naquilo que expressamos, há um compartilhamento de anos e anos de experiências e convivências, de diálogos e conversas, de debates e de leituras de outros sujeitos que não nós.

 Isto acontece em muitos ambientes: escola, igreja, casa, trabalho, faculdade, luau, congressos, reuniões etc.

 Nossos novos conhecimentos se sustentam em cima dos antigos.

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 Dificilmente criamos, facilmente recriamos, adotamos, adaptamos, mudamos, transformamos e refazemos à nossa maneira, deturpamos o nosso bel prazer.

 É verdadeiro aquele ditado: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. É um pouco o que acontece com a brincadeira do “telefone sem fio”.

 Agimos com os textos alheios do mesmo jeito que agimos com as pessoas: rejeitamos ou acolhemos, discutimos e dialogamos, apoiamos ou criticamos.

10. A escrita é uma atividade interdependente da leitura.

 Leitura e escrita se complementam. O que lemos é a escrita de alguém. O que escrevemos é para ser lido.

 Escrever bem exige uma boa leitura de mundo, mas a escrita é muito mais dependente da leitura que o contrário.

 Não adianta querer escrever se não se tem disposição de ler, de ouvir, de aprender.

 Escrita é o final de um processo, não o início.

 É preciso estar atento ao que ocorre no mundo, no país, na cidade, na comunidade.

 Há muitas formas de aprender, mas no texto estamos como que para ensinar.

 Escrevemos para oferecer algo a quem nos lê.

 Quem escreve não está só. Quem lê também não está. Um tem ao outro para compartilhar momentos.

TIPOS DE FRASES/ORAÇÕES

1. Afirmar: frases afirmativas. (o céu está azul-claro)

2. Negar: frases negativas (não me diga que não)

3. Perguntar: frases interrogativas ( Ser ou não ser?)

4. Expressar com ênfase: frases exclamativas (eis a questão!)

5. Mandar: frases imperativas (Saia daqui imediatamente! / Não saia daqui até eu chegar)

6. Pedir: frases imperativas (Dá-me um cigarro)

7. Desejar: frases optativas (Deus te dê em dobro)

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AS TRÊS FASES DA ESCRITA

1. PLANEJAMENTO 2. ESCRITA PROPRIAMENTE DITA

3. PÓS PRIMEIRA VERSÃO

Elaborar um texto é uma tarefa cujo sucesso não se completa, simplesmente, pela codificação de ideias ou informações, através de sinais gráficos. Supõe etapas de idas e vindas, etapas interdependentes e intercomplementares, que acontecem desde o planejamento, passando pela escrita, até o momento posterior da revisão e da reescrita. (ANTUNES, 2003, p.54)

ESFORÇOS EXIGIDOS PARA ESCREVER BEM :

 Aplicação e determinação

 Reflexão e observação

 Tentativas e tentativas

 Perseverança

IMPEDIMENTOS PARA ESCREVER BEM

 Pressa

 Não planejar

 Não revisar

 Espírito de desistência

DUAS DIMENSÕES DA INTERPRETAÇÃO:

1. A LEITURA DE SUPERFÍCIE: é quando os elementos do enunciado dito são percebidos. Existe uma organização hierárquica nisso.

2. A LEITURA DE PROFUNDIDADE: é a interpretação semântica das relações sintáticas, permitindo vasculhar o ânimo do autor.

O TEXTO E O CONTEXTO

A ligação que o texto tem com o contexto se diz ao fato que todo texto é fruto de uma situação que o motiva, de uma ambiência. O conhecimento circunstancial é essencial para quem deseja construir um tecido textual bonito, mais acabado. Essa característica faz com que os signos escolhidos ganhem sentido e força expressiva.

“Até os anos 70 privilegiava-se a estrutura, a unidade de análise era a morfologia/estrutural trabalhada isoladamente, fora de um contexto. Nos anos 80 estudava-se a língua numa perspectiva de comunicação e expressão, a unidade de análise era sentenças, sintaxe e nesse momento já se trabalhava textos. Hoje a língua é estudada numa visão interacionista, sociointeracionista, a unidade de análise é o texto/discurso imerso em um contexto, o que pressupõe um grau de letramento. Nesse contexto aparece a figura do professor- pesquisador”. (fonte: http://linguageminteracao.blogspot.com.br)

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CARACTERÍSTICAS DO TEXTO – FATORES DA TEXTUALIDADE

Para ser texto, o material escrito deve ter:

 COERÊNCIA:  COESÃO:  INTENCIONALIDADE:  ACEITABILIDADE:  SITUACIONALIDADE:  INFORMATIVIDADE:  INTERTEXTUALIDADE:

1. COESÃO:

Unidade formal do texto, que se dá por mecanismos gramaticais e lexicais.

2. COERÊNCIA:

Responsável pela unidade semântica, pelo sentido do texto, envolvendo não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos.

3. INTENCIONALIDADE:

Empenho do autor em construir um texto coerente, coeso, e que atinja o objetivo que ele tem em mente. Isso diz respeito ao valor ilocutório, ou seja, o que o texto pretende falar.

4. ACEITABILIDADE:

É a expectativa do leitor de que o texto tenha coerência e coesão, além de ser útil e relevante. Grice (apud Costa Val. 1991) estabelece estratégias para o autor alcançar aceitabilidade: cooperação (para autor responder às necessidades do recebedor), qualidade (autencidade) e quantidade (informatividade).

5. SITUACIONALIDADE:

Diz respeito à pertinência e à relevância do texto no contexto. Situar o texto é adequá-lo à situação sociocomunicativa.

6. INFORMATIVIDADE:

Quanto menos previsível se apresentar o texto, mais informatividade. Tanto a falta quanto o excesso de previsibilidade, de informatividade, são prejudiciais à aceitação do texto por parte do leitor. Um bom índice de informatividade atende à suficiência de dados.

7. INTERTEXTUALIDADE:

Concerne aos fatores que ligam a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). Um texto constrói-se em cima do "já-dito".

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Vamos nos deter neste módulo ao primeiro elemento: a COESÃO, e perceber onde, quando e por que ela acontece.

De antemão, pensemos sobre estes cinco elementos de suma importância para a construção e entendimento de bons textos. (DEBATE)

1. O DESENVOLVIMENTO DAS IDEIAS

2. DISTRIBUIÇÃO DOS TÓPICOS

3. SELEÇÃO LEXICAL

4. A CONTEXTUALIZAÇÃO

5. O ESTILO

“A coerência do texto é LINGUÍSTICA, mas é também CONTEXTUAL, EXTRALINGUíSTICa, PRAGMÁTICA, enfim, no sentido de que depende também de outros fatores que não aqueles puramente internos à língua.” (ANTUNES, Irandé)

AÇÕES PARA MELHORAR A ESCRITA

1. PLANEJAR (RASCUNHAR) 2. RELER O PRÓPRIO TEXTO 3. PEDIR PARA OUTRA PESSOA LER 4. LER EM VOZ ALTA E GRAVAR EM ÁUDIO PARA OUVIR-SE 5. TROCAR UMA PALAVRA OU EXPRESSÃO POR EQUIVALENTES 6. ACRESCENTAR PALAVRA (S) 7. RETIRAR PALAVRA (S) 8. MUDAR UM CONECTIVO 9. ADEQUAR OS TEMPOS VERBAIS 10. OBSERVAR A CONCORDÂNCIA VERBO-NOMINAIS

AS QUATRO COMPETÊNCIAS COMUNICATIVAS BÁSICAS

1. FALAR 2. OUVIR 3. LER 4. ESCREVER TEXTOS

ESSES ATOS DEVEM SER REALIZADOS COM:

1. RELEVÂNCIA 2. CONSISTÊNCIA 3. ADEQUAÇÃO 4. COERÊNCIA 5. COESÃO

Não devemos pretender “DOMINAR A LÍNGUA ENQUANTO FORMA”, mas sim buscar compreender e produzir sentidos significantes para usar deste instrumento vital ao homem (linguagem) nas suas mais diversas situações da vida cotidiana e de acordo com os mais variados graus formais ou informais, socialmente falando. A noção de apropriado ou inapropriado para este ou aquele contexto é o que deve reger o uso de uma linguagem ou de outra, não a pura desvalorização da variação entre falantes e escritores em vista de uma utópico desejo de unilateralidade da língua ou a hegemonização de um estilo sobre outro e de uma variação sobre outra. Se o ser humano é linguagem, discriminar uma linguagem é excluir quem as produz.

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A principal função da coesão é, segundo Irandé, criar, estabelecer e sinalizar as conexões, que de forma articulada, revelam a unidade das partes no texto. Cada seguimento depende de outro. Cada um, isoladamente, não encerra o sentido do todo, nem dispensa os outros seguimentos.

As partes do texto se encadeiam não apenas superficialmente, mas representam o que há de mais profundo no texto: os sentidos últimos, os significados latentes, a semântica do texto. Existe uma hierarquia dessas duas presenças de sentido. A semântica e a lógica interna precede a coesão externa visível do texto.

Ainda assim, segundo Irandé, conhecer a semântica dos termos/palavras não garante o aprendizado do sentido global no texto. É preciso saber fazer relações que estabeleçam unidade entre as partes que se interpõem.

Antunes ainda cita o poema “Rios sem discurso” para falar dessa inaptidão da palavra isolada para não fazer sentido:

Rios sem discurso A Gabino Alejandro Carriedo

Quando um rio corta, corta-se de vez o discurso-rio de água que ele fazia; cortado, a água se quebra em pedaços, em poços de água, em água paralítica. Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma, e porque assim estanque, estancada; e mais: porque assim estancada, muda, e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio, o fio de água por que ele discorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio, chega raramente a se reatar de vez; um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que o fez. Salvo a grandiloquência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem, um rio precisa de muita água em fios para que todos os poços se enfrasem: se reatando, de um para outro poço, em frases curtas, então frase e frase, até a sentença-rio do discurso único em que se tem voz a seca ele combate.

Para o elemento coesivo, vamos mergulhar no livro “Lutar com as palavras” de Irandé Antunes.

COESÃO: COMO SE FAZ?

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1.COESÃO POR REITERAÇÃO

 Todo texto se desenvolve num movimento para trás.

 Assim se consegue não fugir do tema.

 Dessa forma se ata todas as pontas.

 Os pronomes e sinônimos auxiliam a continuidade lógica do texto.

Há três tipos de células-tronco. As mais comuns são encontradas na medula do ser humano em qualquer idade, mas seu poder de reprodução e especialização é baixo. Outro tipo são as células- tronco existentes no cordão umbilical, mas potentes que as da medula. Mas o tipo mais promissor são as células-tronco dos embriões humanos. (Veja, 02.03.2005)

Observe-se que houve a retomada de dois termos: tipo/tipos e célula(s)- tronco. Vale notar que esse tipo de reiteração não é prejudicial e não enfeia o texto. De certa forma também houve elipse de um termo em relação ao outro.

2.COESÃO POR ASSOCIAÇÃO

É quando há proximidade de sentido entre palavras de um mesmo universo semântico:

*Célula-tronco, medula, cordão umbilical, embrião, ser humano.

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Se peço para que uma pessoa me escreva uma história em que aparece os sonhos escritos com as letras “ss”, “s”, “ç”, “sc”, estou usando um critério de seleção de palavras que é ortográfico, e não semâtico. Se fosse semântico eu não me importaria com os sons das palavras, mas sim com a funcionabilidade das palavras no texto.

OBSERVE-SE que nas cinco palavras associadas ao tema da bioética na reportagem da revista VEJA há os seguintes sons começados pelas letras: “c” de célula-tronco, “m” de medula, “c” de cordão umbilical, “e” de embrião, “s” de ser humano. Aí o que conta é o nível semântico, não o ortográfico ou ortofônico.

3. COESÃO POR CONEXÃO

 Ocorre entre orações, períodos, parágrafos ou blocos supraparagráficos.

 São os conectores.

 São relações de causalidade, temporalidade, oposição, finalidade, adição etc.

 Uso adequado desses conectores revelarão nossa verdadeira intenção é argumentativa.

 O mau uso deles resulta em incoerência.

 Quanto mais longo for o texto, maiores as chances de todos estes conceitos aparecerem (causalidade, temporalidade, oposição, finalidade, adição)

A COESÃO NOS TEXTOS MÍNIMOS

Textos mínimos é uma expressão dos autores Halliday e Hasan e se refere a enunciados que, de tão pequenos, omitem relações semânticas que só seriam recuperados pelo contexto. Exemplo: “não há vagas”. Onde não há vagas? De quais tipos de vagas se fala? Para quem é esta informação?

RECURSOS DA REPETIÇÃO

1. PARÁFRASE

Irandé assim conceitua este recurso: “a paráfrase acontece sempre que recorremos ao procedimento de voltar a dizer o que já foi dito antes, porém, com outras palavras, como se quiséssemos traduzir o enunciado, ou explicá-lo melhor, para deixar o conteúdo mais transparente, se perder, no entanto, sua originalidade conceitual. A paráfrase é, portanto, uma operação de reformulação, de dizer o mesmo de outro jeito. É um recurso bastante comum nos textos explicativos, ou naqueles com função didática, nos quais há, obviamente, um interesse particular n compreensão dos pontos abordados.

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Começam por expressões como:

 Em outras palavras

 Em outros termos

 Isto é

 Ou seja

 Quer dizer

 Em resumo

 Em suma

 Em síntese

- É um recurso esclarecedor

- É uma reformulação de conceitos, idéias, informações

Para uma pessoa obter um título de doutor numa universidade, ela tem de fazer uma grande pesquisa na sua área de conhecimento (...) E essa pesquisa tem de ser inédita, isto é, precisa trazer alguma contribuição nova àquele campo de estudos (Marcos Bagno, 1989, p.20)

O ato de escrever deve ser visto como uma atividade sociocultural. Ou, dito de outra forma, escrevemos para alguém ler. (FARACO apud ANTUNES, 2005)

2. PARALELISMO

 Recurso ligado à coordenação (de orações) que apresentam funções sintáticas equivalentes.  Essas funções se referem a unidades semânticas semelhantes  Apresentam estruturas gramaticais similares.  O paralelismo também se chama SIMETRIA DE CONSTRUÇÃO.

EX. 1 É conveniente chegares a tempo e trazeres o relatório pronto.

Desmembrando: é conveniente...

1. Chegares a tempo

2. Trazeres o relatório pronto

 Ligador frasal: “e”

 Os verbos estão no mesmo tempo e modo.

 Obs: A simetria não se diz em relação ao tamanho das partes.

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 A mesma função sintática é de SUJEITO (isto): 1. Isto é conveniente. 2. Isto é conveniente. Veja o próximo exemplo.

EX 2. Nos próximos meses, o banco estará oferecendo cartão de crédito, seguro de vida com auxílio funeral, plano de capitalização e uma nova conta só para poupadores. (Isto é, 23.02.2005, p. 41)

Processo de adição:

EX 3. A Amazônia não apenas guarda um tesouro biológico incomensurável, mas ainda possui uma enorme riqueza cultural materializada nas 52 línguas faladas atualmente pelos grupos indígenas que habitam a região. (Revista Família Cristã, outubro, 1996)

Por processo de adjuntos adverbiais:

Ex 4. Não negocio com gente que anda por onde eu não ando, /por onde eu nunca andarei, /por onde não pretendo que meus filhos andem. Ex 5.

EM 28 ANOS, O BNB CONSEGUIU DEIXAR AS COISAS BEM MELHORES. PARA TODOS OS SANTOS.

Até 1952, padre Cícero era, praticamente, o único agente de desenvolvimento do Nordeste. A ele recorria para arranjar emprego, casar a filha, garantir o inverno, curar doenças, erradicar endemias, abrir caminhos, mostrar soluções. Hoje, as coisas mudaram. Pede-se aos santos, mas espera-se que as soluções venham pelo esforço e ação das instituições humanas.

Como, por exemplo, o BNB, que responde ao desemprego com crédito industrial; ao drama da seca com pesquisa técnico-científica e financiamento de projetos de açudagem e irrigação; à baixa produtividade agrícola com apoio técnico e crédito rural; aos problemas das áreas metropolitanas com investimentos em infraestrutura urbana.

Com o apoio e a participação, é claro, de toda a c comunidade nordestina. Pois os milagres, hoje, nascem sempre das mãos, do coração e da mente de todos os santos de casa.

Banco do nordeste do Brasil S.A. O banco de mais de 35 milhões de brasileiros.

(IstoÉ, 23.01.1980)

Vamos estruturar melhor estes trechos:

1. Respondendo ao verbo recorrer:

 para arranjar emprego

 casar a filha

 garantir o inverno

 curar doenças

 erradicar endemias

 abrir caminhos

 mostrar soluções

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Neste trecho a estrutura é a mesma: um verbo transitivo, no infinitivo e seus complementos

2. Completando o verbo responder: (paralelismo > responder isto com aquilo)

 ao desemprego com crédito industrial;

 ao drama da seca com pesquisa técnico-científica e financiamento de projetos de açudagem e irrigação;

 à baixa produtividade agrícola com apoio técnico e crédito rural;

 aos problemas das áreas metropolitanas com investimentos em infraestrutura urbana.

Observe-se recorrência da preposição “a” com os artigos em: ao, ao, à, aos.

A preposição “com” une os elementos em dupla.

Ex 6. Trechos de redações de 3º ano do médio

1. O homem e a mulher mudaram muito tanto no modo de pensar, agir e também fisicamente. Como podia ser: O homem e a mulher mudaram muito tanto no modo de pensar, como no modo de agir e até mesmo fisicamente.

2. Eles não se combinam, seja no lar, como também no trabalho. Como podia ser: Eles não se combinam nem no lar, nem no trabalho.

3. Quer seja no seu lar, como nos mais altos graus de soberania. Como podia ser: Quer no seu lar, quer nos mais altos graus de soberania

4. Papel desempenhado pelo homem e a mulher Como podia ser: Papel desempenhado pelo homem e pela mulher

5. Entre os homens e mulher Como podia ser: Entre os homens e as mulheres

6. Graças ao homem e mulher Como podia ser: Graças ao homem e à mulher

7. O lugar da mulher era o tanque, fogão e cuidar das crianças. Como podia ser: O lugar da mulher era o tanque e o fogão. Sua principal função era cuidar das crianças.

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8. Não existe mais discriminação racial, cor ou preconceitos. Como podia ser: Não existe mais discriminação racial, discriminação de cor ou quaisquer outros preconceitos.

9. Refletiu bastante no desenvolvimento do homem, bem como na mulher. Como podia ser: Refletiu bastante no desenvolvimento do homem e da mulher.

10. A mulher tem liberdade de expressão e de lutar. Como podia ser: A mulher tem liberdade para se expressar e liberdade para lutar.

11. Não há mais espaço para divisão de racismo, religioso, econômico. Como podia ser: Não há mais espaço para divisão por racismo, por opção religiosa, por prática econômica.

Observações:

 No exemplo 11, observar que o paralelismo não precisa vir aos pares. Ali tem três complementos: por racismo, por opção religiosa, por prática econômica.  Os exemplos foram tirados do livro (“Lutar com palavras”, mas houve modificação na proposta de intervenção no “Como podia ser”, que no livro não havia)  Irandé faz notar que expressões como isto é, ou seja, quer dizer, vale dizer não devem ligar duas estruturas sintáticas diferentes.

 O PARALELISMO DAS IDEIAS

Numa redação dissertativa (só para citar um exemplo) o paralelismo é pedido não apenas no nível sintático, mas também semântico. Ideias semelhantes devem ser ligadas em paralelo. Isso cria uma relação mais lógica e mais “tragável”.

É o que chamamos de SIMETRIA DE PLANOS, SIMETRIA DE NÍVEIS E SIMETRIA DE DOMÍNIOS.

 A QUEBRA ACEITÁVEL DE SIMETRIA

Existem alguns tipos de construções que desistem de fazer simetria perfeita e às vezes passam do nível sintático ao nível semântico, de forma inesperada. É o que chamamos de ANOMALIA SEMÂNTICA.

Esse recurso é muito utilizado para surpreender e é muito próprio da LITERATURA e na PUBLICIDADE. Muitas vezes para fazer piada ou apenas para ironizar.

Ex 1. Fiz duas operações: uma em São Paulo e outra no ouvido.

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Vejamos outros exemplos citados por Irandé:

 Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela. (Machado de Assis)  Marcela amou-se durante quinze dias e onze contos de réis. (Machado de Assis)  Mais fácil ganhar pontos. Mais rápido viajar grátis. (Anúncio de uma empresa aérea)

Ex. 2 Vejamos agora este criativo anúncio da Gazeta Mercantil feito para um jornal impresso:

Frequentemente, o leitor da Gazeta Mercantil troca de som, de televisão, de videocassete, de relógio, de apartamento, de móveis. Todos os anos, o leitor da Gazeta Mercantil troca de carro. Muito frequentemente, o leitor da Gazeta Mercantil troca de whisky, de vodka, de perfume. Quase todos os dias, o leitor da Gazeta Mercantil troca de restaurante, de avião, de hotel, de bar, de livro, de disco. Todos os dias, o leitor da Gazeta Mercantil troca de calça, de camisa, de gravata, de terno, de blazer, de sapato, de meias. O leitor da Gazeta Mercantil só não troca de jornal. Se você não troca a classe A por nada, anuncie na Gazeta Mercantil.

Irandé observa que o texto inteiro é composto em cima de paralelismos, que nem mesmo chegaram a ser marcados como

 “troca de som, de televisão, de videocassete, de relógio, de apartamento, de móveis”.

 Gradação temporal: “Frequentemente - Todos os anos - Muito frequentem - Quase todos os dias - Todos os dias”.

 Apenas no trecho “O leitor da Gazeta Mercantil só não troca de jornal.” O paralelismo é quebrado. Mas isto serve justamente para dar o desfecho que é a verdadeira intenção do texto publicitário. Na verdade há sim uma continuidade na ideia exigida por tudo que veio antes e este recorte.

3. A REPETIÇÃO PROPRIAMENTE DITA

Ocorre:

 Entre palavras:

“ Ninguém deve comprar imóvel sem antes fazer pesquisa. Ninguém”.

 Entre uma sequência de palavras:

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 “A prefeitura tem ou tem uma Diretoria de obras? Tem ou não tem uma repartição de censura estética e se tem uma coisa e outra, como é que permitiu atentados de tal natureza?” (Diário de Pernambuco 10.01.1953)

 Entre frases inteiras:

“Será que não basta? Será que não basta viver em função da morte? Será que não basta viver em função dos outros? Ainda vou ter que ouvir a minha sogra reclamando da vida enquanto escova os dentes que não tem, apenas com um lado da dentadura na boca?”

Ela às vezes pode ocorrer mesmo que as palavras repetidas não tenham o mesmo conteúdo semântico:

 Direito tem quem direito anda (ditado popular)

Pode marcar contrastes:

 O problema não está em mim; o problema está em todo mundo.

 Há estudantes e estudantes

Pode servir para corrigir um pensamento (para se tocar de que algo está errado):

O Itamaraty assistiu com uma ponta de alma lavada ao fracasso da comemoração dos 500 anos. A organização estava a cargo dos diplomatas, mas Rafael Grecca assumi-a para promover uma festa popular. Popular?

Veja, 03. 05.2000

Indica intensidade ou dá uma ideia de quantidade

 Era uma vez um Brasil onde os governantes acreditavam que réis, cruzeiros, cruzados e reais nasciam em árvores. Par se criar uma nova despesa com dinheiro público, bastava contrair uma dívida, e outra, e outra, e outra, e assim sucessivamente.

 Há três soluções para o drama da infância perdida na rua: escola, escola, escola.

 Essa ferida que está em mim desde ontem não dói. Ela dói, dói, dóoooooooi!

 Faz coesão dando continuidade ao tema abordado:

Historia de flor

Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida. Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim, nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer. Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me: - Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

Carlos Drummond de Andrade, Contos plausíveis (Rio de Janeiro: José Olympio, 1985)

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A PROGRESSÃO TEMÁTICA NO POEMA DE CARLOS DRUMMOND

É um tipo de evolução do pensamento, da ideia primária que evolui para outros níveis: cresce, gradativa-se.

“É evidente que o texto coerente não requer apenas que haja continuidade temática. Exige também que o tema progrida e, assim, haja também progressão temática. Reparemos que, na historinha de Drummond, o tema flor se manteve, mas as condições de vida da flor foram-se alterando, tanto assim que, no final, ela pôde ser caracterizada como lixo; caracterização que resulta dos conhecimentos partilhados que temos acerca do que é uma flor murcha, e do que o lixo significa em nossa cultura” (Lutar com Letras, p.76)

Certas figuras de linguagem também retomam, repetindo termos anteriores ou sons semelhantes:

Aliteração: sons consonantais se repetindo em palavras distintas

Assonância: sons vocálicos se repetindo em palavras distintas.

Rima: presentes nos poemas e músicas

TANTA TINTA

“Ah! Menina tonta, toda suja de tinta mal o céu desponta! (Sentou-se na ponte, muito desatenta... E agora se espanta: Quem é que a ponte pinta com tanta tinta?...) A ponte aponta e se desaponta. A tontinha tenta limpar tinta, ponto por ponto e pinta por pinta... Ah! a menina tonta! Não viu a tinta da ponte!

(Cecília Meireles)

LINHA DO EQUADOR

Essa desmesura de paixão É loucura do coração Minha foz do Iguaçu Pólo sul, meu azul Luz do sentimento nu

(Música de Djavan)

LEMBRANÇAS, QUE LEMBRAIS MEU BEM PASSADO

Lembranças, que lembrais meu bem passado Para que sinta mais o mal presente Deixai-me se quereis viver contente Não me deixeis morrer neste estado

Luís de Camões

Outros exemplos:

 “Seria justo, seria razoável, seria oportuno que se deixasse de construir uma Base”. (Diário de Pernambuco 10.01.1952

 “Os comunistas do Brasil, (...) para os quais há sempre habeas corpus, há sempre pedidos camaradas, há sempre associações de imprensa”. (Diário de Pernambuco 10.01.1951)

Agora que sentei na minha cadeira de madeira, junto à minha mesa de madeira, colocada em cima deste assoalho de madeira, olho minhas estantes de madeira, e procuro um livro feito de polpa de madeira para escrever um artigo contra o desmatamento florestal.

36 

“O capitalismo, para Gil, funciona assim: o Estado paga tudo. Paga a produção do filme, paga a construção da sala, paga a distribuição da cópia, paga o bilhete do espectador”. (Veja, 08.06.2005) 

Nunca tantas pessoas, em tantos veículos, trafegam em tantas vias, e tantas direções, com tanta velocidade, indo a tantos lugares, pra voltar logo tão arrependidas. (Millôr Fernandes)

A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma galinha. Ela olhou para a galinha, passou a mão embaio das asas da galinha, apalpou o peito da galinha , alisou as coxas da galinha, depois tornou colocar a galinha na banca e disse para o vendedor: — Não presta! Aí o vendedor olhou para ela e disse: — Também, madame, num exame assim nem a senhora passava! Millôr Fernandes

Muitas vezes a repetição como a única alternativa plausível, pois pode soar pedante trocar aquela palavra por outra semanticamente próxima. Em casos de certas palavras técnicas, científicas dentre outras específicas de uma ciência, seja ela social ou não, não cai bem substituir o termo por sinônimos como as que seguem: comunismo, democracia, cooperativismo. Uma variação possível é transformar aquelas palavras em adjetivos: comunista, democrata, cooperativista.

Nos poemas e na publicidade as repetições são mais frequentes. Chistes, trocadilhos e provérbios são especialmente possíveis. Mas existem casos e casos em outros textos em que ela é mais ou menos aceitável. Tudo depende de fatores como:  Gênero textual  Intenções  Temática abordada  Estilo do autor (se houver liberdade para isto)  Aspectos situacionais exigidas pelo contexto de produção

Mário Prata conseguiu neste trecho usar bem a repetição. Observe-se as expressões GRANDE E PEQUENO.

Foi numa grande festa na pequena cidade que o fato se deu. O grande homem, olhando para a pequena mulher, pensou: — Que pequena! A pequena mulher, sentindo os grandes fluidos em sua cabeça, pensou: — Grande. Pequenas piscadas, grandes sorrisos, uma só cumplicidade. E foi assim que eles se foram. Ele pegou nas pequenas mãos da mulher, com sua grande mão. Com os seus grandes olhos, procurou os pequenos dela, grande ternura, pequena timidez. (O Estado de S. Paulo, 30.08.1995)

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 “Saiba como seu chefe consegue as melhores gravatas, os melhores sapatos, os melhores restaurantes e um salário muito melhor do que o seu. A Gazeta Mercantil está lançando o Guia Executivo São Paulo”.

 “Você não abre mão de tecnologia? Não abre mão de design? Não abre mão de sofisticação? Então, vê se abre a mão pelo menos na loja e pede logo o melhor: Nova linha Digital Áudio Toshiba”.

 “Grátis, no Folhão, a enciclopédia das enciclopédias. Se você perder, vai ter o arrependimento dos arrependimentos”. (anúncio da FOLHA de S. Paulo)

 “Eu não sabia que o Citibank tinha financiamento de imóveis. Eu não sabia que nem precisava ser cliente. Eu não sabia que o piano da minha filha pesava tanto”. (anúncio do CITIBANK)

 “Empresas privatizadas fizeram investimentos da ordem de 60 bilhões de reais e recolheram algo como 80 bilhões de reais em impostos. Ganhou o governo, ganhou a sociedade” (Veja especial, 05.2002, p. 39)

Em geral, as palavras que explicam o tema em um texto poderão aparecer repetidas vezes, pois se trata do processo de retomada para a coesão textual não ficar perdida. Isso quer dizer que, se numa redação para o Enem o tema for “Propaganda Infantil”, não é de estranhar que essa palavra apareça mais de uma vez. É também por falta de opção vocabular que esse fato aparece. É bem comum que as primeiras palavras de um texto sejam retomadas no final para um arremate estratégico. Isso ocorre porque há uma necessidade semântica unindo aquelas palavras e o tema/assunto.

Início do texto: “A visão dos objetivos e instrumentos da política de desenvolvimento do ano de 1971 conforme expostos ao presidente...” Final do texto: “O Brasil espera (…) queimar etapas em direção ao desenvolvimento”

A repetição é o primeiro passo para uma nobreza textual. A repetição exerce, portanto, funções textuais bem importantes. Há repetições desnecessárias sim, mas não vale dizer que ela não ocorra na escrita e apenas na fala, nem que não deva ser posta com sabedoria nos textos escritos. Nem sempre repetição é sinal de pobreza vocabular.

Forma-se dessa forma… em relação à relação homem x mulher… tal mudança mudará… adianta muito pouco adiantar que… tais questionamentos nos permitem questionar… essa fase consiste em uma fase… ao sair de casa, deve se trancar a porta de casa… a juventude brasileira não tem nenhuma expectativa de vida por viver num país que não oferece nenhuma perspectiva de vida.

Expressões como essas podem à primeira vista impactar negativamente, mas não contamos com o contexto que as justifica. Pode ser que dentro deles a coisa não funcione tão mal. Também não temos como saber em qual gênero elas foram usadas. Num contexto de piada por exemplo, elas não somente seriam permitidas como também seriam exigidas para o efeito de humor. Existem outros motivos que as acolhe como a ironia e o efeito de realce (pleonástico).

“Um Estado em estado natural” (Revista Istoé, 13.04.2005, p. 23)

Esse efeito foi proposital, pois as duas palavras têm semânticas diferentes. Há um processo de repetição especial chamado de NOMINALIZAÇÃO. Ele se refere a palavras que são nomes derivados de verbos. São, por isso, palavras DEVERBAIS. Este assunto é visto na gramática como PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS.

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EX. O governo decidiu adiar o prazo para a entrega de declarações do imposto de renda. Essa decisão já era esperada pela maioria dos contribuintes.

Historicamente, tanto a Retórica quanto a Estilística sempre deram valor aos efeitos pretendidos pela repetição. Para a autora de “Lutar com palavras”, “Não se repete uma palavra simplesmente por repeti- la, sem um propósito discursivo qualquer, ou por uma questão de inabilidade, apenas”. A proibição escolar de não repetir palavras não tem cabimento! Em qualquer texto, palavras podem ser repetidas.

RECURSOS DA SUBSTITUIÇÃO

A. GRAMATICAL

ANÁFORA E CATÁFORA

Os pronomes são seres gramaticais referenciais: representam outros seres, substituindo-os ou acompanhando-os. Eles podem contribuir para a reiteração sem precisar repetir indesejadamente palavras ou expressões. Por isso alguns pronomes são chamados de anafóricos. ANÁFORA é um é um tipo de referência a algo que já foi dito antes. É uma retomada, por isso o pronome cai tão bem nesses casos.

“A casa era por aqui… onde? Procuro-a e não acho”. (Manuel Bandeira, 1974, p.179)

O processo contrário ocorre na CATÁFORA: o pronome indica a palavra que ainda vai aparecer no texto ou na fala. Sob um sol escaldante, ele chega impecável (…) ao acampamento dos guerrilheiros (…) no Camboja, território minado e onde nenhum diplomata havia pisado antes. Como prova de confiança, os guerrilheiros pedem que ele nade um rio. Sem titubear, ele entra na água. Era o ano de 1992. negociava-se diplomaticamente a intrincada e difícil tarefa de repatriar 370 cambojanos, muitos vivendo na vizinha Tailândia. A repatriação aconteceu sem uma única vítima. Esse é apenas um dos tantos méritos de Sérgio Vieira de Mello, comissário de Direitos Humanos da ONU, que morreu em 19 de agosto de 2003. IstoÉ, 23.09.03

Resumindo: “[…] na cadeia do texto é que podemos decidir o trecho mais claro: se substituir a palavra por um pronome, por um sinônimo ou, simplesmente, repeti-la. Fora do texto, quase tudo é adequado. Ou melhor, quase tudo são apenas conjecturas. No texto é que as coisas se submetem a regularidades e restrições”. (Lutar com palavras, p.91)

POR ADVÉRBIOS

Veja o uso do advérbio LÁ no texto:

O Imperador D. Pedro II sempre se empenhou em mudar a imagem eterna do Brasil e em transmitir seu verdadeiro aspecto civilizado. Ele visitou pessoalmente a Exposição Universal da Filadélfia (1876). Lá teria conhecido Alexander Graham Bell, que lhe apresentou sua mais nova invenção, o telefone. Ao testá-lo, o imperador teria dito ao inventor americano que, estando disponível no mercado, o Brasil seria o seu primeiro comprador. (Folha de S. Paulo, 19.01.2000)

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LEXICAL

Tem a ver com o uso dos sinônimos. Para entender o que é propriamente lexical devemos nos remeter aos substantivos, adjetivos, advérbios e verbos. Esses são termos que podem admitir substitutos. Além do mais estas palavras se referem ao universo que existe fora do texto, ou seja, no nosso mundo. Os seres existem (substantivos), tem características e qualidades que lhe tornam conhecidas aos outros (adjetivos), agem, se movimentam, causam efeitos em outros e deles também sofrem ações no tempo e de certos modos (verbos), estão situadas no tempo e no espaço e mantém certas relações uns com os outros (advérbios). As unidades gramaticais, por outro lado, são do universo apenas gramatical e servem para auxiliar na comunicação dando certas informações não ofertadas pelo meio (advérbios), nem pelos sujeitos (substantivos), nem pelas observações que temos deles (adjetivos e verbos).

Saia de bolinhas, colete preto e cabelos presos, Madonna estava mais para a santa Evita que para demoníaca material girl quando desembarcou em Buenos Aires, no sábado 20. a tática usada pela pop star era para aplacar um pouco os ânimos argentinos, mas não deu muito certo; escalada pelo diretor Alan Parker para viver no cinema o papel de Eva Perón (1919-1952), a estrela americana vem enfrentando a ira dos peronistas. Foi recebida com pichações e bombardeada pela imprensa. Tentando contornar a situação, Madonna foi logo dizendo que estava em missão de paz.

Uma única palavra ou termo pode substituir outros de maior tamanho, como uma predicação inteira, um período ou mesmo um parágrafo:

1. Substituindo por um termo equivalente:

Vivamente empenhado em reduzir o déficit de caixa do Tesouro (…), o governo (…) se vem preocupando com o problema dos gastos do erário.

2. Substituindo por um termo HIPERÔNIMO (palavra generalizadora, indicador de classe, palavra que indica ordem)

O gato do vizinho apareceu do nada, no meio da sacada e assustou a velhota. O animal havia corrido do cão que lhe perseguia. Saldos de arranhões, terra e raiva animal ficaram no rosto da gentil idosa.

3. Substituindo por uma expressão descritiva.

A Joana está muito chateada comigo não sei por que motivo. Nunca mais me dirigiu a palavra. Sabe de mais? Aquela menina do nariz arrebitado não me abalará mais a partir de hoje. Meus sentimentos tem de mudar!

4. Substituindo um trecho.

O desenvolvimento humano sempre se traduziu em impacto à natureza. Os projetos de engenharia implicam rasgar trilhas, derrubar árvores e afastar certos animais de seu ambiente. Para erguer cidades com o conforto da modernidade, é preciso ainda desviar o curso dos rios, nutrir e irrigar lavouras, produzir comida e combustível para a população. Desde os primórdios da industrialização, em 1750, o ritmo dessas intervenções se acelerou. (IstoÉ, 06.04.2005)

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É importante notar que não existe sinônimo perfeito. Isso quer dizer que não há como uma palavra conter em si todas as noções que a outra palavra encerra.

RETOMADA POR ELIPSE

Com elipse:

Em certo dia de data incerta, um galo velho e uma galinha nova encontraram-se no fundo do quintal e, entre uma bicada e outram trocaram impressões sobre como o mundo estava mudado. O galo, porém, fez questão de frisar que sempre (?) vivera bem, (?) tivera muitas galinhas em sua vida sentimental e agora, velho e cansado, (?) esperava calmamente o fim dos seus dias.

Sem elipse:

Em certo dia de data incerta, um galo velho e uma galinha nova encontraram-se no fundo do quintal e, entre uma bicada e outram trocaram impressões sobre como o mundo estava mudado. O galo, porém, fez questão de frisar que ele sempre vivera bem, ele tivera muitas galinhas em sua vida sentimental e agora, velho e cansado, ele esperava calmamente o fim dos seus dias.

 É a estratégia de omitir um termo, uma expressão ou uma sequência maior que já apareceram no texto, mas que podem ser recuparável através das marcas referenciais do próprio texto ou pelo contexto.  Halliday e Hasan (1976) chamam esse processo de “substituicão por zero”.  A elipse é tanto uma figura de linguagem quanto um elemento de construção estilística.  Supõe recurso fonético, semântico e sintático.

A ELIPSE nos ditados e sabedorias populares

1. Quem poupa, tem. Quem poupa (?) tem (?). (Quem poupa dinheiro, tem dinheiro)

2. Quem procura, acha. Quem procura (?), acha(?) (Quem procura o que quer, acha o que quer)

3. Quem dá aos pobres, empresta a Deus Quem dá (?) aos pobres, empresta (?) a Deus Quem dá dinheiro aos pobres, empresta dinheiro a Deus. 4. Quem sabe, faz. Quem sabe (?) faz (?) Quem sabe isto, faz isto.

A COESÃO PELA ASSOCIAÇÃO SEMÂNTICA ENTRE AS PALAVRAS

1. “O jornal que mais se compra é o que nunca se vende. (anúncio da Folha de S.Paulo) 2. Escola pública não é privada. (anúncio do Governo Federal, criado pela agência criativa).

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O ESTRANHAMENTO DO MUNDO

Estranhamento do mundo é um olhar diferenciado, uma sensação do novo. No livro “O mundo de Sofia” há no início essa menção ao fato de que o verdadeiro pensador repensa o mundo como se nascesse de novo e olha as coisas ao seu redor como se nunca o tivesse visto. Só com essa disposição ele pode se ausentar de suas opiniões e pontos de vista par ver a realidade de cima, como quem olha em perspectiva, abstraído de seu olhar míope, vago, nebuloso. O bom escritor não é apenas capaz de fazer esse movimento para fora, mas também para dentro, olhando para si mesmo, observando o seu interior. Essa é uma habilidade que é mais desenvolvida nos escritores ou que deve ser alimentada no que deseja ser escritor. Essa habilidade na verdade tem a ver com duas inteligências que Howard Gardner chama de INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL E INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL. Vejamos onde essas inteligências se inserem:

AS SETE INTELIGÊNCIAS – INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, DE HOWARD GARDNER

*Sobre este assunto, vale a pena assistir aos vídeos:

1. https://www.youtube.com/watch?v=hbXyB8K_RTE

2. https://www.youtube.com/watch?v=IzSoD1WvDLc

4. https://www.youtube.com/watch?v=fyuu-ilQr3Q

5. https://www.youtube.com/watch?v=tLHrC1ISPXE

Teoria das Inteligências Múltiplas Artigo por Elizabeth Diederichs - quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O cientista norte americano Howard Gardner formado em psicologia e neurologia, trouxe no início da década de 1980 a Teoria das Inteligências Múltiplas que foi de grande avanço na transformação da educação. Gardner se interessava pelo aprendizado desde a sua pós-graduação, pesquisou os processos pedagógicos interdisciplinares descoberta feita pelo suíço Jean Piaget (1896 – 1980). Na infância era dedicado à música e às artes, isso levou à reflexão as noções consagradas que se referem às aptidões intelectuais humanas que eram parciais e insuficientes (FERRARI 2008). As pesquisas práticas feitas com crianças, chamaram atenção de Gardner nas manifestações de várias inteligências em que todos nós temos, sendo especificas e localizadas em áreas distintas do cérebro. Nesse momento iniciou a compreensão de que às inteligências de maior prestígio em nosso sistema educacional é a verbal e a lógica – matemática. Essas duas inteligências se subdividem em outras, onde umas aparecem mais desenvolvidas que outras, tudo isso depende da pessoa e dos seus estímulos, mas que todos nós possuímos. Na Teoria de Gardner, todos os indivíduos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. Portanto o desenvolvimento de cada inteligência será determinado tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por fatores ambientais (GAMA 1998). Cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento ou de processamento de informações, além do sistema simbólico que estabelece o contato entre aspectos básicos da cognição e a variedade de papéis e funções culturais; Ele também sugere que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. [...]

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1. INTELIGÊNCIA LÓGICA LINGUÍSTICA OU VERBAL

Manifesta o uso da linguagem (seja escrita, falada ou através de outro meio) é a capacidade de seguir regras gramaticais, é a habilidade de aprender idiomas, usar a linguagem para transmitir informações, estimular, convencer ou agradar. Também com a facilidade de outras linguísticas como: a poesia, o raciocínio abstrato, as metáforas e o pensamento simbólico. Há nesta inteligência uma extrema sensibilidade à estrutura, som, significado, funções e beleza da palavra na linguagem.

Inteligência bem desenvolvida presente nos oradores, políticos, poetas, dramaturgos, jornalistas, advogados, comediantes, escritores e outros que fazem da palavra e das sentenças verdadeiras peças com as quais constroem a clareza no que dizem ou escrevem. A localização responsável no cérebro é a área de Wernicke, área de Broca, região têmporo-paríeto-ocipital (hemisfério esquerdo).

2. INTELIGÊNCIA LÓGICA MATEMÁTICA

Capacidade de discernir padrões lógicos ou numéricos e a sensibilidade de trabalhar com longas cadeias de raciocínio e formas geométricas. É o que chamamos de raciocínio científico, indutivo e dedutivo. Elabora perguntas que ninguém fez conceber problemas e levá-los adiante.

Relatado por SACKS (1997, p.217), que dois gêmeos apenas vêem a resposta do problema, eles são capazes de informar quase instantaneamente após uma data ser mencionada, em que dia da semana cairá a Páscoa, isso no período de 80 mil anos. O grande matemático Gauss teve uma enorme dificuldade para descobrir. Os gêmeos são tragicamente deficientes em diversas áreas, mas possuem nessa área uma inteligência extremamente desenvolvida.

Juntamente com a linguagem, é a principal base para os testes de Q.I. Possui uma natureza não verbal, de modo que a solução de um problema pode ser dada antes de ser articulado. Inteligência bem desenvolvida presente nos cientistas, engenheiros, projetistas, matemáticos, programadores de computador, contabilistas, banqueiros, economistas, advogados, e etc. A localização responsável no cérebro é região têmporo-paríeto-ocipita.

3. INTELIGÊNCIA ESPACIAL

É quando tem a capacidade mental de formar imagens e operá-las. A imagem pode ser visual ou tátil. A imagem tátil é construída geralmente por um cego ao tatear objetos. Também a percepção com relativa exatidão do mundo no plano visuoespacial e realizar transformações. Compreensão do espaço e à orientação integral dos limites físicos do espaço e, provavelmente, do tempo.

Uma pessoa com lesão nessa área desse hemisfério vai impedir que ela consiga interpretar os ponteiros de um relógio, encontrar sua posição em um mapa ou então orientar-se dentro de espaço fechado. Inteligência bem desenvolvida presente nos arquitetos, motoristas de táxi, marinheiros, decoradores, cirurgiões plásticos, artistas gráficos, artes visuais, escultores, criadores de mapas (mais presentes em navegantes e engenheiros). Área responsável no cérebro é região têmporo-paríeto-ocipital.

4. INTELIGÊNCIA MUSICAL OU SONORA

Associa-se a capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais ou dos sons de um modo geral. Inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, e timbre de uma peça musical. Marcantes exemplos desta inteligência são gênios como Mozart, Schubert, Chopin e outros. Uma lesão nesse hemisfério, o lesionado não consegue perceber combinações rítmicas ou até mesmo entonações de voz. Inteligência bem desenvolvida presente nos músicos, compositores, violinistas, maestros entre outros. A área responsável no cérebro é Lobo temporal (hemisfério direito).

5. INTELIGÊNCIA CINESTÉSICA OU CORPORAL

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Está relacionado ao conhecimento do corpo e ao movimento físico, traduzindo-se na capacidade de expressar ideias e sentimentos, facilidade no uso das mãos para produzir ou transformar coisas. A prática de esporte e a dança são linguagens corporais com habilidades que expressam emoções.

Os hemisférios representam a soma de pontos sensitivos do corpo como, por exemplo, as mãos, os pés, criando e dando movimentos harmônicos. Inteligência bem desenvolvida presente nos artistas, atores, escultores, mecânicos, mímicos entre outros (mais presente nos atletas ou dançarinos). A área responsável no cérebro é Giro pós- central, córtex pré-motor.

6. INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL

É a capacidade de conhecer a própria identidade, o seu interior, com autorreflexão sensivelmente as realidades espirituais, intuição avançada com conhecimento intensificando as respostas. Está ligada também à autoestima e à compreensão plena do “eu”, assim como à capacidade de discernir e discriminar as próprias emoções.

Danos em algumas áreas poderá causar irritabilidade ou euforia. Em regiões mais altas causará indiferença, desatenção, lentidão, apatia e depressão. Inteligência bem desenvolvida presente nos Filósofos, conselheiros espirituais, Teólogos, psicólogos e pesquisadores. (expressa pelo autoconhecimento). A área responsável no cérebro é lobos frontais.

7. INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL

É a capacidade de comunicação verbal e não – verbal e a percepção de reconhecer as intenções e emoções do outro. Habilidade em trabalhar em grupo, tendo como forma mais avançada de ler a pessoa, mesmo que ela tente esconder seus desejos, intenções, medos e crenças, distinguindo o temperamento, humor e motivações. Associa-se à empatia, à relação com o outro e sua plena descoberta.

Uma lesão nessa área pode provocar grandes mudanças na personalidade, ela não será mais a mesma. Inteligência bem desenvolvida presente nos terapeutas, psicoterapeutas, lideres religiosos, professores, políticos entre outros. (capacidade de compreensão dos sentimentos do outro), A área responsável no cérebro é lobos frontais.

8. INTELIGÊNCIA NATURALISTA

É a capacidade de reconhecer e classificar as numerosas espécies – a flora e a fauna – do meio ambiente do indivíduo. É a atração pelo mundo natural, a sensibilidade aos fenômenos naturais. Exemplos típicos desta inteligência são os biólogos, botânicos e os ecologistas (referente à relação da pessoa com a natureza).

9. INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

Para Danah, através do QS (quociente espiritual) mede-se a capacidade com que abordamos a solucionarmos problemas de sentido e valor. A Inteligência Espiritual (QS) é a capacidade interna, inata do cérebro e da psique humana, extraindo seus recursos mais profundos do âmago do próprio universo. É um instrumento desenvolvido ao longo de milhões de anos que habita o cérebro a descobrir e usar sentido na solução de problemas (GLAVAN 2009). Gardner (1995) não propõe uma inteligência moral ou espiritual. Para ele o que é moral ou espiritual depende imensamente dos valores culturais, nesse caso internalizados (GLAVAN 2009).

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/32671/teoria-das-inteligencias- multiplas#ixzz4FKrWZbtP

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REFERÊNCIAS

1. DISCINI, Norma. A comunicação nos textos/ Norma Discini. 1ª ed., 1ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2007.

2. ANTUNES, Irandé. 1937 – Lutar com palavras; coesão e coerência/ Irandé Costa Antunes. São Paulo: Parábola Editorial, 2005)

3. ANDRADE, Maria Margarida de. Comunicação em Língua Portuguesa/ Maria Margarida de Andrade, João Bosco Medeiros – 5ª ed. - São Paulo: Atlas, 2009.

4. GARCIA, Othon M. (1912). Comunicação em Prosa Moderna; aprenda a escrever, aprendendo a pensar. / Othon M. Garcia. - 21 ed. - Rio de Janeiro: editora FGV, 2002.

5. BAGNO, Marcos, 1961. Gramática pedagógica do Português Brasileiro/ Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

6. FARACO E MOURA. Gramática. São Paulo: Editora Sandra Almeida, 2005.

7. http://linguageminteracao.blogspot.com.br/2008/11/fatores-de-textualidade.html.

Acesso em 24.07.16 às 9:30 h

8. www.professorjailton.com.br/home/arquivos-slides/funcoes_da_linguagem.pdf.

Acesso em 24.07.16 às 9:48 h

9. http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/32671/teoria-das-inteligencias-multiplas#! Acesso em 24.07.16 às 11:23 h

10. http://leiovejoeescuto.blogspot.com.br/2012/02/joao-cabral-de-melo-neto-rios-sem.html.

Acesso em 24.07.16 às 14:21 h

11. http://www.infoescola.com/linguistica/aliteracao/.

Acesso em 26.07.16 às 03:29 h

12. http://portugues.uol.com.br/redacao/funcoes-linguagem-.html.

Acesso em 28.07.16 às 17:04

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ANEXO 1. ÍNDICE IDEAL

PARTE I

1. COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM: OS TIPOS DE LINGUAGEM

1.1 Linguagens não verbais 1.2 A língua portuguesa 1.3 Norma culta

2. LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA

2.1 Variações linguísticas 2.2 Níveis de linguagem 2.3 Funções da linguagem 2.4. Funções da linguagem e estilos de época 2.5 Simultaneidade e =Transitividade das Funções da linguagem

3. FORMAS DE COMUNICAÇÃO PRÁTICA

3.1 Linguagem publicitária 3.2 Linguagem jornalística 3.3 Textos jornalísticos

3.3.1 Artigo 3.3.2 Editorial 3.3.3 Crônica 3.3.4 Nota 3.3.5 Notícia 3.3.6 Reportagem 3.3.7 Suelto 3.3.8 Suíte

PARTE II

1. MODALIDADES DO DISCURSO

1.1 Descrição 1.2 Narração 1.3 Dissertação 1.4. Procedimentos e técnicas de argumentação 1.5 Estilo 1.6 Clareza 1.7 Modéstia e cortesia 1.8 Tematização e figurativização

2. O DIÁLOGO

2.1 Técnicas do diálogo 2.2 Discurso direto, indireto e livre/semi-indireto 2.3 O verbo dicendi (dizer) e os verbos de elocução 2.4 Os verbos e os pronomes nos discursos direto e indireto 2.5 A pontuação no discurso direto

3. ESTRUTURA DA FRASE

3.1 Frase, oração e períodos 3.2 FRASE: Frase e inteligibilidade 3.3. Frases de situação 3.4 Frase nominal 3.5 Frase verbal – oração 3.6 Predicação verbal 3.7 Ordem dos termos 3.8 Frase de arrastão

 Sentido intensional e sentido extensional  Polarização, polissemia e monossemia  Homonímia  Sinonímia e paronímia  Família de palavras: campos léxicos e semânticos  Famílias ideológicas e campo associativo

3. TIPOS DE VOCABULÁRIO

 Coloquial  Escrito  De leitura  De simples contato  Desvios de linguagem: ambiguidades  Estrangeirismo: empréstimo e decalque  Clichê  Frase feita e lugar-comum

PARTE IV

1. ESTILÍSTICA

 Estilo e estilística  Correntes modernas de estilística  Paráfrase, paródia e estilização  Generalização  Resumo  Amplificação  Análise e síntese  Análise formal e análise informal  Classificação e esboço de plano  Linguagem figurada:  Figuras de linguagem e tropos  Metáfora e imagem  Metonímia, sinédoque e catacrese  Antítese e paradoxo  Parábola e comparação  Animismo e personificação  Antonomásia

2 . AFETIVIDADE DA LINGUAGEM

 Fonoestilística  Estilística da frase  Categorias gramaticais do verbo  Palavras gramaticais  Palavras invariáveis

PARTE V

1. DICIONÁRIOS

 Dicionário de sinônimos  Dicionário de ideias  Lexicografia

PARTE VI

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3.9 Frase entrecortada 3.10 Frase de ladainha 3.11 Frase labiríntica ou centopeica 3.12 Frase fragmentária 3.13 Frase caótica e fluxo de consciência: monólogo e solilóquio 3.14 Frases parentéticas ou intercaladas

4. ORAÇÃO: Processos sintáticos:

 Coordenação, correlação e paralelismo  Paralelismo rítmico /similicadência  Paralelismo semântico  Implicações didáticas do paralelismo  Subordinação

5. PERÍODO:

 Relevância da oração principal  Posição da oração principal: período “tenso”,e “frouxo”

6. O PARÁGRAFO

 Parágrafo-padrão  Extensão do parágrafo  Tópico frasal  Tópico frasal implícito ou diluído no parágrafo  Outros modos de iniciar o parágrafo  Como desenvolver o parágrafo

7. TÉCNICAS DA ESCRITA

 Ênfase, clareza e coerência  Enumeração ou descrição de detalhes  Confronto  Analogia e comparação  Citação de exemplos  Causação e motivação  Razoes e consequencias  Causa e efeito  Divisão e explanação de ideias “em cadeia”  Ordem gradativa  Ordem cronológica  Ordem espacial  Ordem lógica  Partículas de transição e palavras de referência  Concisão e prolixidade  Pleonasmos intencionais  Repetições intencionais  Anacolutos  Parênteses de correção  Falta de unidade

PARTE III

1. AS CIRCUNSTÂNCIAS

 Área semântica da causa  Área semântica da consequência, fim e conclusão  Causa, consequência e raciocínio dedutivo.  Tempo e suas partículas  Tempo  Progressão  Oposição  Aspecto, perífrases verbais, tempos simples e compostos.  Condição  Concessão

1. LÓGICA DA COMUNICAÇÃO: O FATOR VERDADE

 Aprender a escrever é aprender a pensar  Da validade das declarações  Da validade dos fatos  Fatos e indícios  Observações e inferências  Testemunho autorizado

2. MÉTODOS

 DEDUTIVO  INDUTIVO  ANALÓGICO

3. SILOGISMO

 EPIQUIREMA: PREMISSAS MUNIDAS DE PROVAS  O ENTINEMA: O raciocínio dedutivo e o cotidiano

4. FALÁCIAS:

 A natureza do erro  Sofismas  Axiomas  Falsos axiomas  Ignorância da questão  Petição de princípio  Observação inexata  Ignorância de causa ou falsa causa  Erro de acidente  Falsa analogia  Probabilidade

5. ARGUMENTAÇÃO:

 Condições de argumentação  Consistência dos argumentos  Evidência (fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos)  Argumentação informal  Formulação de argumentos  Refutação de argumentos  Argumentação formal  Proposição

PARTE VII

1. O TEXTO E O GÊNERO

 Uma unidade de sentidos  Ponto de vista e manipulação  Níveis de leitura  Heterogeneidade  Hiperônimo e hipônimo

2. IDEOLOGIA E TEXTO

3. FATORES DE TEXTUALIDADE

1. COERÊNCIA 2. COESÃO 3. INTENCIONALIDADE 4. ACEITABILIDADE 5. SITUACIONALIDADE 6. INFORMATIVIDADE 7. INTERTEXTUALIDADE

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2. SEMÂNTICA E VOCABULÁRIO

 O sentido das palavras  Palavras e ideias  Vocabulário e nível mental  Vocabulário e contexto  Denotação e conotação: sentido referencial e sentido afetivo

ANEXO 2. MAPA LINGUÍSTICO DO MUNDO

ANEXO 3. GESTOS E SIGNIFICADOS DIVERSOS

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