Entrevista Com Suzana Da Cunha Heemann

ENTREVISTA GENTILMENTE CONCEDIDA PELA ESCRITORA SUZANA DA CUNHA HEEMANN AO APRENDIZ DE ESCRITOR HEBANE LUCÁCIUS

Hebane: Em breves palavras, quem é Suzana da Cunha Heemann?

Suzana: Sou uma médica psiquiatra e psicanalista de larga e profunda experiência clínica, e que tem, entre os diversos prazeres da vida, o escrever como uma necessidade de me expressar, comunicar meu conhecimento e ajudar. Gosto, imensamente de criar e crio em minhas poesias, contos, crônicas e romances. Ja tenho um livro publicado e editado na época, no Rio de Janeiro, porém, em Medicina,e que trata do assunto Feminilidade.

Hebane: Dos ofícios que você exerce, qual foi o que lhe surgiu primeiro como vocação? A Literatura ou a Medicina?

Suzana: Foi a Medicina, pois, filha de médico cirurgião de sucesso, na infância nossa casa era freqüentada por diversos colegas de meu pai e assim, em idade precoce, fui me familiarizando e gostando da Medicina. Entretanto, na Literatura, sofri grande influência de minha mãe e de meu avô paterno, francês, que me falava e ensinava artes. Cedo, ele me apresentou Rousseau, Balzac, Renoir, Maupassant e tantos outros!

Ao cursar o primeiro ano de Medicina, escrevi meu primeiro poema, Manhãzinha, pela manhã, quando cabulei a aula de Anatomia devido ao intenso frio.

Hebane: Quando e como foi que a Literatura surgiu em sua vida?

Suzana: Em pequena,escutando histórias e poemas de minha amada mãe e meu adorado avô francês, que me introduziram no imenso prazer dos livros, poesias, letras.

sempre fui imensa leitora e trocava festas facilmente pelo prazer de ler.

Hebane: Dos livros que você já leu, quais foram os que mais te marcaram?

Suzana: Toda a obra de Jorge Amado, Érico Veríssimo, Rolland e Balzac, além de Fernando Pessoa e Drummond. Mais tarde vieram Cortazar, Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez e, enfim, todos os prêmios Nobel,sempre.

Hemingway,sempre.

Hebane: Ainda sobre os livros que você já leu, qual deles você gostaria de ter escrito?

Suzana: Jeane Cristophe de Romain Rolland em cinco volumes, edição antiga e O Velho e o Mar, Hemingway.

Hebane: Quais são os escritores e as escritoras que você mais admira?

Suzana: Balzac, Rolland, Érico Veríssimo, Jorge Amado, Drummond, Fernando Pessoa,

Gabriel Garcia Marquez, Mario Vargas Llosa, Cortazar, Clarice Lispector, Agatha Christie, Georges Simenon, Mário Quintana, Hemingway, Saint Exupery, são meus favoritos.

Hebane: Qual é o tema que mais te inspira a escrever?

Suzana: O desenrolar da vida do homem, seus amores, dores, vivências, frustrações,seu fascinante cotidiano, são minhas inspirações.

Hebane: Suas vivências e experiências como médica exercem influência sobre a sua literatura? Se exercem, como é que se dá esta influência?

Suzana: Sim, sou fortemente marcada por minhas experiências em consultório privado e atendimento hospitalar. Como psicanalista e psiquiatra escuto as histórias e experiências de vida da infância,as vivências infantis, até a idade adulta das pessoas,o que me enriquece sobremaneira no momento da escrita. Inspira-me e proporciona sempre novas idéias, rumos, trajetos enfim, o desenrolar de poemas, contos ou crônicas. Os meus sentimentos ao ouvir as histórias e vivências da vida,sejam de simpatia, comoção,ternura,amor,ou brabeza,agressão e ódio,são o motor de emoções profundamente experienciadas por mim, que me impulsionam,me movem a pegar da pena e escrever, compartilhar o que já não cabe mais dentro de mim.

Hebane: Em breves palavras, como pode ser definida a literatura de Suzana da Cunha Heemann?

Suzana: Olha, eu não sei ainda, acredito que os leitores são quem vão definir. Penso que sou uma escritora intimista, uma escritora do sentimento e da vida do homem em seu cotidiano. Uma escritora que visa à compreensão alheia e à própria.

Hebane: Dos eventos a que você assistiu e tem assistido na recente História do Brasil, qual seria digno de um poema, de um conto, ou, de uma crônica?

Suzana: Creio que a devastação de nossa natureza, nossas belezas, florestas, rios, fauna e flora brasileira. Tenho muita,mas muita dor por isto. E a dor, como o amor, impulsiona o escrever.

Hebane: Dos gêneros literários que você pratica, em qual se sente mais à vontade?

Suzana: Em todos, sobremaneira no que manda minha pena movida pela emoção do momento. No momento do ato de escrever.

Hebane: Você acredita em inspiração? Se acredita, como é que a define?

Suzana: Sim, fortemente, e a entendo como uma forte emoção interna, ou que brota de dentro e te ilumina e conduz ao ato incontrolável de escrever a fim de expressar este sentimento.

Hebane: De acordo com suas observações, o que você pode dizer acerca das cenas literária e editorial no Brasil?

Suzana: Sou otimista quanto a literatura e editora brasileiras. Na cena editorial literária, noto que, cada vez mais,o brasileiro escreve e publica, e isto vai do abastado ao pobre, do culto ao inculto.

Hebane: Que conselho você dá a quem deseja aventurar-se pelas trilhas da literatura como escritor?

Suzana: Sinta profundamente! Tenha acesso livre aos seus sentimentos e emoções em seus momentos,todos,de vida,e passe a expressá-los no papel.

Hebane: Muito obrigado pela atenção, pela paciência e pela gentileza de me ter concedido esta entrevista! Foi uma honra imensa tê-la como a primeira entrevistada em meu recanto! Espero poder recebê-la mais vezes neste modesto espaço!

Suzana: Eu é que me sinto honrada, querido e amado poeta de textos tão valiosos e afetivos, seja na poesia,nos teus contos,ou em tuas crônicas.

Um beijo.

Hebane Lucácius