O EXERCÍCIO DA CIDADANIA

Dr. Márcio - Como o Senhor explica esta safadagem dos administradores, não se importando com o futuro de suas cidades, de seu povo? Homero M. A.

HOMERO - Desde pequenos e depois confirmando nos ensinos escolares, ficou bem claro para todos que pensam o mais corretamente possível, que aqueles que exercem suas obrigações sem prejuízo social, mas construindo uma sociedade competente e alegre com seus resultados benéficos, sentem-se felizes, homenageados pela sua própria forma de pensar, vendo-se indispensáveis na construção de um mundo melhor.

Ultimamente, entretanto o “quanto” vem ocupando lugar do “correto”, para “gerar a felicidade”.

Esta observação vem sendo feita pela sociedade como um todo, onde parece que fingir ser ou ter é mais importante do que ser realmente.

Num mundo onde ganhar dinheiro e fama não merecidos, generalizou-se a tal ponto das pessoas se enganarem crendo serem os “maiorais”, “intocáveis”, sem se aperceberem que quanto mais se afastam da realidade, do integralismo moral, podendo dormir sobre toneladas de ouro, que momentos existirão onde se desmerecem automaticamente tornando-se cada vez mais afastados do padrão de moralidade.

Tenho a certeza de que segundos antes da nossa morte, fazemos uma avaliação de como foi o nosso viver e creio que se chegarmos à conclusão de que valeu a pena ser bom e íntegro, o desespero não nos acompanha para o além.

Não limito minhas observações na politicalha da propina, ou nos empresários que não medem o mal que podem provocar socialmente, como a fábrica de “defensivos agrícolas” que estão trazendo para Araras, com o consentimento sem estudos profundos, da realidade maléfica que se instituirá. Sinto-me triste, percebendo que “quem cala consente”, apesar dos juramentos de bons cidadãos que fizeram.

Creio que a manutenção do caráter deve ser uma de nossas primeiras assertivas.

Cito um exemplo que me preocupa, o de “Mais Médicos” onde a atitude de uma presidente e seu eterno conselheiro de “oito patas”, levando o país a um atendimento médico terrível, que oculta safadagens conhecidas, poderia ser modificado, se ao invés de aplicações não aceitas socialmente, pagassem de forma adequada às consultas médicas, para que a população tivesse um bom atendimento, nada de 15 minutos de consultas, ou marcação de exames urgentes para 40 dias, ou mais. E que não houvesse a corrupção de pagar R$1.500,00 por mês aos Médicos Cubanos, mandando como se estivesse alugando-os do governo dos “castradores”, por R$8.500,00 cada.

Angustia-me ver a imprensa se furtando ao dar notícias verdadeiras, para impedir que sejam cortados os seus favorecimentos pelas “otoridades”, sapecas, covardes, “propineiras”, com a eleição para cargos de “confiança”, de indivíduos que não negarão receber para participar os roubos. Falo com convicção, pois conheço alguns que foram despedidos por incompetência, de seus cargos originários e que hoje chegam á presidência de postos, onde o dinheiro rolará solto.

Quantas vendas, reformas e construções “maravilhosas” foram feitas, por pessoas que tais, não apenas em seus municípios, mas em várias outras cidades, pelo milagre emergente da propina.

Países sofredores, como a Ucrânia tem mostrado seu descontentamento, usando de processos dolorosos em busca de um porvir melhor, provando que a sacanagem pertence aos dirigentes e é repelida drasticamente pelo povo.

Porque viver fingindo em crenças religiosas, onde o comportamento pessoal de certos líderes e alguns seguidores é tão canalha, que nos fazem sofrer.

Não aceito a negativa de que “temos que ser perfeitos”; todos nós cometemos falhas, mas se soubermos compreendê-las e nos redimirmos delas, estamos afirmando nossa capacidade de nos revermos e buscarmos vivência mais adequada.

Procurar mentiras para justificarmos nossos atos ou punirmos pessoas capazes, no exercício de seus cargos, porque dizem a verdade necessária é uma covardia e quem se sente intimidado, mostra-se covarde, submisso, temendo a “despropina”.

Homero: Quero que saiba que sua pergunta foi muito boa e oportunista, pois tudo que descrevi vem me angustiando, pois sei que ao respondê-la, estarei magoando falsos amigos, que eu tinha o sonho de torná-los mais conscientes, alguns até propondo apoio, caso tentassem se reeleger.

Quero apenas que você e meus leitores não me vejam nunca como um exibido e sim, como já disse, sou um médico com obrigações políticas, sem me prejudicar com cargos submissos a uma autoridade, que nem sempre é, como pensávamos ser.