Isso são só lágrimas

São lágrimas e, olha, não são poucas. São lágrimas de regozijo. Ora, saudosistas, com aquela sensação de que não deveriam estar nem ali. Mas estão.

Também lágrimas que me fazem chorar. Mas não sou eu que choro, são só as minhas lágrimas. São elas as culpadas disso tudo.

As lágrimas que emudecem. As lágrimas que ora respondem, ora se esquecem de se demonstrar. Lágrimas que calamos. Lágrimas que, bem de vez em quando, escutamos. Sussurrantes, elas vociferam coisas que não foram ditas. Ou, também, ditas em demasia.

Mas somos todos feitos de lágrimas. Não é nosso corpo todo feito de água? E uma hora ele não aguenta mais ficar dentro de si? Por isso, ou urinamos ou choramos. Ou pigarreamos, cuspimos o que não dá pra falar. Ou gozamos na vontade de chorar. Ou acompanhado disso. Chorar é uma pequena morte também.

Mas com lágrimas, nascemos, e com lágrimas, morremos. Com lágrimas, também vivemos. E, com pleno asseio, secamos as tais de nossas olheiras e resolvemos que, agora, tá tudo bem. Pois tudo termina em lágrimas. O FIM É ACOMPANHADO DE QUÊ? LÁGRIMAS!

E o que fazemos depois de concluir isso tudo? Só nos resta deixá-las, elas mesmas, as lágrimas escaparem do ponto oblíquo e sem barreira de nossa fronte, o olhar. Deixa elas rolarem mundo afora. Deixa elas sentirem que são tão importantes quanto o sorriso também.

No fundo, somos somas de nossas lágrimas e sorrisos. Então, por quê não desacorrentá-las também? São só lágrimas. Lágrimas em um coletivo lotado, numa segunda-feira à noite e existencial. Lágrimas por perder algo que sentíamos ser nosso.

Mas, se parar pra pensar, isso são só lágrimas. E tá tudo bem não estar bem por isso.

S Paiva
Enviado por S Paiva em 15/10/2017
Reeditado em 12/07/2020
Código do texto: T6143669
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