Ensaio sobre ela

Ah… a ansiedade…

Querida ansiedade, velha e implacável amiga.

Foram tantos momentos juntas, lembro de todas as vezes que me fez achar que eu era o problema, achar que ninguém seria capaz de nutrir algum sentimento bom por mim, achar que todas as atitudes que eu realizava eram mal executadas, achar que minha vida nunca iria prosperar. Só de lembrar de todas as vezes que fui impulsiva e descontrolada por sua causa, lembrar de todas as ofensas proferidas num ato de loucura e inconsequência, tudo intensificado pelo imediatismo que você me trazia.

Eu estava bem, nem lembrava da tua face, mas ultimamente suas incessantes visitas vem me causando náuseas. Cada muro que construí para me manter sã e salva você tem desmoronado, tijolo por tijolo, pedra por pedra. Estou exposta, indefesa, vulnerável. Tudo e todos podem chegar até mim e sua presença me deixa menos seletiva, menos perceptiva, incapacitada de distinguir bondade de malevolência.

Dia e noite vem me visitar e arrancar cada segurança e certeza que eu julgava ter, acho que estou fora de mim, vivendo um zilhão de utopias, num mundo onde a realidade é alternativa.