A respeito do amor e do ódio

Topei com um texto do guru Osho a respeito do amor – e do ódio. E uma das coisas que ele dizia era que quando o amor surgir não haverá mais religião, ou Estado, ou nação. Vibrei intimamente com muitas das suas conclusões, porque é um entendimento semelhante ao que venho tendo, sobretudo, depois que tive contato com os textos “religiosos” do Tolstoi.

A mim ainda espanta que tantas igrejas não vejam nenhuma contradição entre pregar o amor e servir ao Estado – essa força criada e mantida por meio da violência. É bastante presente também, nessas igrejas, certos projetos de nação, o que mostra que acreditam nessa abstração chamada “país”, que divide a humanidade de acordo com os interesses egoístas de cada povo.

País e Estado prestam, pois, um desserviço ao amor, uma vez que se sustentam em valores que lhe são opostos. E, mesmo assim, são raríssimos os líderes espirituais que conseguem transpor esse aparato de violência e pregar o amor pleno, irrestrito e que não se importa com as consequências (o que teme não é perfeito em amor).

Parece que, assim como o resto da humanidade, os líderes espirituais também estão bastante apegados ao que é terreno e imediato. Não admira que certas crenças enxerguem na vida após a morte uma extensão do mundo material, com casas, prédios, cidades – há quem chegue a falar até em uma espécie de ônibus lá no além.

Não é exagero pensar que exista também um Estado, afinal. E cada país teria os seus próprios guardiões espirituais, o que sugere que os espíritos respeitam e aprovam as divisões nascidas pela cobiça humana. Como falar em “amor” se ainda baseamos toda a nossa vida em sociedade, e projetamos o próprio além, na mais pura violência?

Sou mais o amor libertário de um Osho.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 09/09/2017
Reeditado em 09/09/2017
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