SOBRE A ANSIEDADE

Ninguém te vê. Você é um ser solitário, ordinário, comum. A solidão é sua companheira diária. Não há abraços, congratulações ou festas pelas conquistas diárias, por mais que pequenas. Apenas um corpo cansado, olhos fadigados e a mente altaneira divagando sobre coisas que ninguém mais pensa. Você tem uma linda família, um relacionamento feliz e estável, mas passa mais horas com colegas de trabalho e almoça sozinho em sua própria mesa de trabalho, de costas para o sol e para o céu que figuram no mundo de alguém que é feliz por estar um dia tão bonito, sujeito esse que você não conhece. Enquanto escreve, você sente necessidade de criar parágrafos mas percebe que não, não é necessário parágrafos se as ideias sempre se voltam para o mesmo tema. Este tema que faz você pensar demais e derramar lágrimas sabe-se lá o porquê. Ao fim do dia, você quer carinho, precisa contar sobre seu dia com detalhes precisos, precisa de calor humano e o corpo colado no de outrem. Mas o que tem no momento é apenas uma tela fria, toques que digitam palavras protocolares e (por Deus, pelo menos isso!) wi-fi. Café da manhã, almoço, café da tarde, janta, noite sozinho. O estar sozinho é ter alguém consigo, mas este é alguém que você não suporta ter por perto. Sua própria companhia é tão detestável que você não pode fazer nada sozinho. É incômodo ir ao cinema, caminhar, tomar um café consigo mesmo, e é incompreensível como pessoas fazem isso sozinhas e conseguem ser felizes. Estar sozinho por um tempo é ter medo de sentir vontade de acabar sua própria vida pra poder fugir de si mesmo quando menos se espera e por motivos banais. Os pensamentos andam tão depressa que se chocam com a realidade, que anda tão devagar. Faz o coração acelerar, o desespero tomar conta e as lágrimas caírem por nada. Porém, é sabido que nunca é "nada", sempre é ela, a forasteira, insedejada, a imprestável, a solidão.

Alucy
Enviado por Alucy em 18/08/2017
Reeditado em 18/08/2017
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