Estereótipos.

Ai você nasce todo bonitão, segundo o que lhe dizem, principalmente sua mãe, fazer o que? Mães tem uma certa credibilidade. Isso faz você acreditar que tem algo especial, ela dedica tempo e dinheiro para te fazer o bebê “Johnson” dela. Então estamos lá crescendo adentrando naquela fase da vida em que você torce para ser diferente, mas faz tudo pra ser igual aos outros, acho que essa inquietação não foi exclusividade minha, até por que nada nessa fase transitória e exclusiva, queremos ser os mais iguais uns aos outros fazendo de tudo para parecer com nosso “igual” e isso e tão forte que movimenta sua existência, a qual você nem a percebe assim. Os estereótipos para você são confortáveis desde que seja a maioria, a colmeia, os que reproduzem tudo o que é dito por lá se sabe quem, você defende com unhas e dentes esses pensamentos que não são seus. Suas escolhas começam a ter alguma importância, pois você precisa decidir o que vai ser, qual vai ser seu novo estereótipo, mesmo que você ainda não tenha definido um. Somos forçados a escolhas rápidas e definitivas, mas estamos em uma fase onde tudo é rápido e nada definitivo. Isso faz com que qualquer identidade individual ainda que não desenvolvida, sofra com as pressões coletivas, você se vê no famoso “beco sem saída”: que caminho trilhar para a vida toda? Sendo que ainda não vivi nada.

Seguindo então a maré, tomo essa escolha, defino o que vai ser pelos próximos (todos) anos da minha vida, com essa nova etapa, novas formas são impostas goela abaixo pela força invisível desse ser que se chama Sociedade, como aquele remédio de gosto amargo que sua mãe lhe obrigava a engolir. Assim pessoas mais exigentes passam a reparar e controlar suas ações, pois agora deixamos der são seres mais cultos, em sua maioria mais abastados do que nossos colegas de infância. Agora não basta mais “Ser mais um na multidão”, terá que ser o que se destaca, pois agora a filosofia que você pretende seguir não tem mais espaço para os que são iguais e sim para os que têm algo diferente. Como fica minha cabeça que até agora almeja ser mais um entre os demais tendo que lidar com essa nova ótica que só existe espaço para os melhores.

Lutando contra todos os dogmas e correntes que impus sobre minha excentricidade, peculiaridade, sobre tudo que era e evitava transparecer, tinha que florescer (ah que palavra mais fresca, homem não diz isso) como uma fênix que chega ao fim de uma vida e se prepara para uma nova. Pedem-nos tal atitude que sejamos diferentes, mas não nos aceitam quando essa “diferença” não lhes convém, acontece algo que você passou todos os anos anteriores evitando, o rotulo negativo.

Até certa etapa da minha nada emocionante vida tinha me preocupado como os tais rótulos negativos, pensava comigo mesmo que tinha um rosto, atitudes e vestimentas que me faziam mais um entre os demais, pois era exatamente o que me era ensinado a fazer. Mas à medida que tive liberdade para conhecer um novo mundo que ia além das paredes da minha casa e de uma escola de bairro, percebi que tinha alcançado tudo o que queria quando mais jovem, era um ser invisível, um fantasma para os demais e para mim. Indaguei-me, será que é isso o que sou? Um nada, sem expressão, sem representatividade, fiquei em choque o que tinha então feito de todos esses anos da minha vida? Para onde essas escolhas me levariam? Seria uma pessoa da qual ninguém saberia descrever? Esse teria que ser meu ponto de virada.

Tive que encara o primeiro problema da mudança, você mesmo, a parte mais difícil da jornada da autoimagem e reconhecer o que precisa ser alterado e ter coragem para conhecer novas coisas, isso é bem doloroso, mexer com conceitos que você acredita piamente e também com os preconceitos que você tem. A zona de conforto e tentador, ela e conhecida você já tem todas as respostas, mas não estava mais contente com essas perguntas, queria perguntas novas, novas certezas, novos preconceitos também.

Nessa jornada os estereótipos sempre se proliferavam, sempre buscam ter agrupar em alguma casta, por mais que você busque sua identidade única. Isso acontece em todos os lugares da sua vida, e com as pessoas das mais variadas idades, profissões e sexos. A sociedade não aceita um paria, ela precisa da uniformidade, da homogeneidade de ser, pensar e agir. Querem que sua profissão o defina que sua cor de pele o defina, que seu estilo o defina, que sua orientação sexual o defina ou até mesmo entonação da sua voz. Mas por que eles querem tanto me definir, me por em um quadrado ou em uma gaveta com os demais. Se eu o autor da minha historia, do meu estereótipo que me aceito como essa criatura fractal, cheio de facetas que demonstram inúmeros desdobramentos dentro desse pequeno ser.

Dent
Enviado por Dent em 27/07/2017
Código do texto: T6066930
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