Monges contemporâneos

Sempre quando pensamos em monges, pensamos na clausura e renúncias de um monastério. Mas quantas prisões existem do lado de fora dos portões? Vou além, quantos corpos são monastérios com almas aprisionadas dentro deles?

O monastério protege o monge das tentações do mundo, no entanto, estar vivo é uma tentação e não há nada que possamos fazer para nos proteger de nós mesmos. Certo, podemos meditar, mas a meditação nada mais é do que a compreensão que todo processo começa e termina dentro de nós e em si mesmo.

Somos nossa própria ilha e isolamento. Uma ilha impenetrável por maior abertura e transparência que tentemos passar.

Podemos apontar uma direção do que somos, mas ninguém poderá entrar em nós e se deparar com toda a complexidade e contradições que nos habita. Podemos simplificar e resumir, ainda que não exista síntese que consiga a proeza de fazer de uma parte o todo.

Viver é uma renúncia, desde do nascimento, que abandonamos o útero até a morte, que abandonamos o corpo, que também é o nosso templo.

Que não esperemos a morte para abrir as nossas portas. Que cada passo possa ser dado de peito aberto. Não é o exterior que nos corrompe, antes o que trazemos dentro de nós.