Sobre recomeçar

Sobre recomeçar... Será que estou realmente recomeçando? Ou apenas finalizando muitas coisas? Não sei se são muitos ciclos de ‘início e fim’ ou apenas uma grande sequência de pontos finais... (Pontos finais?? Espero que sim! Por favor, sem reticencias por aqui!)

De certo modo, posso dizer que acho belo o esforço do universo para me retirar de um grande ciclo de vivência “padrão”. Quando falo sobre “vida padrão” me refiro ao que fomos ensinados desde que nascemos, um fluxo natural pelo qual nossa criação de forma geral foi guiada.

Aprendemos as responsabilidades, precisamos ter seriedade com tudo o que fazemos. Devemos estudar, sermos os melhores da turma, praticarmos algum esporte, aprender algum instrumento musical... Mas por favor, não sejam atletas ou músicos! Estes morrem de fome. Estudos em primeiro lugar! Sejamos futuros advogados, médicos! O que podemos fazer com as afinidades desenvolvidas que nos daria bom retorno financeiro?

Devemos trabalhar e com empenho, ter bons salários – “dinheiro não nasce em árvore!” –, ter um plano de carreira ou até investir num negócio próprio. Como é lindo empreender! E ser bem sucedido, claro! Sempre ser bem sucedido!!

Aprendemos que não é suficiente ter uma dedicação mediana. - “Deus ajuda quem cedo madruga” – Desde muito cedo entendemos que somos valorizados, recebemos carinho e reconhecimento quando nos destacamos de alguma forma. – “Encontre algo que você goste de fazer e seja o melhor nisso” - Que tipo de carência estamos criando e alimentando com isso?

Então trilhamos uma vida de dedicação exacerbada, busca por reconhecimento, por se sentir especial, se destacar na multidão... Com qual finalidade??

Sem preconceitos com o estilo de vida, cada geração faz o melhor que pode com o que recebe. Contudo, após cruzar esse limite, valorizo sair e valorizo mais ainda a dedicação para não retornar, em encontrar novos caminhos, aprender a fazer a vida de uma forma diferente.

Quantas crenças limitantes adquirimos nesse caminhar? Crescemos na trilha dos tijolos dourados dos caminhos do ego*. Entendemos – gostaria até de usar este verbo no passado – que nossa essência, instintos, intuições são burros, infantis e inconsequentes. E vivemos sob o véu dos afazeres e responsabilidades do mundo bidimensional (junto com algumas outras distrações) sem ao menos nos questionarmos quanto à intenção da nossa passagem por este local. (?)

E então vem a vida e nos coloca algumas sequências de acontecimentos e oportunidades com a intenção de gerar movimento, nos tirar da nossa zona de conforto. De alguma forma, recebemos um tipo de “chamado” para questionar, reaprender e nos reconectarmos com a nossa essência. Este é um momento crucial: cada um vê o que quer. Será que somos capazes de avaliar com clareza e sentimento – eu demorei muito para entender que existe diferença entre o sentir e o sentimentalismo – ou vamos nos manter reagindo de acordo com o ‘consciente coletivo’?

Podemos optar por utilizar esses acontecimentos como oportunidades de recomeços. Como disse Bukowski, você precisa morrer algumas vezes antes que possa realmente viver.

Então comecei a refletir sobre começar do zero aos 33 anos de idade... Pensei em todas as coisas que já estudei, me dediquei, trabalhei... Noites em claro, tantas coisas que abri mão em função dos objetivos traçados. E é nesse momento em que se deve frear o pensamento! Simplesmente nada disso interessa!

O fato é que tudo mudou! Os objetivos não fazem mais sentido. Os objetos de afeto e dedicação já não existem mais! E eu... me perdi!

Não me arrependo das minhas escolhas! São estas que me trouxeram até aqui. Arrependo-me por onde estou? Não. Arrependo-me por quem sou hoje? Não. Arrependo-me pelo que tenho ou deixo de ter? Não.

Para mim, a principal destas perguntas é a segunda. Tudo o que vivo me transforma de alguma maneira, me ensina algo. Se retirar qualquer um dos acontecimentos, eu retiro algo de mim e mudo quem eu sou. Então... Não! Eu não mudo quem eu sou! Mas ainda quero ser uma versão muito melhor!

Sou quem quero ser? Estou onde quero? Não também...

Sou grata pelo momento! Pelos amigos e família maravilhosos que tenho. Por todas as pessoas incríveis com quem tive qualquer tipo de troca de experiências ao longo do meu caminho! Definitivamente sou muito abençoada! Sou grata por todas as oportunidades que tive, por todos os desafios e dificuldades e tenho certeza de que o aprendizado adquirido sempre me será útil!

Sendo assim, vamos ao que interessa: quem eu quero ser e como quero que minha vida seja! Pois, antes de tudo, para recomeçar preciso saber para onde quero ir!

Pensei por muitos dias sem conseguir chegar à nenhuma conclusão. O que fazer? Qual o meu propósito? Afinal... em que eu acredito? O que me dá prazer e satisfação?

Depois de muito me questionar, cabeça aflita... Não conseguia mais pensar! Não conseguiria ver a resposta nem se ela estivesse bem na minha frente! Tentei encontrar outro caminho, pensei: se eu não consigo ter uma projeção, o que eu consigo fazer hoje com o que eu tenho? Precisava começar por algum lugar! Se nada é definitivo, sair da inércia já iria me ajudar.

Descobri que para chegar onde quero ainda preciso de preparação, adquirir conhecimentos novos e preciso aceitar que não consigo isso para hoje! Ou para o próximo mês! Resta-me ter paciência e traçar o plano em degraus suaves com alguns níveis intermediários! (risos)

Afinal, voltar para o início após chegar à metade do tabuleiro muda totalmente a cara do jogo! Isso pode ser bom ou ruim! Depende dos olhos de quem vê!! O que você escolhe?

Gabi Parvati

* Uma breve pausa para estudar um pouco sobre o ego. Pesquisa sobre informações básicas sobre ego, superego e id dentro da psicanálise e da espiritualidade para entender um pouco melhor sobre o assunto. Segue alguns trechos que considerei interessantes:

Ken O’Donnell – “O esforço espiritual portanto, não é de anular o ego, mas elevar o senso do ‘eu’ ver as coisas como elas são e não como eu sou.” (...) “Em essência, eu só tenho que ser o melhor eu que posso ser.”

Frank M. Wanderer – “Na maioria das pessoas, o termo “Consciência” identifica-se com aquele Ego socialmente condicionado. Em muitas pessoas esta identificação é tão forte que elas não sabem que a sua vida é governada por uma mente socialmente condicionada.” (...) “Aqueles que são capazes de ir além desta identificação com a mente, reconhecem este estado de estar socialmente condicionado e, também são capazes de abandonar o condicionamento social. Tais pessoas não se identificam com a mente, mas, cada vez mais, com a Consciência (a Presença Testemunha). A Presença deve, portanto, controlar a mente de forma crescente a qual manifestar-se-á através da mente tranquilizada.”

Prama Shanti – “Vocês estão em uma época de mudanças intensas, Gaia acelera e aumenta a frequência de suas mentes. Vocês tornam-se cada vez mais inquietos, seus corações angustiam-se por não conseguir acompanhar as mudanças que estão acontecendo. Esta angustia é o anseio de sua alma, que é barrada pelas resistências de seus Egos.” (...) “Vocês têm milênios de educação repressora, cuja finalidade era apenas de mantê-los infelizes para que pudessem ser escravizados. Vocês são escravos que agora estão vislumbrando uma pequena Luz que os levará à Liberdade.” (...) “Aqueles de vocês que conseguem libertar-se um pouco mais de toda esta repressão, enfrentam todas as resistências possíveis. De seus pares, familiares, amigos e da sociedade como um todo. É necessário um profundo desapego e uma profunda certeza de seu caminho para enfrentar estas dificuldades. Esta certeza é possível apenas para aqueles que conseguem escutar sua alma, vibrar no amor e desapegar-se das amarras tridimensionais.”

Gabi Parvati
Enviado por Gabi Parvati em 09/05/2017
Código do texto: T5994393
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