QUANDO EU VOU NAMORAR?

Estava aqui pensando, na minha mais absoluta solidão, no quanto é difícil acreditar que uma hora vai dar certo, que vai aparecer alguém interessante na minha vida pra me tirar desse sossego angustiante.

“Deus está operando na sua vida, amiga, vai aparecer uma pessoa bem legal, você merece!”

Sim, eu sei. Deus também, mas estamos nisso. E eu nem me atrevo a pedir. Da última vez que lamentei estar só, pedi tanto, que Ele me atendeu. Mas deu no que deu. Dessa vez eu não vou pedir. Traumatizei. Prefiro que seja por acaso, pela vontade Dele, sem que Se sinta pressionado.

Eu sinto falta da euforia do começo, da fase do encantamento, da beleza das sensações quando estamos no início de uma relação: o frio na barriga, a troca infinita de declarações e promessas; a taquicardia resultante do beijo na boca bem dado...

O que eu quero não tem nada de extraordinário, mas para o que percebo hoje, nas raríssimas possibilidades que minha mente cogita, nem querendo um ser simples, comum, eu posso ter esperança.

As relações, até onde pude ver, são tão superficiais! E não me interessa estar com alguém que não me preencha inteira. Eu gosto de viver intensamente o que eu sinto!

“Mas você vive dizendo que quer ser livre!”

Sim, é verdade. Quero ser livre para escolher o que quero viver e isso inclui as relações. Não sou obrigada a seguir numa história que não me faz feliz. Dou o melhor de mim e espero retorno, claro. O amor não resiste a tudo, como dito poeticamente. Ele é construção!

Hoje, nem pra sexo eu consigo imaginar uma possibilidade. Porque me parece tudo tão sem emoção! Se você manifesta carência, há sempre um convitezinho cretino para “resolver o seu problema”. Alguns pensam que a prática sexual limpa e seca é suficiente para satisfazer o outro. Nunca foi. Nunca será. Engana-se quem quer. Eu não.

E a insensibilidade é tão grande que as criaturas acham que uma relação sexual de qualquer jeito resolve alguma coisa. Piora a situação, isso sim. O vazio se torna maior.

Eu quero além de sexo. Coisas simples como uma boa conversa, por exemplo. O cuidado com o outro, o respeito, o estar junto para ouvir, para aconselhar, para celebrar conquistas. O estar ao lado para incentivar o crescimento, para fazer planos e lutar por eles.

“Ah, mas você tem que sair mais, desse jeito vai continuar só!”

Também não é isso. Os encontros de vidas, a rigor, não se dão assim, sob luzes, cigarro e bebida, na balada. Pensar assim é minimizar o quão sublime é o encontro de almas, a escolha, o apaixonar-se pelo que o outro é. Escolher um romance pela aparência física ou pela roupa, ou pelo jeito que a pessoa dança, ou pela gentileza em oferecer uma bebida, é algo que não funciona.

“Mas você escolhe demais!”

Não é escolha. Na verdade não há o que escolher. Eu não vislumbro possibilidades. E isso é um problema, porque a todo instante eu penso em como eu queria estar vivendo uma história de amor. Mas eu não sei quantos estão interessados em viver isso.

O interesse é imediato, uma conversa, uma troca de imagens, um motelzinho e um sexozinho mais ou menos e pronto. Os que vivem isso podem até acreditar que estão curtindo a vida, que por seu caráter passageiro, merece ser desfrutada.

Mas eu não quero nada “inho”. Nem relações mornas. Nem homens que não entendem nada do que eu digo.

“Mas, e aí, quando você vai namorar?”

Eu não sei.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 03/03/2017
Código do texto: T5929241
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