A interpretação desta música vale um dia detox*

Luciana Carrero

Epígrafe: "(...) pode falar não importa, o que eu tenho de torta eu tenho de feliz (...) Nem vem tirar meu riso frouxo com algum conselho, que hoje eu passei batom vermelho / Eu tenho tido a alegria como um dom, em cada canto eu vejo o lado bom (...) Pode falar que eu não ligo (...) Eu tô ficando velha, eu tô ficando louca!"... (Mallu Magalhães)

Toda esta preguiça, digamos assim, é pura entrega a um momento ímpar de arte que se consolida nesta grácil melodia dotada de uma leveza sem par. A sensualidade discreta da intérprete simboliza o efêmero de tudo que somos em nossa individualidade desarmada (?), ou nem tanto, podendo até ter sido premeditada para parecer sutil e convidativo a uma viagem neste balanço agradavelmente benigno que vem para acalmar as durezas do nosso (desculpem o genérico “nosso”) espírito açoitado pelas forças do mal do mundo, porque nem todos estarão açoitados como eu.

Quando falo assim, “em nossa e no mundo”, não estou querendo impor a existência de um pensamento universal, como se fosse este evento musical perceptível a todos da mesma forma que o foi a mim. Apenas falo da minha satisfação pessoal auferida a partir ou desde o desempenho desinteressado, dengoso, que levou-me a... ou trouxe-me de... para uma nova perspectiva de relaxamento.

Querer dizer desta obra musical num sentido mais amplo, foge ao meu instante ocasional da passagem de um anjo que andou trazendo toda esta aura inebriante.

Querer universalizar à força, sem sentir como outrem, ou ouvir a opinião de outrem, seria impor uma condição para influenciar com o que penso de mim para mim, ante este episódio artístico, a quem pudesse ser influenciado. Não tenho esta pretensão. Da mesma forma que assimilei a leveza desta peça poético-musical, imagino que alhures a assimilem, e é só.

Não há nenhum sentido crítico neste depoimento que escrevo e sim há a revelação de minha visão personalíssima, que seja, então, só minha percepção intransferível. Por isso repassei o link desta música de uma artista, para mim desconhecida, que chega trazendo uma oportunidade de fazer-me refletir e eu quis registrar. Agradeço a gentileza da minha amiga jornalista Maria Luiza Nunes em trazer-me o link. Quem quiser, reflita por si. Bom começo para um dia detox.

* A música é: "Velha e Louca", com Mallu Magalhães. Está no Spotify ou no Youtube.