Quando o Humor Ofende?

Luciana Carrero

Concordo sobre não resistirmos à oportunidade de uma brincadeira sadia. A filosofia que assimilei quanto a isto é: "Perco o amigo, mas não perco a piada". Não é porque uma pessoa é sua amiga que você vai perder de publicar uma piada da qual ela foi protagonista. Sempre conto "o milagre", mas não conto o "santo", para não ferir suscetibilidades. Mesmo sem citar nomes, já houve amigos que se identificaram no texto e ficaram contrariados. Quando vieram reclamar, eu disse: deixe de ser ignorante, curta a piada! Você me dá uma preciosidade na bandeja e depois não quer que eu divida com os outros! Há casos em que nomes são citados, mas para mim não representam nada de negativo, referindo-se a mim, se não forem ofensivos. Neste caso, só me acrescentam. Então considero um marketing, pelo qual agradeço a gentileza de mencionar-me em uma salutar abordagem intelectual. Autorizo a sempre citar o meu nome, mesmo que seja numa piada, quando é de bom gosto e oportuna. O humor faz parte da literatura. O escrachado me ofende, como este que fazem no Zorra Total, que ridiculariza o ser humano e não acrescenta nada, ou até acrescenta, quem sabe? Gosto de Mr. Been, Chaves, André Damasceno, Trapalhões, Chaplin e outros semelhantes. Foi bem interessante uma situação que alguém colocou, numa discussão de intelectuais freudianos versus "anti-Freud". Faz parte da literatura outrem entrar no contexto com algo de humor. O artista tem de contemplar as diversidades dentro do seu gênero ou até buscando-as em outros. Há de ter coragem de dizer o que pensa. Assim se constrói o mundo das Letras. O humor também está presente na poesia universal, nos cantores regionalistas, com grande destaque no RS. e no NE. O humor construtivo me agrada, principalmente quando tem algo sutil de sátira, digamos assim. E pode ser interpretado até como uma crítica velada àquela situação abordada, do tipo: chega! Vocês já estão chatos. Pé no freio! Faz rir e refletir. Esta dualidade é uma viagem da inteligência privilegiada. O humor é humor, mesmo, quando ofende. Mas como aquilatar e respeitar a linha tênue entre fazer humor e não ofender os humanos?

Depende da sensibilidade ou do trauma de quem se vê envolvido na questão. E depende do bom ou mau humor de quem escreve ou lê.