A VIDA É UM INSTANTE

Que angústia que sinto quando sento em frente ao computador e, simplesmente, não sei o que escrever. E, então, eu começo a me martirizar porque eu pretendia escrever todo dia, pretendia me disciplinar como esses autores, cronistas, jornalistas, roteiristas, novelistas. Esses que acordam cedo e fazem o galo cantar nas teclas de seus teclados. Logo eu, como diria o William Bonner, eu que queria tanto fazer um retrato do dia só para ler depois e me lembrar de como foi tim tim por tim tim. Mas, foram tantas coisas num único dia, e eu gostaria de falar de tudo porque tudo teve seu relevo e importância, mesmo que para os outros tenha sido algo muito banal, como comentaram sobre os noticiários da gravidez gemelar da Beyoncé. Mas, vem cá! Qual mulher não se queria mãe, e ainda por cima, mãe de gêmeos? Ops! Tenho que parar – não, não é com o assunto da gravidez, não!!! – Tenho que parar para alterar a fonte, pois estava na “calibri 11” e, apesar de bonitinha, é impossível de eu enxergar. Mas, continuando. Esse texto poderia fluir gostoso; eu iria colocando uma observação sobre cada coisa e uma a uma as ideias iriam tomando forma e, no final, seria realmente algo interessante de se ler. Mas, voltando a Beyoncé; achar a exaltação da maternidade uma coisa banal é uma tremenda canalhice. Oras, a maternidade é um evento que move a vida da mulher para todo o sempre. Ela vai carregar o bebê no ventre por nove meses se tudo correr conforme o previsto. Após o nascimento, um a dois anos, praticamente, o carregará dependurado em seu corpo. Nos braços, nas costas, na frente. Abraçando para acalmar, para fazer dormir, para acalentar, para conter o mau humor antes do sono, para acolher a dor, a moleza da febre ou a congestão nasal. Depois vem a posição curvada às necessidades dele. Trocando fraldas, dando banho, alimentando, ouvindo e ensinando. E, quando ele estiver andando, certamente, será ela que o acordará para levá-lo à escolinha, o ensinará a amarrar o cadarço do tênis, penteará seu cabelo e, ainda, limpará seu bumbum muitas e muitas vezes porque mãe que se preza não quer ver seu filhotinho passando vergonha por estar fedido. Ensaio e erro com a higiene de seu filho nenhuma mãe quer para si. O pai pode ser maravilhoso, mas quem vai acompanhar de perto a transição da infância para a adolescência é a mãe. Sempre com a intenção de ensinar alguma coisa sobre valores, cultura, segurança e, claro, higiene. É a mãe que nota o “chulé” e o “Cê-cê”; e sabe por quê? Mães adoram abraçar seus filhos! Nossa! Já pensou fazer tudo isso por dois? Aí, chega aquele ponto do texto que eu fico refletindo, pensando, pensando, me lembrando de mim e da minha mãe e das minhas irmãs que são mães, dá até vontade de chorar, principalmente, quando me lembro de meus sobrinhos ainda bebês... Mas, preciso despistar a emoção e seguir em frente; usar só a parte que cabe no enredo e voltar ao foco. Mas, qual era mesmo o foco? Ah, tá. Dar uma pincelada nos assuntos marcantes, e fazer de forma tão graciosa que, realmente, esse fosse um retrato bonito de se ler do dia dois de abril de dois mil e dezessete. Dia de Iemanjá! Gente, que coincidência! Mulheres e mães; hoje foi o dia delas. Mas, não posso deixar de mencionar a Dona Marisa Letícia Lula da Silva. Sim, a despeito dos que discordam politicamente das ideias de seu companheiro, quero lembrar-me dela como ela era tratada com ironia por muitos ou respeito por outros: A “D. Marisa”. Quero usá-la como uma referência a finitude das mães. Mães, sejam elas de esquerda ou direita. Donas de casa ou senhoras do mundo público. Anônimas, como foi a minha, ou figura pública como quiseram que fosse a “D. Marisa”. Mães são instantes. Mesmo que olhando de longe pareçam eternas devido ao eterno desejo de servir que elas têm. Mães são instantes. Mães são suportes e, quase sempre, suportam demais. Com grandes braços, alcançam os filhos. Abraçam os maridos, suas causas ou causos. Ficam ali, do lado, geralmente, com o braço no ombro de quem precisar, e é tão interessante como nos sentimos bem se ela está por perto. E como dói se ela não está. Não existe mãe covarde; por seus filhos de tudo são capazes. Barack Obama usou seu último discurso para agradecer a sua Michelle. Não enfatizou o trabalho que ela exerceu como parte de sua equipe, não. Enfatizou o seu legítimo exercício da maternidade que assegurou o desenvolvimento, razoavelmente, saudável de suas filhas. Beyoncé brigou pela união de sua família, atacada pelos racistas anônimos em redes sociais. Chamou seus irmãos de todas as cores para uma “Formation” e fez dos limões que lhe ofereceram uma verdadeira “Limonade”. Mostrando que uma família é um bem mais que precioso. É um bem imaterial e ancestral. Vale a pena lutar até o fim. E, às vezes, o fim vem coroado de vida. Às vezes, o fim vem em uma coroa de flores. Ninguém deveria comemorar a morte de uma mãe. Nunca. As mães deveriam ser eternas e, se assim o fossem, certamente, o mundo seria bem diferente. Mas, esses que vibram hoje, terão também o seu dia de prantear, pois a vida é um instante.

Adelaide de Paula Santos em 02/02/2017

Acho que fiquei amiga de infância da minha corretora que se chama Fabiane, a "Fabi". A conversa que tivemos hoje me trouxe esse ensaio e outros tantos que vou guardar para o porvir. Uma pessoa quando é boa só acrescenta. Deus é providência e vai criando caminhos e nos dando o suporte necessário para continuar. Gratidão!

Fiquei horas conversando com o meu amor e ele, sempre, me acalma.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 03/02/2017
Reeditado em 03/02/2017
Código do texto: T5901074
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