A SUBLIMIDADE DO AMOR (CAPAZ DE IRRADIAR LUZ PARA O MUNDO)

É sempre mais fácil demonstrar amor quando nos tornamos favorecidos pela nossa história de vida, uma vida que é rica de todos os cuidados e demonstrações de afetos e carinhos possíveis. O mais incrível é quando alguém sabe amar quando não teve condições de ser amado. Este, sem dúvida, foi o que conseguiu ir além de uma condição miserável e desfavorecida.

Uma pessoa assim não só soube transpor os suas próprias limitações, como também serve como exemplo de coragem para todos aqueles que não souberam dar valor no amor que receberam com todo esmero, o mesmo amor que foram favorecidos durante a vida. Nos dias de hoje, o que mais há nesse mundo são pessoas assim, indivíduos que vivem como se não existisse nada além do que o seu próprio ego; é, pois, como se um véu espesso obstruísse ou encobrisse qualquer abertura para o diálogo e a alteridade.

O amor só é possível quando superamos a nossa condição de seres estritamente racionais, condição essa que nos deixa presos a uma cega cadeia de causalidade; e passamos a participar junto de Deus (fonte máxima dessa dádiva perenal) da eternidade que se manifesta em nosso ser mediante os frutos do espírito. É triste e angustiante pensar que, nos dias atuais, por conta da competição estimulada pelas empresas e por esse sistema vendedor de ilusões, que o amor deixou de ser uma prioridade na vida das pessoas, tomando lugar exageradamente a ansiosa busca pelo status social e pelo reconhecimento social que jamais reconhece.

Há inúmeras ilusões que muitos seres humanos por aí se alimentam, acreditando cegamente que podem ser melhores do que os outros somente pelos bens que podem ostentar aos demais; embora saibamos, infelizmente, que são escravos de sua própria fortuna e de seus próprios luxos. É dessa forma, um tanto miserável e empobrecida, que o diálogo, a amizade, a solicitude e a solidariedade nas relações ficam comprometidas e enregeladas, acarretando a falta de emoção e entusiasmo até pela própria vida.

Tudo parece demonstrar que a hospitalidade e o socorro aos necessitados estão cada vez mais escassos, onde o que se prioriza é estar na dianteira de nossos semelhantes...e tudo isso acontece porque é exigido que sejamos os melhores em tudo, pois só assim podemos ser ''amados e bem queridos'' pelas pessoas! Diante dessa perversão e mutilação dos valores mais genuínos, as pessoas acabam criando uma falsa consciência, acreditando que elas só poderão ser amadas e idolatradas se representarem algo socialmente, ou seja, esbanjando compulsivamente bens, sucesso, status e dinheiro.

A triste consequência desse modo de ser e de encarar a vida é a formação de um pensamento ou de uma crença que leva em consideração apenas a superficialidade da aparência exterior (a superficialidade de uma alma inebriada pelos prazeres fugazes e pelos luxos que em nada edificam), em vez de ser valorizado a riqueza interior de um coração singelo juntamente com os valores morais presentes no interior da alma, bem como a espiritualidade irradiada por um ser humano impregnado pela luz do evangelho com os seus tesouros espirituais norteadas pelo espírito santo de Deus. Daí a extrema dificuldade em falar de amor nos dias atuais fartos de competitividade predatória!

Mas o amor, apesar disso, é algo que existe sim. Não é uma miragem que os idealistas criam e perseguem, pois o amor se manifesta, antes de mais nada, na simplicidade dos pequenos gestos demonstrados, na verdade das atitudes praticadas diariamente, na honestidade frutificada nas relações (sejam elas amorosas ou não), na PRÉ-ocupação com a vida de quem necessita de nosso cuidado e, por fim, na hospitalidade que damos àqueles que clamam por socorro nos desertos da existência.

O amor, com tudo o que faz pensar nele, está na ordem do excepcional e do extraordinário, não que nos dias de hoje somos incapazes de demonstrar essa virtude que brota de nossa alma, longe disso; mas não podemos esquecer que vivemos uma época que prega uma ideologia que se distanciou do princípio mais originário, no qual busca colocar o outro como verdadeira prioridade. Este que nada mais é do que o princípio gerador das grandes virtudes, como amor, compaixão e caridade, longanimidade e equidade. Com a sublimidade que procede das mais variadas formas de amar, é possível sermos a luz do mundo tal como Cristo ensinou aos seus verdadeiros fiéis.

Cabe, portanto, cada um de nós resgatar o que se perdeu nas ilusões de uma era esvaziada dos mais nobres valores; podemos fazer isso no dia a dia através de pequenos gestos e atitudes excepcionais que fazem grande diferença até mesmo para aqueles que já não conseguem ver qualquer reverberação de luz. A melhor maneira de reverberarmos essa atitude é dispensarmos, mediante o recurso da oração e da meditação, quaisquer resquícios de interesses para a obtenção de algo em troca. Hoje parece ser difícil esse trabalho de renovação interior; talvez seja por esse motivo que o excepcional e o extraordinário sempre ofuscam os olhos daqueles que se perderam nas amarras do puro egoísmo.

Que o amor, então, seja a grande prioridade para os bons de alma; e, sobretudo, que a sua reverberação possa ofuscar a malícia daqueles que deliberadamente preferiram naufragar nas trevas da indiferença, deixando esvair os seus mais belos e profundos ideais e sonhos em nome de um papel social apenas!

Não poderíamos pensar o amor como uma fonte inesgotável para a nossa reconstrução espiritual e psíquica? Não poderíamos, por outro lado, comparar o amor (esse rio caudaloso e cristalino que arrebata a alma) como uma lanterna capaz de iluminar as trevas de um mundo enclausurado pela mentira da competição predatória? Não seria ele a maior riqueza em nossa época de tantas pessoas sem coração, em nossa época empobrecida de justiça e misericórdia na vida de todos aqueles que necessitam de cura e libertação? O amor é algo sublime, é como as forças cósmicas da natureza: grandioso e arrebatador... E enquanto tivermos a capacidade de contemplá-lo com emoção e paz no coração seremos profundamente livres, as trevas nada poderão fazer para nos cegar e nos iludir!

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 27/01/2017
Reeditado em 09/04/2019
Código do texto: T5894061
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