Dueto - O Amor Sem Condição

- A Morte da Lenda –

Não eu não quero perdão

não quero me redimir nem alto me punir

por tocar fundo as suas vísceras

acalentar cada uma de suas feridas

e assim te fazer descobrir que tens um coração

No amor não cabe perdão nem justificativas

não me desculpo por te fazer amar a vida

assim como não pode se culpar por te amar

me tornando sua, ai que me fiz inteiramente minha

Não eu não quero remissão

por te fazer temer o beco sem saída

o caminho da degradação que até então seguia

uma vida triste, vazia, sem comoção...

Não eu não me desculpo por te mostrar que em ti

não havia só escuridão...

Como em grande ato, como as luzes de um grande teatro

me ensinaste que só existe sombras aonde a luz é maior

Não se assombre com sua luz...

pois ela foi a salvação de minha vida

grande guia e amiga que me fez conhecer o amor

e sair de um estado que como o seu era de total apatia

para mim não via saída, até perceber que seu amor me conduzia

Não eu não peço perdão por sentir medo

e ter ido embora aparentemente sem receios...

me vi entre o meio...Não era mais o início

e assistir o fim se tornou meu maior pesadelo!

Eu não quero e nem me interessa seu perdão...

Por te despertar para vida

te fazer aceitar que como todos, também sentia...

Não me desculpo por entrar onde não fui convidada

girar a maçaneta que há tempos estava lacrada

tal qual tumba anônima, pelo tempo esquecida e fechada

O verdadeiro amor dispensa convites

só torna mais doce mas não menos difícil nossa jornada

pois na vida também há momentos tristes

mesmo amando não vivemos em um idílio de conto de fadas

Que seja dado a nós nosso devido quinhão

Não alimentemos mais lendas...

E que assumamos que fomos e somos verso e poesia...

Alma e coração... Música e melodia... Poeta e artista...

E não apenas mera repetição

Que não carreguemos mais peso que o necessário

que aprendamos a liberar todo julgo

que por vezes se faz tão pesado

que a mudança no presente reverbere no passado...

e também o contrário...

Então façamos do futuro valioso presente...

que não tenhamos mais cuidados que o preciso...

E obrigada por ter lembrado!

E ainda assim continuar me amando

Meu doce, excêntrico e eterno amado!

Gratidão pelo não perdão...

Pois assim enfim nosso amor foi inocentado...

E em nosso destino que parecia perdido,

pelo trágico cómico selado,

esse amor das cinzas do Vesúvio renascido

foi plenamente aceito e admitido...

E pela justiça coroado!

- Não Cabe Perdão-

Em meio da labuta e tantas penas

esse amor é frescor

o instante de paz inspirando doce poema!

Germina as terras áridas de meu deserto

trazendo de volta as boas maneiras em amar

misturo-me nas águas dessa tempestade

e sem temores, aliviado pela força de teus amores,

corro e deságuo nas águas do mar!

Tão poderoso esse nobre sentimento

que não morre diante as leis implacáveis do tempo

E tu que tens a alma embevecida desse amor

me chega sempre tão atrevida

reascende a luz em minhas sucursais mais escondidas!

Sempre me faz lembrar:

Se grande é minha sombra, maior é a luz que me ilumina!

E por tanto tempo fui breu e silêncio

que imagino o quão custoso para ti deve ser

Sempre me abrir os olhos e o melhor de mim me levar a ver!

desacostumei com minha bondade

esqueci da claridade que todos nós temos

por sermos parte pulsante da vida

mas se fugi foi pelo medo da colheita de minha desdita!

Ilude-se aquele que crê que os incautos anseiam escuridão

buscam famintos pela luz que lhes devolvam a visão!

É na claridade alheia que sugam vida...

Todo vampiro sente falta da luz do dia!

Mas as minhas sombras tornaram-se sangue disputado

exigências de perfeitos e incomparáveis atos

me esqueci de que sou “qualquer um”

por ter sido torturado pelas expectativas

de tantos tolos que me julgam incomum!

Essa é a lenda criada...

Acabou que se tornou realidade em minha longa estrada

mas... A lenda perde toda sua força quando diante de ti

tenho a alma desnuda por toda tua graça!

Alegra-me saber que não anseias o meu perdão

pois, diga-me como perdoar

o que nunca, por ordem alguma, é agressão?

Curandeira de minha alma...

cutuca minha ferida, arranca a casca

e trata a putrefação de minha alma!

Não posso te perdoar, minha querida

Por me fazer amar muito mais que um simples mortal poderia!

Não posso te dar escusas por arrancar a erva daninha de meu coração!

Creia-me quando digo: A coragem é exigida em ato de risco

Quem mais ousaria tão fundo ir na complexidade de minha emoção?

E se tantas vezes pareceu maldição

foi por conta do amor em guerra!

No entanto, se o amor for enaltecido diante a devastação

só fica a calma... O contentamento da eternidade de um momento

um perene amor de verão

que diante a rudez do inverno não perde seu imponente porte!

O amor que floresce na primavera e mesmo sendo folhas que no outono secam

não encontra a morte!

Te perdoar seria rechaçar a minha sorte!

Seria dizer-te que me amar foi teu erro...

Se te perdoar me torno alma indigna do perdão

Pois saibas tu que é teu amor que me salva da degradação!

é a consciência em beijos sabor de mar

é a certeza de que entre espumas e desejos eu quero existir

que eu não posso, sem nada fazer, partir

me leva para junto de Deus e lá, mesmo entre homens, querer ficar!

O abandono é a didática perfeita

para o homem que pensa ser só sem estar sozinho

é a melhor maneira de apontar um caminho

Abandonar é fazer o perdido no mundo

a si mesmo, entre meios e defeitos, se encontrar!

Teu amor me assiste sempre da forma que necessito!

Que eu hoje possa permitir que tu ames

como queres e precisa...

Amar com toda a tua devoção de artista!

Que hoje não faça necessário o escarnio e a espada

eu permito que seja, mais que minha mestre...

que possa amar como a eterna namorada!

Morre aqui, nesse poema, o ciclo do abandono!

Aceito a luz que projeto em seu olhar

morre o ciclo das tormentas

das lágrimas e dos teoremas

nada, que não seja o amor sem condição

irá receber valor!

Eu me permito ao meu melhor

e a verdade que tu despertou!

Eu sou de carne, carbono ...Eu sou estrela

não há fraqueza em chorar!

Eu aceito da vida o perdão

que um dia neguei, a mim mesmo, dar!

Algumas vezes a ordem do Senhor

não há de suprir sua necessidade

então façamos, nesse momento, o que ele precisa

mesmo que pareça, para com ele, infidelidade!

Ana A.G Beatriz & L. Thoreserc

Noah Aaron Thoreserc e Ana. A.G Beatriz
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 07/05/2017
Código do texto: T5992454
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