O DRAMA DE UM PALHAÇO

O DRAMA DE UM PALHAÇO
        - NO TEATRO -

AO DESCERRAR AS CORTINAS,
EIS QUE APARECE UM PALHAÇO.
POR SE SENTIR SOZINHO NO PALCO,
ELE PÕE A MÃO NO ROSTO E COMEÇA A CHORAR.

DE REPENTE, TOMA UM SUSTO AO OUVIR UMA VOZ,
VINDA LÁ DO FUNDO, QUE LHE FAZ A PERGUNTA:


- Palhaço, porque o pranto?
- Acho que vou morrer – perdi meu amor!
- Mas ainda se morre por alguém?
- Acho que sim!

- Quando tu morreres,
o que queres em teu velório?

Ele responde:

- Ah, quero cânticos, risos e alegria...
Monólogo de amor notório
noite à dentro... só de poesia!

A voz volta a retumbar:

- Não queres pegar um bonde?

O palhaço enruga a testa, pensa e responde:

- Não. Prefiro um salão com cadeiras,
móveis finos e pratarias...
… Dispenso as carpideiras...
Elas, destonam as poesias!


- Por fim, se nada disso houver,
deixem-me só, espremidinho,
- longe de qualquer mulher,
num coxo dourado de pinho!

Então, a voz lhe faz a pergunta derradeira:

- E se você voltar, reencarnado,
caindo... caindo lá do espaço?

Ele responde aceitando a brincadeira:

- Voltando lá do alto... Reencarnado?
quero vestir a mesma fantasia!

- Ah, entendi! Tu Queres ser outra vez um ator?

- Não... Quero ser um Poeta!

- Mas o Poeta, Palhaço, é também um sofredor!

Então, ele completa:

- Mas nunca hei de chorar...
tampouco hei morrer
pela Deusa da Poesia!

               …............

FECHAM-SE AS CORTINAS
E A PLATEIA APLAUDE.
         = = = = =
Solano Brum
Enviado por Solano Brum em 17/04/2017
Código do texto: T5973716
Classificação de conteúdo: seguro