UM MORTO VIVO - J.Geraldo Martinez ELA NÃO TE OUVIU M.L.B.

UM MORTO E VIVO...

José Geraldo Martinez

Vai tristeza, despe-me e muda tudo em minha vida!

Não é assim, quando chegas opressora?

Terminas com a beleza e te achas decoradora!

Atrevida!

Rasgas a minha alma,

deixando-a toda empoeirada!

Secas as flores dos meus vasos

e as lembraças boas na privada!

Bagunças meu coração,

com nódoas de todo tipo.

Zombas da minha paixão...

Qual chuva de verão, estava escrito!

Vem tristeza!

Pode entrar... a casa é tua!

Meu coração escancara as portas

e minha alma com saudade crua!

Pinta as minhas paredes

com sangue deste amor desfeito!

Dá-me punhaladas sem piedade,

escreve teu nome em meu peito!

Vem tristeza!

Ainda que não queira, tu chegas...

Ingrata companheira de minhas horas!

Ai de mim...

Íntima , minha dor ignora ...

Bebe do meu pranto e o joga a Deus dará!

Faze de mim puro desencanto...

Ai de mim...

Ninguém que possa me escutar!

Coloca fotografias

do meu amor pelas paredes!

Que martele a mim noite e dia

a solidão com muita sede...

Decora tudo!

Arruma da forma que quiseres...

O telefone? Não te esqueças, mudo!

Meu endereço esquecido, se puderes...

Pega a chave da minha porta,

entrega-a à desesperança sentinela!

O sol que brilhava em minhas auroras,

deixa-o sucumbir em minhas fechadas janelas...

Se não te conteres, entra e o resto da minha

esperança... mata!

Dentro de mim tem alguém que te espera,

para brindares contigo a minha desgraça!

Vem tristeza!

Decora com frieza o funeral de minha alma,

sou um morto e vivo...

Vem tristeza! Com esse amor desfeito...

És a única companheira deste teu velho amigo!

03 de julho de 2003

martinez.ata@terra.com.br

ELA NÃO TE OUVIU

Maria Luiza Bonini

Passaram-se os anos e a inspiração do poeta continua

Em seus poemas nos diz do quanto ainda treme,

ao ouvir falar do amor que,

por tão constante, insinua

Trazendo a virtude do talento, vivo, se faz perene

A tristeza feia e surda,

ficou muda

Nao adentrou à sua morada

Embora insistentemente requisitada

Impertinente, se sentiu lesada,

pelo amor do amor

Por um poeta

que superou toda as vicissitudes

transformando em versos

suas atitudes

Continuou o seu lindo versejar e a desfrutar

da felicidade de poder amare ser amado

até o inesgotável amor, se realizar

Permanece vivo, para o nosso deleite

Saudável, viril e forte

Escrevendo seus poemas

Até o dia em que chegar a morte

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São Paulo, 17.03.08

Maria Luiza Bonini e José Geraldo Martinez
Enviado por Maria Luiza Bonini em 01/04/2017
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