FELICIDADE

Lentamente vão surgindo *Paulo da Cruz primeiros raios da alvorada

Nuvens a que se colorem ao fulgor do sol

A despontar no horizonte

A permitir-nos contemplá-lo sem noss’olhos ferirem

Beleza e poder

Poder e sutileza

De mãos dadas

E assim, a felicidade!

Sempre a vida a nos conceder de gota em gota

Devagarzinho... sem pressa

Paulatinamente

Todavia, sem jamais se recusar a ser ofertada

Inegavelmente a todos

Mas sempre aos bocados

E nós!

Suportaríamos a sublime felicidade?

E haveria quem dela fosse de fato digno?

A ponto de a vida ter a obrigação de a ele dar?

Existirá algum’alma que pudesse resistir a felicidade dos anjos?

Ainda que tanto suportamos a infelicidade na terra!

Novamente observo o fulgor do horizonte

Mas já não está em meu poder contemplá-lo

O sol se despontou totalmente...

Feio... bonito...

Palavras... apenas

Somente... palavras

E só!

Não é feio

Só porque se é diferente

Não é bonito

Só porque se é atraente

Quem assim os pensa...

Que não seja a discriminadora Mente?

A Mente que engana

A Mente que a Verdade dispensa!

A Mente que tanto mente!

O lamentável Mundo a que tanto à vida “normatiza”

A querer fazer de todos disciplinados e cegos soldados

A que a Felicidade não se prioriza

Aos que estão a nele morrer fadados

Quem têm a audácia de ser diferente?

Quem se atreve a andar na contra-mão de todos

E, em nome de sua felicidade... poder ser também divergente?

Quem se atreve?...

A doce e suave fragrância da dama da noite

A permear a madrugada daquela rua

Porém, a fugir da luz matutina do sol em seu calor

A nostalgia juventude em seus pueris amores

A serem furtados pela frieza adulta

No medo e nas responsabilidades de sua idade

Oh, quanto desperdício!

A quebrarem o mágico encanto das paixões adolescentes

E assim a espatifar ao chão aquele delicioso frasco de perfume

Deixando morrer o melhor de todas as idades

Os projetos e sonhos de um visionário tempo

A que se dissolvem pelas burocracias despóticas do trabalho

E então o que era médico, educador, ou até mesmo os artistas

A reduzirem-se a simples e ridículos mercenários

Ó felicidade a que parece estar sempre a fugir de nós

Os diletos filhos da vida!

E afinal

Quando ouviremos uma eterna melodia

A que não enfarará noss’ouvidos?

Quando noss’olhos contemplarão para sempre uma real imagem

A qual jamais cansaremos de vê-la e degustá-la?

Haverá um beijo na pessoa amada

Cujo sabor não morrerá com o tempo?

Haverá um amor que sempre perdure?

Haverá de fato uma felicidade que não venha a se findar?

E não seria ela a quem todos procuram?

Não!

Longe de mim alguém a responder meus maiores questionamentos

Seja a sua resposta um “sim”

Seja ela um terrível “não”

Prefiro seguir em meu viver

Apenas caminhando

E na verdadeira felicidade...

que não passa

Nela eu sempre crer

A ela sempre amando

Mesmo sem talvez a conhecer...

Ao contemplar o sol nascente, *Tati Souza

no pensamento tuas mãos

entrelaçadas as minhas

Delicadeza indescritível...

Sonho meu, teu...

Felicidade...

Seria isso também?

Um pedacinho de nós...

Podemos assim dizer

que a vida nos presenteia

com essa dádiva?

Caberia em nós?

Fe-li-ci-da-de...

Se separa?

Quem é merecedor?

Felicidade escolhe?

Rico/pobre...

Não!

Procuro-a dentro de mim

Dentro de nós...

Está lá!

Felicidade no olhar apaixonado da "moça"

No sorriso do rapaz que recebe o olhar.

No meu bom dia para ti

No teu retorno para mim.

Feliz!

Sim, felicidade!

No simples dizer...

que alguém é importante para ti

Felicidade...

No olhar cansado dos velhos

Que esperaram pelo tão

sonhado descanso em vida...

Vivemos nesse momento a felicidade?

Em que há felicidade?

Diz!

Escapa de nós!

Vem felicidade!

Onde procuro...

Encontro em ti

Espelho de mim

Em nós...

Talvez...

*PoesiaInspirandoPoesia

26/03/2017

Tati Vitorino e Paulo da Cruz
Enviado por Tati Vitorino em 26/03/2017
Reeditado em 27/03/2017
Código do texto: T5952874
Classificação de conteúdo: seguro