Mudar o mundo

Eu tenho 26 anos. Sou dos anos 90. Mais precisamente, 1991. Não vim escrever sobre o contexto político e econômico da época e muito menos pregar qualquer ideologia político partidária.

O que vim dizer é que, por experiência própria, somos uma geração despreparada. Acomodada. Que muito fala e pouco faz.

Para um momento e olha para os seus pais e avós. Eles, provavelmente, nunca tiveram, na nossa idade, a vida que temos. Claro que não estou falando de coisas que não existiam, como mídias sociais; mas dentro do contexto deles, se fizermos uma comparação proporcional, eles não tiveram o que temos.

O que acontece é que nós fomos/somos criados com o pensamento e a certeza de que podemos ser e fazer o que quisermos. E que se for com o coração e com amor, obteremos sucesso.

Pensar isso é bom e ruim. Eu também me incluo e acredito nisso. Mas as vezes esquecemos que nem sempre funciona assim e acabamos nos frustrando. Acreditamos que podemos ser qualquer coisa, mas as vezes achamos que tudo vai cair do céu e não batalhamos verdadeiramente por aquilo. Óbvio que não. Estamos muito ocupados colocando as séries do Netflix em dia, ou lendo textos de superação na internet. Ou, ainda, idealizando, planejando sonhos, sem ao menos saber por onde começar a por em prática.

Evidente que a frustração virá. Nós não somos acostumados a batalhar. Nossos antepassados (nem tão "passados" assim) lutaram, batalharam e sempre tiveram o entendimento de que eles dependiam daquilo. Nós ficamos em casa, não saímos das redes sociais, ficamos horas fazendo inúmeras críticas a todos os temas, mas agir que é bom, não agimos; (Nem arroz sabemos fazer, na maioria das vezes).

Nós temos preguiça de sair da nossa zona de conforto. Somos acomodados. Acreditamos que tudo é muito fácil. E ai vem a frustração. Nunca se ouviu falar tanto em depressão e ansiedade, como hoje. É o grande e terrível mal do século. Nunca vimos tantos adolescentes com transtornos e depressões profundas.

Imagina se nossos pais e avós falassem para os pais deles que não iriam levantar da cama para ir trabalhar ou ajudar nos afazeres de casa porque estavam depressivos e tristes? A resposta e a solução seriam: "três tapas na cara" e um belo sermão.

Claro que esses problemas são reais e acometem as pessoas. Mas o negócio é que hoje tudo virou doença. Problematizamos demais as coisas, a vida, a sociedade, e esquecemos que a cura está dentro de nós. O nosso futuro e a força para realizar nossos sonhos também estão dentro de nós.

Nós podemos sim, ser o que quisermos; mas temos que lutar, e também saber lidar com possíveis derrotas, frustrações, e conseguir nos reinventar diante disso tudo.

Uma vez eu assisti uma palestra, e achei muito válido o que foi dito. Os nossos pais foram a última geração que respeitou genuinamente os pais deles. Aceitavam, em sua maioria, o que os eram imposto. Não respondiam, não tinham coragem de ir contra eles, falavam "sim senhor" e "sim senhora", pediam a benção, e aprenderam que os sonhos deveriam ser deixamos de lado se eles fossem contra as suas realidades ou contra o que lhes era proposto. Por mais que eles pensassem diferente, não rebatiam. Havia o sentimento de temor.

Nós não. Nós até temos respeito ou, na maioria das vezes, os vemos como exemplos, mas não é da natureza da nossa geração abaixar a cabeça em concordância, quando, na verdade, não estamos de acordo. Devido ao fato de termos crescido acreditando que podemos ser e ter tudo, nós acreditamos também que sempre temos razão, afinal, somos mais jovens; e nossos pais têm, muitas vezes, a "cabeça fechada" para aquele determinado assunto. Pensamos ser os donos da razão.

Não temos medo de os encarar, de dizer o que pensamos e nos achamos "independentes", por mais vulneráveis que, as vezes, sejamos.

Não é da nossa essência essa passividade; até porque falamos que queremos muita coisa. Nos revoltamos com as situações podres ao nosso redor. Queremos mudar o mundo inteiro. Nossos pais não queriam. Eles só queriam viver uma vida estável. Construíram patrimônios. E muitos de nós cresceram usufruindo deles; e com isso, fomos acostumados a ter algumas coisas mais facilmente, nos sobrando mais tempo livre para querer mudar o mundo. Enquanto nossos pais priorizavam o acúmulo de bens, nós queremos viajar, conhecer o máximo de lugares possíveis, nos espiritualizar e modificar todo o planeta.

Claro que temos que fazer essa mudança (cada um tem a sua missão). Só que isso exige ação e esforço. E o que temos que entender é que as mudanças começam dentro de nós e nas pequenas coisas e atitudes; que acabam se tornando grandes.

Me encaixo em tudo isso. E esse é só mais um texto-discurso de uma pessoa que, apesar de tudo, também quer mudar o mundo.!

Karime B Pelegrine
Enviado por Karime B Pelegrine em 23/07/2017
Código do texto: T6062549
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