Mulher, beleza, inteligência e sensualidade

Quando assisti pela primeira vez aos vídeos de Viviane Mosé fiquei maravilhada com a força e plenitude daquela mulher. E decidi que daquele período esta força, esta plenitude faria parte de minha vida. Destaco um momento de um de seus vídeos onde ela fala da relação entre beleza, mulher, sensualidade e inteligência.

Mosé foi reprovada em uma seleção para professor de uma universidade no Brasil pelo fato de ser uma mulher inteligente, bonita e sensual. Quase todas as mulheres já foram ou sentiu-se diminuída por ser mulher, gostosa e sensual. Para boa parte da sociedade é impossível realizar o casamento entre beleza, sensualidade e inteligência feminina. Uma vez que estas são características culturalmente atribuídas ao universo masculino.

O fato é que a situação vivida por Mosé ficou muito presente em mim. Porque acreditava que beleza e inteligência eram coisas contraditórias, impossíveis de existir concomitante em uma mulher. Por muito tempo a inteligência estava desprovida da estética e a beleza vazia de sapiência. O vídeo foi importante para minha aceitação. Poderia ser o que quiser e muito mais. E cabe a sociedade aguentar este “peso na caixa dos peitos”.

Mas esta certeza toda começou a titubear quando em uma conversa com um homem (é claro!), relatando um problema que estava passando comigo, ele dirigiu-se ao fato: “lembro que sua foto de perfil do facebook, naquele exato momento, em que você passava por tal situação, mostrava que você não estava nada bem”. O homem era um amigo, nem tanto íntimo, que me conheceu na universidade, portanto em um espaço onde estão pessoas estudadas.

Curiosa, fui procurar a tal fotografia de perfil e me deparei com uma bela imagem tirada em um momento de paz e alegria, pois tinha conseguido maquiar os meus olhos (tarefa trabalhosa para quem havia aprendido á pouco tempo usar os pincéis). Portanto, não entendia o “nada bem” daquela conversa toda. Resolvi buscar ajuda e passei a foto para outros homens, foto esta que havia apenas meu rosto e cabelo. E todos que mostrei responderam que se tratava de uma imagem bonita e sensual.

De muito elaborar, percebi que toda aquela conversa representava o machismo deles de cada dia. E que por ser uma mulher estudada, inteligente, bonita, mãe de duas filhas, a sensualidade não me pertencia. Tornava-se algo forçado. O forçado fica a cabo de uma sociedade culturalmente machista. Meu primeiro pensamento foi de retirar a fotografia do rol de fotos do perfil. Mas, seguindo a força e a plenitude que disse que faria parte de minha vida, decidi deixá-la onde estava e trocaria a foto de perfil por uma mais sensual, assim que a tivesse.

Para aquele homem que me conheceu no meio acadêmico e me achou nada bem por estar bela e sensual em uma fotografia não tive a oportunidade de responder à altura. Mas deixo este texto para todas as mulheres: sejam o que quiser ser e se puder tudo ao mesmo tempo.