Discurso de posse na Academia Itaunense de Letras – AILE

* Acadêmico Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro

“O homem não faz senão escrever, com as letras de seus atos e os períodos de sua vida, na direção riscada pelo dedo poderoso do destino”.

Humberto de Campos Veras. Nasceu em Miritiba – hoje Humberto de Campos, Maranhão, no dia 25 de outubro de 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 05 de dezembro de 1934. Foi jornalista, escritor e político.

Digníssimo Senhor Presidente da Academia Itaunense de Letras – AILE, Acadêmico Toni Ramos Gonçalves,

Digníssima Senhora Presidente de Honra da Academia Itaunense de Letras – AILE, Acadêmica Maria Lúcia Mendes, nas pessoas de quem cumprimento a todos os presentes.

Caros senhores, senhoras e autoridades.

Boa noite.

Permitam-me voltar no tempo para que possa registrar momentos e pessoas que, de forma positiva e decisiva, influenciaram-me, ensinaram-me, orientaram-me e, consequentemente, contribuíram para que eu pudesse, nesta noite, vivenciar este singular, feliz e inesquecível momento, que se consubstancia no ingresso a esta novel, porém, já sólida e respeitada Academia Itaunense de Letras – AILE.

De início voltarei ao limiar do mês de fevereiro de 1965, para ouvir de minha mãe, Maria Madalena de Souza, as sábias preleções de como deveria comportar na escola, na sala de aula e, também, da importância do estudo.

Terminada a preleção entregou-me aos cuidados de meu Irmão Oliveira de Souza Ribeiro. Este, em razão da idade, nos meus primeiros anos, foi meu tutor, meu companheiro e, muitas vezes, protetor. Desse modo, coube a ele, naquele primeiro dia de aula, levar-me ao Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves de Souza. Além de ensinar-me o caminho, ensinou-me também como deveria proceder ao atravessar as ruas, apesar de que, àquele tempo, poucos carros circulavam pelas ruas tranquilas e rústicas de Itaúna.

Esperava ansioso por aquele momento, desde o final do ano anterior, quando completara sete anos e ouvi de minha mãe que faria minha matrícula no Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves de Souza.

Iniciadas as aulas, para minha alegria, as expectativas e os sonhos se confirmaram. Os primeiros contatos com as professoras, diretoras, serventuários e colegas superaram todas as minhas expectativas. Enfim, estava no primeiro ano do ensino primário e, finalmente, aprenderia o significado de todas aquelas letras que, havia muito tempo, as desenhava, ora com carvão, ora com lápis, nos muros e nos passeios da vizinhança. Na escola as encontrei elegantemente escritas em cartolinas em cores diversificadas. A professora as falava e todos nós, em coro, as repetíamos e, aos poucos aprendíamos a formar sílabas, palavras e frases. Também em muito contribuía com o nosso aprendizado as aulas de educação artística, que se consubstanciavam na criação de bichos com massa plástica e, ao criá-los, tínhamos que lhes identificar a espécie, dar-lhes e escrever-lhes os nomes. E assim, éramos alfabetizados.

Em poucos dias aprendi a ir sozinho à escola. O primeiro ano passou muito rápido, porém alegre e com muito aprendizado.

Por questões geográficas fui transferido para o recentemente criado Grupo Escolar Artur Contagem Vilaça, situado no Bairro das Graças, próximo à minha casa. Na nova escola encontrei professoras, diretoras e serventuários que, em muito, colaboraram com a minha formação. Entre elas destaco: Maria José de Oliveira Silva, Wanda Nogueira de Mattos Corradi, Vanda Joana Nogueira Chaves, Marisa Gonçalves Sousa e a serventuária Sra. Nilza Helena Ribeiro Silva.

Depois de aprender como juntar as palavras e o significado das frases éramos levados às aulas de biblioteca. E nas leituras encontrávamos as histórias de príncipes, princesas e castelos, as quais, além do encanto, nos faziam imaginar e sonhar com um mundo de paz, fraternidade, amor e belezas, com suas fadas e gato de botas.

Ao perceber meu interesse pelas leituras, meu irmão José de Souza Ribeiro, presenteou-me com o livro: Ricardo, o coroinha peralta e minha irmã Ana de Souza Ribeiro emprestou-me o livro: Rui, pequena história de uma grande vida, escritos por M. Th. Rodionoff e Cecília Meireles, respectivamente. Desse modo, a percuciência, a sabedoria e a generosidade desses meus irmãos em muito colaboraram para conduzir-me aos mistérios e aos prazeres das leituras. Com entusiasmo e encanto, logo encontrei e li os livros escritos por Lucia Monteiro Casasanta, Monteiro Lobato, José Mauro de Vasconcelos, Cecília Meireles, Castro Alves, Rui Barbosa, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Eça de Queiroz, Victor Hugo, entre outros.

Concluído o primário, retardei um pouco para ingressar no Curso Ginasial, e o fiz em fevereiro de 1973, no Colégio Santana. De onde saí em dezembro de 1979, depois de concluído os Cursos: Ginasial e Científico.

A convivência no Colégio Santana foi inesquecível e profícua, marcada pela disciplina e seriedade, porém exercidas com fraternidade pelo Padre José Wetzels e Dona Yeda de Paula Machado Borges, então Diretores, auxiliados com sabedoria e compromisso pelos professores. Os ensinamentos e as condutas presenciadas e exigidas pelos administradores e professores do Colégio Santana constituíam-se em verdadeiras aulas de civismo e compromisso com a Pátria, com o Colégio, com a família, com os amigos e consigo mesmo.

Além do diversificado acervo da Biblioteca, as professoras de Português e Literatura incentivavam os estudantes a adquirirem livros, divulgados pelos panfletos encaminhados pela Editora – Edições de Ouro – com sede no Rio de Janeiro. O pedido fazia-se por carta e os livros eram remetidos pelo Correio. Àquele tempo os meios de comunicações cingiam-se às cartas e aos telegramas, os telefones eram verdadeiro luxo, que poucos tinham acesso.

Pelas felizes coincidências que o dedo poderoso do Destino nos reserva, no mesmo ano em que retornei aos estudos no Colégio Santana, soube da existência de um dos ícones da literatura nacional, o cordisburguense João Guimarães Rosa, que passei a admirar e respeitar.

Em setembro de 1973, a Faculdade de Ciências e Letras da Universidade de Itaúna – UIT promoveu uma Semana de Estudos em homenagem ao ilustre escritor e diplomata, evento que contou com a presença de sua filha Vilma Guimarães Rosa.

Na segunda-feira, dia 10 de setembro de 1973, quando me dirigia ao Colégio Santana, encontrei com o cortejo de abertura da Semana de Estudos, que descia a Rua Silva Jardim, em direção à então Escola Normal, onde seriam realizadas as homenagens e as palestras. Era visível a alegria e o entusiasmo dos estudantes e professores que integravam o cortejo e que participariam das homenagens e palestras. Visível também se tornou a minha curiosidade em saber quem era aquele homem, cujo nome encontrava-se escrito na faixa que abria o cortejo. Logo descobri que se tratava de um grande escritor e diplomata que vivera em Itaguara, àquele tempo Conquista e, itaunense de coração.

Concluído o curso científico em dezembro de 1979, em janeiro de 1980, segui para o Rio de Janeiro, onde fiz o curso de Técnico Têxtil, no Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQT.

Mesmo enveredado no mundo técnico, não abandonei a literatura.

No período de estudos no Rio de Janeiro, com frequência, visitava a Fundação Casa de Rui Barbosa, situada na Rua São Clemente, n. 134, Bairro Botafogo. Ela se destaca pela conservação do acervo do ilustre jurista que lhe emprestou o nome, em especial, sua biblioteca composta por trinta e sete mil volumes. Nela encontram-se obras sobre assuntos variados, com edições raras, com destaque para a coleção sobre a primeira grande guerra mundial e os preciosos incunábulos – livros que foram editados antes de 1500. Frequentemente também visitava os "sebos" então existentes, nas estreitas e românticas ruas do Rio antigo, entre elas: Gonçalves Dias, Sete de Setembro e Ouvidor.

Concluído o curso técnico no dia 26 de junho de 1981, segui para Bragança Paulista - SP, para trabalhar na Corduroy - indústria têxtil, que se destacava no cenário nacional e internacional.

Em fevereiro de 1982, ingressei-me no curso de direito, das Faculdades Franciscanas – de Bragança Paulista e, entre as leituras dos códigos e das doutrinas, não olvidava a leitura dos clássicos da literatura.

Em 1983, mudei para Belo Horizonte e, motivado pelos afazeres profissionais, tranquei a matrícula do Curso de Direito e, por dever de ofício, intensifiquei os estudos e análises dos livros e tratados técnicos, mesmo assim, sempre encontrava tempo para a literatura.

No final do ano de 1988, deixei a Indústria Têxtil e retornei a Itaúna, para concluir o curso de direito na Universidade de Itaúna - UIT, onde me encontrava matriculado desde fevereiro de 1987.

Durante todas as etapas de minha formação, desde o primário, a literatura e o interesse pelas letras sempre se fizeram presentes, marcados pelo incentivo, exemplos e ensinamentos de vários professores, que deixo de nomeá-los, para não cometer injustiças.

Peço, portanto, vênia para citar: Professor José Campos, Dra. Terezinha Alves de Almeida, Prof. Jorge Luiz Gabriel, Prof. Edgard de Oliveira Lopes e Prof. Faiçal David Freire Chequer, pelos ensinamentos e pelas influências que exerceram e, por que não dizer, lídimos responsáveis pelo meu ingresso na docência e nas Academias.

Prof. José Campos: em fevereiro de 1990, quando me encontrava no nono período do curso de direito na Universidade de Itaúna – UIT, suas aulas e ensinamentos redirecionaram e consolidaram os conceitos que tinha acerca da literatura. A matéria que o Prof. José Campos ministrava era Medicina Legal. Na primeira aula, ao contrário das costumeiras apresentações pessoais e do conteúdo a ser lecionado, com a sabedoria e a humildade que lhes eram próprias, falou-nos da importância de conduzir o estudo de forma responsável. E ainda, que um profissional de qualquer área, necessariamente, deve expressar-se bem, compreender e fazer-se compreender. E que isto só é possível com atenção às aulas e com o auxilio de um bom dicionário e com boas leituras.

Falou-nos dos professores que tivera no Rio de Janeiro, na década de trinta, então estudante da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil. Relatou-nos de sua salutar e profícua convivência com os professores que, além dos conhecimentos médicos, se destacavam e impressionavam pelo conhecimento da língua portuguesa e, muitos deles, membros da Academia Brasileira de Letras – ABL.

Desde criança já conhecia e tinha o Prof. José Campos em grande conta. A partir de suas aulas e do interesse recíproco pelos estudos e pesquisas, iniciamos, semanalmente, nossas tertúlias, que se estenderam por quase dezessete anos e só findaram dias antes de sua despedida para retornar à casa do Pai.

O Prof. José Campos era um leitor compulsivo e, sobretudo, escrevia com singular maestria e utilizava técnicas de redações clássicas, embora não gostasse de publicar.

Destacava-se também pelo exercício da caridade, inclusive a caridade de ouvir, e comprovo: o meu primeiro discurso, proferido no dia 20 de dezembro de 1991, foi ele o primeiro a ouvi-lo e a cronometrar o tempo necessário para sua apresentação e, a partir daquele, enquanto vivo, era sempre o primeiro a ler ou a ouvir o que eu escrevia.

Dra. Terezinha Alves de Almeida: em um já longínquo, porém inesquecível janeiro de 1987, escudada na costumeira prática do exercício da caridade cristã, ao perceber que pedi ingresso no curso de direito e, à falta de parte dos documentos, ligou-me em Belo Horizonte, onde trabalhava, para advertir-me que o prazo para transferência expiraria no dia seguinte e que eu deveria complementar os documentos necessários para efetuar a matrícula. Com essa atitude, que foi além das funções reservadas a uma Pró-Reitora, alertou-me e propiciou-me a condição de estudante do Curso de Direito da Universidade de Itaúna – UIT, onde concluí minha graduação e, hoje, orgulhosamente, nele leciono e o coordeno.

Prof. Jorge Luiz Gabriel: no dia 1º de fevereiro de 1989, abriu-me as portas do Colégio João de Cerqueira Lima, onde iniciei minha carreira docente.

Prof. Edgard de Oliveira Lopes: enquanto éramos colegas no curso de mestrado, na Universidade de Franca – UNIFRAN ensinou-me caminhos eficazes para prosseguir no aprendizado da língua portuguesa e que, diante de dúvidas e dificuldades, o bom remédio é recorrer aos dicionários, em especial, os eletrônicos. Outros ensinamentos, hoje se repetem, considerando os frequentes e fraternos contatos na sala dos professores do curso de direito da Universidade de Itaúna – UIT, onde lecionamos.

Prof. Faiçal David Freire Chequer: em suas aulas de Direito Processual Penal, permeava o ensino do direito com as histórias alusivas ao conteúdo ensinado. Além da impecável oratória, destacava-se pelo uso castiço e escorreito do vernáculo.

Influências e ensinamentos que se repetem e que se consolidam desde o meu ingresso no corpo docente da Universidade de Itaúna - UIT. Pelo fraterno contato na sala dos professores, nas inaugurações de prédios e na condução das solenidades de formatura, ocasião em que o conteúdo de sua fala, a cada semestre, encanta e silencia um auditório com mais de cinco mil pessoas, para atentamente ouvi-lo e aprender seus ensinamentos.

A relevância de sua cultura e a maestria de seus trabalhos abriram-lhe as portas de duas Academias, sendo: Academia de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais - ANE, Rio de Janeiro – RJ, no dia 25 de abril de 2012 e Academia Cordisburguense de Letras – Guimarães Rosa, no dia 06 de dezembro de 2014.

Por intermédio do Professor Faiçal David Freire Chequer, conheci e me aproximei dos Acadêmicos da Academia Cordisburguense de Letras – Guimarães Rosa, e estes, generosamente, me abriram as portas daquele Sodalício.

No dia 08 de novembro de 2014, concederam-me a Medalha de Mérito Cultural Sinhá Araújo e, no dia 18 de julho de 2015, o Título de Confrade Benemérito, recebido no dia 05 de dezembro de 2015.

As distinções e as homenagens concedidas pela Academia Cordisburguense de Letras – Guimarães Rosa, me encorajaram e me levaram a aproximar dos integrantes do Grupo de Escritores Itaunenses e dos fundadores da Academia Itaunense de Letras – AILE, para externar-lhes o meu desejo de compartilhar dessa grande obra por eles iniciada.

O primeiro contato que tive com as lideranças do Grupo de Escritores Itaunenses e da Academia Itaunense de Letras - AILE, cingiu-se a apresentar-lhes um trabalho de pesquisa histórica, que apresentei no VII Congresso intitulado – Città e Storia - realizado em Pádua – Itália, promovido pela Associazione Italiana di Storia Urbana – AISU, nos dias 07 a 09 de setembro de 2015, sob o título: Bolsos cheios, barriga vazia: ouro e fome em Minas Gerais, para publicação no Volume II, da Coletânea intitulada – Olhares Múltiplos - organizada pelo Presidente da Academia Itaunense de Letras – AILE, Acadêmico Toni Ramos Gonçalves.

Diante da distinção que fizeram ao meu trabalho e a cordialidade com a qual fui recebido pelos Acadêmicos, em especial pelo Presidente Toni Ramos Gonçalves, pelo Vice-Presidente Geraldo Fernandes Fonte Boa e pelo Secretário Luis Mascarenhas, fiz-me presente a partir daquele momento a todos os eventos promovidos pelo Grupo de Escritores Itaunenses e pela Academia Itaunense de Letras – AILE.

Publicado o Edital de n. 001, de 04 de junho de 2016, que informou os critérios para preenchimento das vagas existentes para acadêmicos titulares, apresentei os documentos na forma exigida e, depois de analisados, foram aprovados.

Por se tratar de criação de uma nova cadeira, coube-me indicar o seu Patrono. Entre os nomes de ilustres escritores portugueses, brasileiros e itaunenses, veio-me de forma espontânea, imediata e sem nenhuma dúvida quem seria o Patrono da Cadeira n. 10, da Academia Itaunense de Letras – AILE, o escritor e Acadêmico Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza. E o fiz para prestar-lhe modesta homenagem de gratidão e reconhecimento, por tudo que fez por Itaúna, por Minas Gerais e pelo Brasil. Em especial por sua maior obra, como ele mesmo sempre afirmara: a Universidade de Itaúna - UIT. E com toda certeza ele a criou, por acreditar no poder transformador da educação e, sobretudo, para materializar o provérbio chinês que assevera: “Se planeja para um ano, plante arroz. Se planeja para dez anos, plante árvores. Mas se planeja para cem anos, forme pessoas”.

Desse modo, o Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza, por suas obras, em especial a Universidade de Itaúna - UIT, permanecerá sempre na memória dos itaunenses e daqueles que nela estudam, trabalham, estudaram ou trabalharam. Portanto, será sempre reverenciado e reconhecido como corresponsável pelo sucesso e pelo progresso da Universidade de Itaúna - UIT e daqueles que por ela passam, passaram e passarão.

Acerca da importância da criação da Universidade de Itaúna - UIT, e de seu criador, assim manifestou o itaunense, escritor, acadêmico, advogado e ministro Oscar Dias Corrêa, ao saudá-lo quando de seu ingresso na Academia Mineira de Letras, no dia 22 de outubro de 1991:

"Mas, não vos contentastes em estudar e escrever a história. Não menos competente vos dispusestes a fazer história.

Refiro-me à criação da Universidade de Itaúna, obra de que vos orgulhais, como nós todos, itaunenses e mineiros, homens de cultura, nos jactamos de a ver realizada. Com isso não apenas demonstrastes vosso apreço pela terra natal, como lhe oferecestes a contribuição mais duradoura e nobre ao desenvolvimento, com o preparar as gerações para o desempenho da missão que os aguarda.

Disso dais conta não apenas na “História de Itaúna”, como no volume sobre a “Missão da Universidade de Itaúna”, na qual reunistes toda a documentação que vos serviu ao levantamento da obra imorredoura."

Ensinou Henry Adams: “O professor se liga à eternidade; ele nunca sabe onde cessa a sua influência.” Desse modo, o fundador de uma Universidade, naturalmente se liga à eternidade, portanto nunca saberá até aonde foi ou irá a sua influência.

Meus caros senhores, senhoras e autoridades.

Breves considerações acerca da vida e obras do Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza:

Nasceu em Itaúna, filho do médico Dr. Dario Gonçalves de Souza e neto do médico Dr. Augusto Gonçalves de Souza. Seu avô foi o fundador do Município de Itaúna, no dia 16 de setembro de 1901.

Pelo seu espírito arrojado e empreendedor, muito cedo se destacou como estudante, empresário, advogado e político. Foi o homem de confiança e auxiliar direto do Governador Magalhães Pinto.

Exerceu com brilho e singular lealdade, os cargos de Secretário de Estado e Coordenação Política entre agosto de 1965 a fevereiro de 1966.

Foi Secretário de Estado da Fazenda de Minas Gerais, de 4 de maio de 1964 a 1º de julho de 1965, e o cumulou com o cargo de Secretário do Interior e Justiça.

Presidente do Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais – BDMG –, de 1963 a 1964.

Presidente da Associação Comercial de Minas Gerais, de janeiro de 1963 a janeiro de 1965.

Diretor-Presidente do Banco de Crédito Real de Minas Gerais, entre 23 de abril de 1975 a 24 de abril de 1979.

Diretor Presidente da Fiat Automóveis SA., de 5 de maio de 1979 a 30 de abril de 1983.

Diretor-Presidente da Aço Minas Gerais – Açominas, de 27 de abril de 1984 a 7 de maio de 1985.

Presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de Minas Gerais.

Presidente do Conselho Econômico da Federação das Indústrias de Minas Gerais.

Presidente do Rotary Club de Belo Horizonte.

Presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia – IBS -, com sede no Rio de Janeiro.

Presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de Minas Gerais.

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, no período de 1998 a 2001, no qual realizou gestão profícua e modernizadora.

Presidente Emérito do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Durante anos, participou como membro ativo e vice-presidente da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a cadeira n. 5.

Entre as inúmeras atividades culturais, foi fundador, mantenedor e benemérito da Universidade de Itaúna - UIT, seu maior galardão e seu mais justo orgulho.

Livros que publicou:

Acidentes do trabalho, em 2 volumes, 1964,

Missão da Universidade de Itaúna, 1985,

Açominas: aspiração de várias gerações de mineiros, 1986,

História de Itaúna em 2 volumes, 1986,

Marquês de Queluz e sua época, 1988,

O descobrimento e a colonização portuguesa no Brasil, 2000. Livro que possui caráter definitivo, como extensa e concernida pesquisa e relato desassombrado da trajetória da História do Brasil,

Capítulos da história itaunense, 2001 e

Itaúna 1765 a 2002.

Deixou no prelo sua ciclópica e muito pessoal obra: O contragolpe de 31 de março de 1964. Nesse livro, revela os dados e os fatos que testemunhou, ao arrepio dos acontecimentos.

Láureas: recebeu dezenas das mais expressivas láureas e condecorações mineiras e brasileiras.

Relatam as pessoas que conviveram e trabalharam com o Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza, que era um homem nobre, estudioso, de mansa lei e coração bondoso.

Ressalte-se, ainda, o Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza encontra-se entre os maiores benfeitores de Itaúna, pelo amor que devotava à terra que o viu nascer e, sobretudo, pelos recursos que para ela obtivera como empresário, escritor, administrador e político.

Faleceu no dia 26 de outubro de 2010, em Belo Horizonte e seu corpo foi velado na Academia Mineira de Letras e no Complexo Esportivo da Universidade de Itaúna - UIT, de onde saiu para ser sepultado, junto aos seus ancestrais, com as honras destinadas aos grandes homens e benfeitores, com a presença maciça de amigos e admiradores que reconheceram e reconhecem o valor de suas obras.

Por fim, pode-se dizer que o Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza, como pensador e empreendedor, sempre soube conviver, estudar, compreender, criar e materializar a partir das análises claras e objetivas buscadas na história e nos documentos, conforme relatou em seu livro “Itaúna, 1765-2002”, na página 18:

" Ensina-nos, Marc Bloch, mestre da Escola de Anales, morto pelos nazistas ao término da segunda guerra mundial, que os documentos, de modo geral, não existem em si e por si e, para interpretá-los, é preciso conversar com eles porque os documentos falam quando, com eles, se saiba, com inteligência, dialogar."

Portanto, o Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza, desde muito cedo, enveredou-se na arte de aprender, interpretar e conversar com documentos e, a partir dos ensinamentos deles auferidos, criou suas obras e suas histórias, hoje materializadas nas suas extensas e, sobretudo, respeitadas biografia e bibliografia.

Meus caros senhores, senhoras e autoridades.

Neste momento marcado pela honra, alegria e emoção por integrar a Academia Itaunense de Letras – AILE e, ainda, ter como Patrono o Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza, quero compartilhá-lo com todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para que ele acontecesse e os relaciono, com sincera gratidão: meus pais, meus irmãos, meus amigos, meus professores, meus alunos, do passado, do presente e do futuro. Os professores, administradores e serventuários da Universidade de Itaúna – UIT e da Escola Fluminense de Psicanálise - ESFLUP. Os integrantes da Confraria dos Amigos do Vinho de Itaúna – CAVI. Os integrantes do Instituto Mineiro de Humanidades - IMH. Os integrantes da Loja Maçônica Itaúna Livre – LMIL. Os integrantes da Academia Cordisburguense de Letras – Guimarães Rosa e da Academia Itaunense de Letras – AILE. Os serventuários da Justiça. Prof. José Campos, Prof. Edgard de Oliveira Lopes, Prof. Faiçal David Freire Chequer, Prof. Jorge Luiz Gabriel, Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza, Dra. Terezinha Alves de Almeida, Profa. Maria José de Oliveira Silva, Profa. Wanda Nogueira de Mattos Corradi, Profa. Vanda Joana Nogueira Chaves e Profa. Marisa Gonçalves Sousa, enfim todas as pessoas, cujas vidas, obras e convivência, serviram-me de exemplo, inspiração e estímulo.

A todos o meu reconhecimento e minha gratidão e rogo ao bondoso Deus, que nos ilumine e nos proteja.

Muito obrigado.

Itaúna, 22 de outubro de 2016.

Nota. A cerimônia de posse realizou-se no dia 22 de outubro de 2016, no Grande Teatro da Universidade de Itaúna – UIT. Considerando o tempo que foi concedido aos Acadêmicos para suas considerações, naquela oportunidade, fiz e apresentei um breve resumo deste discurso.

* Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutor pela UNIMES - Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN - Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelas Faculdades Claretianas - São José de Batatais - SP. Coordenador e professor do Curso de Direito da Universidade de Itaúna - UIT - Itaúna - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP - Nova Iguaçu - RJ. Diretor Financeiro e membro da Comissão de Direito Imobiliário da 34ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB - Itaúna - MG. Membro do Instituto Mineiro de Direito Processual - IMDP – Belo Horizonte, MG. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise – ABRAFP - Belo Horizonte – MG. Sócio Fundador e Secretário do Instituto Mineiro de Humanidades - IMH, Itaúna – MG. Sócio Benemérito da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa - Cordisburgo – MG. Membro do Grupo de Escritores Itaunenses e da Academia Itaunense de Letras – AILE, Itaúna – MG. Membro do Instituto do Direito de Língua Portuguesa – IDILP – Lisboa - Portugal. Advogado e conferencista. E-mail: arnaldodesouzaribeiro@hotmail.com