Cheiro de cadáver

Nos tornamos tão previsíveis em nossas vidas quanto as teclas Ctrl+c e Ctrl+v, basta um acontecimento que choque para perceber como adoramos essa previsibilidade, o copia e cole, o comente e o SDV ou ADD que eu ADD se tornaram mais valiosos que a imprevisibilidade de uma atitude que faça a vida ter sentido, e alguns seguem essa previsibilidade como se fosse uma doutrina, alguns ainda até exalando maldade com cheiro do próprio cadáver pedindo para comentar um amém aqui, como se isso fosse resolver a mediocridade em que se vive, realmente, a podridão tomou conta do reino, e o mais triste, é ter se acostumado com o cheiro do próprio cadáver. Não deveríamos ser assim, mas a necessidade do ser humano em querer ser algo que já é, sem precisar ser o que não é, é tão claro na vida de algumas pessoas que elas já nem vivem, que elas apenas copiam e colam, porque é mais fácil, é mais rápido e conveniente, há tanto que se fazer, mas quando não se quer fazer eu repito, eu copio, eu não crio, eu faço o que todos fazem, que mal tem, se o ladrão rouba porque eu não posso roubar, se o assassino mata porque eu não posso matar, mas se perguntarem porque eu não amo, porque eu não sou imprevisível no bem que posso fazer, no amor que posso compartilhar, nossas respostas prontas a base de frases repetidas de Oscar Wild e Clarice Lispector, nos impedem da sinceridade de dizer que eu não sou nada, porque copiar o que os outros são é mais fácil e cômodo, no fim das contas, deveríamos conversar com a bunda das pessoas, já que na cabeça de alguns, não se encontra nada.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 30/11/2016
Reeditado em 30/03/2020
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