Candidatos "em defesa da família" = gente perigosa.

Todos esses candidatos que têm rabo preso com alguma religião e vêm ao Horário Político defender "a família", estão, na verdade, desconsiderando o conceito amplo de família, conforme as garantias constitucionais e jurisprudenciais.

Querem enfiar goela abaixo da sociedade o conceito medieval de família em detrimento da afetividade real, afrontando os filhos monoparentais, os casais que vivem em união estável, os pais divorciados, os casais homoafetivos, enfim, todos aqueles que não se enquadram no desenho familiar ortodoxo (e longamente superado).

Atenção, eleitor, numa sociedade fortemente marcada pela interferência religiosa, há traços de autoritarismo e arbitrariedades em todos os partidos.

Para os candidatos, essas palavras, defesa da família, por mais que sejam vazias no contexto eleitoral, são um apelo fácil para a conquista de votos de uma imensa massa da população que, se de um lado não tem suficiente discernimento para detectar esse vazio, de outro, constituem-se num contingente que se julga "honesto", que prega a "retidão moral", com uma régua antiga, trazendo ainda no subconsciente um conceito vencido há muito tempo, no qual a família é fruto de uma vontade divina.

Verdadeiramente, o Estado brasileiro jamais se separou totalmente da Religião. Nossa realidade jurídica e social é fruto de sucessivas adaptações com base em modelos externos, principalmente lusitanos, italianos e estadunidenses, nos quais há forte influência e interferência da religião.

Por fim, ainda que soe desnecessário tal alerta, vale lembrar que um prefeito ou um vereador em nada podem interferir em questões cuja competência lhes escapa por comando constitucional. De se pensar, não? Aparentemente, vale qualquer coisa na tentativa de conquistar votos...