QUANDO CASAMOS COM ALGUÉM NÃO CASAMOS SÓ COM ESSA PESSOA

Se engana redondamente quem imagina que, quando casa com alguém, está casando só com esta pessoa. Casamos também com seus medos, suas outras caras, seus inimigos, suas travas, seus escudos, suas derrapadas, seus poréns, suas loucuras, seus espinhos, suas escoras, seus fedores, suas amarras, seus engodos, suas esquisitices e seus donos, do seu adeus.

Quando nos separamos dessa pessoa, também se engana redondamente quem supõe que está separando só dessa pessoa. Está separando também dos seus fantasmas, dos seus magos, dos seus ferrugens, dos seus profetas, dos seus remendos, dos seus grunhidos, das suas trincas, dos seus pecados, das suas fraldas, dos seus gozos, das suas saudades, dos seus engasgos, dos seus entalhes, das suas portas, dos seus festins, das suas varandas, dos seus tiros, dos seus poentes, das suas gentes, dos seus porcos, das suas mentiras, dos seus deuses, das ternuras, dos seus esboços, das suas ranhuras, dos seus cheiros, da sua mão, dos seus excessos, dos seus aplausos, das suas sardas, dos seus poços, dos seus torrões, das suas surras, dos seus fins, das suas meretrizes, dos seus cadafalsos, das suas charretes, dos seus laços, dos seus urros, dos seus muros, dos seus murros, dos seus suicídios, das suas promessas, dos seus guizos, das suas chancelas, dos seus ventos, das suas matanças, dos seus améns, das suas fronteiras, dos seus quitutes, das suas amas-secas, dos seus becos, das suas cerejas, dos seus iogurtes, das suas palmas, dos seus sucessos, das suas cerzidas, dos seus degraus, do seu adeus.

visite o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 19/11/2017
Código do texto: T6176002
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.