“Ser um verdadeiro companheiro de si mesmo”

No livro do psicanalista Abrão Slavutsky, em um determinado capítulo ele enfatiza a necessidade de conquistar o reconhecimento alheio para que possamos desenvolver nossa autoestima.

Vale pena segundo ele, fazer esse “exercício”. Comece reconhecendo as simples vitórias do seu dia. O filósofo Sêneca costumava dizer: “Perguntas-me qual foi meu maior progresso? O nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam algo mais complicado. Erroneamente se acredita que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirimpimpim.

Quando gostamos de nós mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade. Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível. Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou?

Abrão Slavutsky afirma que para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza. É uma frase genial. O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.

Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será? Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros? Ora. Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem. Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas. Não troque sua paz por encenação. Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros. Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto “ser amigo de si mesmo”.

Por fim, pare de pensar. É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, achar pelo em ovo, dificultar as relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha “sou rebelde porque o mundo quis assim”. Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde. Salve-se dos seus traumas de infância. Quem não consegue sozinho, deve acudir-se com um terapeuta. Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de 2.000 anos atrás. Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo.

Jova
Enviado por Jova em 17/11/2017
Reeditado em 17/11/2017
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