Nulla dies sine linea— 10/11/2017

Li há tempos em algum lugar que um dia um fã perguntara a Greta Garbo (já em seus últimos anos) se ela era realmente a Greta Garbo e esta lhe respondera: “eu fui Greta Garbo”. Esta frase (ainda que no caso de Garbo haja outras nuanças) sintetiza todo o drama da beleza: a mais pujante e a mais efêmera das forças humanas.

Presumo que que Verdi compondo o seu Falstaff aos 80 anos anos se sentisse muito mais autêntico do que ao compor suas primeiras obras. O velho Machado de Assis do Memorial de Aires é muito mais Machado de Assis que o de Ressurreição, e assim por diante.

Mas o esplendor da beleza tem sempre o seu crepúsculo. E quem vive o seu apogeu deve experimentar uma amarga tristeza ao ver que a partir de certo ponto há apenas uma lenta agonia.

Há aí uma grande vantagem em nunca ter sido belo.