Mundos

Vejo os pássaros alegres e barulhentos às 05h35min de uma semana de setembro anuncio de mais um dia quente e seco. A multidão ansiosa a espera dos trens com seus marreteiros, pedintes... O dia vai seguindo seu curso pesado, lento e quente, como uma segunda-feira mesmo tratando-se de uma sexta.

Enfim o trem chega e trava-se uma verdadeira luta de gladiadores para apenas entrar, pois sentar era algo para poucos treinados desde a infância (nos quais me incluo), agora entro num universo paralelo permeado de pequenos mundos e ilhas; cada passageiro acompanhado de pessoas, livros, celulares, consigo mesmo... Olhares, vozes e cheiros... Que confundem os sentidos.

A cada estação uma "nova conhecida paisagem" com novos rostos e expressões a voz feminina que anuncia a próxima estação. O trem pára e a mesma voz anuncia que não há previsão de partida, os passageiros reclamam, esbravejam com frases feitas, mensagens furiosas de voz e texto são enviadas, todas as redes sociais tomam conhecimento do fato.

Refletindo com meus botons sobre a situação corriqueira de que penso... Adianta tamanha indignação se nada de real é feito? Talvez eu ainda esteja sob o efeito da leitura “O Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, mas olhando o modo como as reações acontecem, os comportamentos condicionados midiaticamente como se a eles coubesse o papel de apenas perceber acontecimentos imediatos e com eles uma a expressão sob a forma de uma pseudo indignação, mas sem possuírem a força e coragens necessárias para uma ação efetiva de fato.

O trem abre novamente as portas fechando-as após alguns segundos, vendedores ambulante entram com seus produtos balas de gengibre, carregadores de celular, fones e como num passe de mágica como um adulto faz quando uma criança cai choro e uma simples fala descontraída ou gesto a distrai e o mesmo cessa, os passageiros voltam à calmaria com aquelas ofertas e o dia encaminha-se... E só consigo pensar que este é o tão esperado "Mundo Novo".