Uma ideia

Hoje em dia, quando se fala em socialismo em diversos lugares, as bases tremem.

Ora, o socialismo é antigo, as primeiras civilizações o adotavam, de modo muito rudimentar, sem dúvida, mas viviam igualmente. É o que eu aceito como filosofia e política.

O bem é comum, pertence a todos. Ilusão pensar que alguém pode usufruir bilhões, enquanto um vizinho pouco tem. Socialismo não é igualar os homens pelos bens materiais, mas dividir o que existe de acordo com a necessidade de cada um. Afinal, a vida é igual para todos, é preciso que se entenda isto. Alguns têm mais, outros têm menos. Mas todos devem viver com dignidade. A questão é fundamental. Como se consegue alcançar tal meta? Com a progressão na alíquota do imposto de renda. Ganha mais, paga mais. Reclamamos da alíquota de vinte e sete e meio por cento sobre o ganho da pessoa física. Muitos países cobram bastante mais, mas oferecem segurança aos seus habitantes.

A Terra é uma só, o povo que ela habita igualmente, e não somos imortais. Apenas passamos pela Vida, e um dia voltamos ao nada. As ambições pessoais, quando se tratam somente da matéria, não têm sentido.

A pseudo ideia de que o socialismo iguala os homens, está errada. Não há como igualar um físico, por exemplo, com um bombeiro hidráulico. O trabalho e as profissões distinguem os homens.

Mas afinal, o que é este socialismo contemporâneo? É apenas um sistema de governo que não admite pobreza, muito menos miserabilidade. Todos somos iguais, e a verdade não é só física. A sociedade, o conjunto dos homens, deve ser um todo harmônico que não permita o frio de alguns, ou muitos, em troca do ambiente aconchegante de outros. Simples, só isso. Ninguém quer tomar dos mais ricos bens para ser distribuídos aos mais pobres. Sempre continuarão existindo os mais empreendedores, com mais talento para ganhos materiais. Mas os trabalhadores comuns, mola da produção, não podem ser postos de fora. Seus direitos à saúde, educação, habitação, saneamento básico e segurança não podem ser diferentes dos executivos capitães de indústria, ou agricultura, seja o que for. Os direitos são iguais para todos. Ditadura do proletariado? Cheira a mofo, bolor e podridão. Mesmo as nações ditas comunistas, como a China, já abandaram este proceder faz tempo.

O socialismo atual talvez seja a forma mais perfeita de governo e sociedade. O regime é sempre parlamentarista. Sistema político bicameral, deputados e senadores. Sem quaisquer privilégios. Nada de verbas de gabinete, assessores, motorista. O parlamentar é um funcionário público comum, enquanto no cargo.

O regime de gabinete tem, entre outras vantagens, a moção de desconfiança. Uma vez votada e aprovada, cai o Primeiro-Ministro e é convocada eleição para substituí-lo, sem traumas para o regime.

O plebiscito é função primordial. Havendo discordância do povo sobre determinada política ou decisão, seja executivo, legislativa ou judiciária, atingido um número a ser determinado por lei, a questão vai ao julgamento do povo, pelo voto, não cabendo nunca recurso contra a decisão do homem comum, nas urnas.

Ao povo é garantida educação grátis, segurança, saúde, aposentadoria, creches para as crianças de mães empregadas, total amparo à velhice e laser. Utopia? Não. O fato existe em muitas repúblicas do Norte Europeu. O que não pode haver é abuso, pois o regime político, socialista ou não, cai em ditadura com facilidade quando o povo não é educado e esclarecido, e os dirigentes assumem poderes que não lhe foram outorgados, embora com o regime de gabinete, com o Primeiro-Ministro e seus auxiliares das pastas necessárias ao funcionamento de uma nação, este abuso torne-se difícil e sempre controlado pelo voto de desconfiança, de natureza parlamentar, ou plebiscito, este de iniciativa popular.

O homem é um presunçoso. Dos maiores. Só que ainda não se deu conta que vive num cisco do Universo. E morre, quando tudo se acaba.