Saia justa na posse de Raquel Dodge

Não faço nenhum juízo de valor sobre a nova Procuradora da República Raquel Dodge. Afora a visita que fez em horário e lugar impróprio, extra-agenda, a Temer nada tenho a censurar. Da sua posse que tomei conhecimento apenas pelos jornais e depois pelo que mostraram na internet, algo chamou à miha atenção: ninguém falou na Lava Jato, a operação prioritária da PGR, talvez para naão melindrar um monte de convidados. Notei, mais uma vez, que no seu discurso, o presidente que hoje a pesquisa mostrou que tem apenas 3% na preferêcia, e desaprovação de quase 90%, não pronuciou uma só vez a palavra corrupção.Não faz parte, como também de vários políticos de todos os partidos, do seu dicionário. Palavrinha odiada por políticos, empata com honestidade.

Mas outro ponto não só chamou a minha atenção mas me fez vibrar: foi o discurso da Procuradora. Não, não foi a referência que fez a uma das poetas que mais admiro, Cora Coralina, mas uma citação que Dodge fez de um trecho de um pronunciamnto do papa, citação essa que teve ter feito alguns políticos presentes tremer na base e vestir saia justa. Disse ela:

"O papa Francisco nos ensina que a corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver, O corrupto está tao fechado e satisfeito em alimentar a sua autossuficiência que nao se deixa questionar por nada e nem por ningúém. Construiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida buscando os atalhos do oportunismo ao preço da sua própria dignidade e da dignidade dos outros. A corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a bondade e a beleza".

Não sei se os três principais políticos presentes, o presidente ilegítimo, o presidente da câmara e o do senado (o primeiro acusado e investigado pela PGR por corrpção passiva, organização criminosa e obstrução da justiça, e os outros cada um respondendo por dois procesos no âmbito da Lava Jato) vestiram a carapuça, mas que vestiram saia justa não tenho a menor dúvida. Acho que a Procuradora começou muito bem. A citação do papa foi um belo e edificante momento de cidadania. Inté.