FIGURA ABSTRATA

Há princípio coloquei alguém como modelo, joguei a cima todas as minhas mais sublimes convicções!

Primeiro deliniei como exatamente via!

Teria de sair idêntico,se não bem parecido!

No começo impressionava a com cada pincelada dada, cada vez mais parecido com o que eu queria,usava mais colorido e mais nítido parecia estar!

Ao terminar senti uma espécie de orgulho de quem tinha o trabalho realizado!

Seria imprudência dizer que tinha chegado ao final,pois existia uma cisma minha em enxergar algumas pequenas falhas, e querer dar uns retoques à mais quando convinha, pequenos ajustes imperceptíveis para outros!

Uma obra prima, pensava!

É, esta mania de super valorizar o que fazemos,muitas das vezes não somos nós,mas o ego,este verdadeiro artista!

Me intristecia quando alguém não entendia o que mostrava, e outros pareciam fingir ver o que eu queria, talvez para não me desagradar!

Foi quando percebi, que não era realmente o que tinha imaginado.

Havia deturpado as formas, coloquei coisas que não existiam ali!

O mais estranho é que, mesmo com o modelo a minha frente, havia pintado outra coisa!

Equivocado artista!

Depositara todo meu amor sem conhecimento algum, usei técnicas que não convinham com a realidade vista!

Temos a mania de ver os outros como uma tela em branco, onde às desenhamos como convém!

Me decepcionei amargamente,pintei o que pretendia ver e não o que estava alí!

Retratei uma figura abstrata, queria que outros vissem o que somente eu enxergava!

( Do meu livro: Escultor de frases)

(Uma pergunta para o mundo)

(Autor: George Loez)

George Loez
Enviado por George Loez em 15/09/2017
Código do texto: T6115382
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