Maria Bremide foi a terceira pessoa com quem troquei comentários no Recanto das Letras e sempre me tratou com o maior carinho e que agradeço sempre de coração por ter me recebido tão bem, assim como todos que fui conhecendo e fazendo este círculo de amizades tão preciosas. Escrevi este conto que chamo de crônica em 2012 acho, e estou reeditando, claro com a sua permissão.


 
MARIA... QUEM DIRIA.



 
 
Tenho um pé em Cachoeiro de Itapemirim.



     Roberto, Erasmo e eu estávamos zoando as menininhas no Leblon. O grandão incorrigível saiu atrás de uma morena que passou dando mole, acho que a coisa até era pro meu lado, mas ele foi mais esperto e acabei sobrando e vendo o Beto escrevendo na areia uma musica que depois até ficou conhecida, uma que fala em levar café na cama para uma guria.

     De repente ele pára olha pra a minha cara e diz: Bicho preciso voltar a minha terra e você vai comigo! Assim de chofre, - pô meu, respondi perguntando, ta pensando que sou rico como o rei da cocada musical? Amanhã é segunda e tenho de procurar trampo. Ele simplesmente reafirmou, vai comigo, até voltarmos pagarei seus honorários.

     Ele falou: quem sou para dizer não ao rei? Ele pegou sua caranga e voamos para o aeroporto, só quando já íamos entrar no galpão onde ficava guardado o jatinho Carlosbayk é que nos lembramos do grandão, de lá mesmo o Beto ligou pra ele e ele respondeu: Vou não, estou no AP da gatinha, ides em paz bandoleiros. Beto pediu uma rota direta para Cachu... A torre informou, não vai dar, o aeroporto foi invadido por milhões de tartarugas que vieram da Abissínia desovar na cidade dos Flamboyants.

     Eu disse - pronto Betão voltamos pro Leblon, ele: - que nada bicho, eu tenho de ir. Pra isto eu tenho o Brasacóptero, sobe aí e escolha o papo. Beto Você por acaso sabe dirigir este trem, - pô bicho não é trem é o Brasacóptero, - tá, que seja, mas sabe guiar esta encrenca? Pô bicho, e o que eu não sei fazer? - Respondi: “musica”, as que fizeram até agora é porque lhes ensinei, é ou não é? É bicho, mas não espalha.

     Ele acelerou aquela coisa e saiu embicado na direção do mar, tão rente ao solo que quase atropela uma galinha e o loirinho gritou... “Loirinho era eu naqueles bons tempos”. Então gritei, pô Beto quero descer, ele apertou um botão e um cinto cruzado me prendeu na poltrona com ele me gritando: - que há bicho, mineiros tem de pegar gosto pela aventura, quer ver Deus e tem medo de morrer? Não falou mais e subiu uns quinhentos metros e arrepiamos voando perto da costa até chegar ao Espírito Santo. Ele pegou o rumo da sua cidade e em pouco mais de trinta minutos estávamos desembarcando em Cachu...

     Descemos a rua das amoras, e ouvi um caboclo que tomava cachaça perguntar a outro que fazia a mesma coisa: quem chegou neste passarinho? O outro respondeu, é aquele moleque que morava na rua do meio e agora fica tirando as menininhas de juízo com esta mania de cabeludo. O outro respondeu: este camarada está precisando é de uma boa cóça, botando Jesus no meio da confusão dele, onde já se viu, achando que é irmão do homem e tratando o Cristo na maior intimidade, tem é de apanhar e o galego dos zóios azuis? Sei não, mas se tá com ele, deve ser desencaminhador das donzelinhas de Cachu... Então tem, de apanhar junto com o cabeludo.

     Aí desembocamos na rua do sapateiro e descemos a ladeira do rala e rola saindo já na ponte da rua Diolino, pegamos a vinte e cinco de março e subimos pela Anastácio Ramos Saímos na rua Estrela do Norte perto da Santa casa.
     
     Beto parou e ficou olhando uma casa de dois andares com uma sacada e o gradil todo coberto de trepadeiras, olhei pro caboclinho seus olhos estavam marejados de lágrima, perguntei: o que foi bicho entrou areia no seus olhos? Ele respondeu: - não bicho, ali naquela sacada morou o meu primeiro Love de Cachu, era a minha Julieta e eu o seu Romeu... Pera aí Betão, ela se chamava Julieta? Não cara o nome era Maria Bremide, mas quando eu trepava na trepadeira ela se transformava na Julieta Bremide e eu no Romeu Brasa mora... Bicho ela foi a primeira a me enrolar naqueles caracóis daquela cabeça maravilhosa, sem piolhos, maior ninfeta, eu subia na sacada para comer sua b... Pô bicho, por que tapou minha boca? - Você ia rimar bicho, não ia ficar bem, pode ter crianças neste horário, e ele, não bicho nem ia dar rima, eu dizer que ela me dava bolacha de sal e caldo de siri com leite de moça, fungou o nariz no jeitão carioca funcheshssss, aí eu apelei, pô Beto você está imitando o carioquês, e ele: - eu agora moro lá né bicho, morou? Pô Bicho eu também moro lá e não parei de falar trem e nem uai. : Tá, vamos embora que eu tenho de receber uma comenda na prefeitura e inaugurar a vigésima estátua Beto Brasa.

     Quando começamos a andar ouvimos uma vozinha delicada... Beeeeeeeeetoooooooooooooo, a rua inteira escutou e a voz de novo, Betooooooooooooo perninhaaaaaaaaaaaaaaa! Aí eu falei: bicho aquela lá o conhece bem, Ó my God é Maria Bremideeeeeeeeeee! Eu disse: pô Betão não dê chilique, e ele: - bicho ela me conhece de baixo pra cima e de cima pra baixo, nestas alturas ela pulou de cima da sacada, eu é quem tive de segurá-la nos braços, e cai embaixo dela me esborrachando no chão ela nem agradeceu levantou-se e se atirou nos braços do Brasa e se agarraram e ficou meia hora num único beijo, os dois já estavam ficando roxos e foi preciso eu separar, senão morriam afogados na própria baba.

     O Beto me apresentou Maria e foi assim que conheci a musa Beto-neira de Cachu. Fiquei meditativo fitando o chão e quando levantei os olhos, cadê o parzinho? Sumiu, o Beto me deixou sem grana e eu tive que me cobrir com jornais velhos e dormir na praça D. Gilberto Machado, no outro dia de manhã apareceram os dois, cara sem lavar e um ranço de rala e rola danado exalando daqueles corpos ainda suados e perguntei: O hotel não tinha chuveiro e Beto: - acabou a água bicho na segunda as outras dezessete foi a seco mesmo. Comentei: - tá explicado.

      Aí disse Beto tô com fome e ele: - eu também e a gata idem, vamoxxx comer, entramos no restaurante Zar’dos e tirei a barriga da miséria. Voltamos para o helicóptero e na hora da partida quem disse que Maria deixou a gente ir embora, tive de descer e esperar o Beto acalmá-la com outra... Pois é, outra. Mesmo assim na hora de levantar voo ela agarrou meu pé gritando Mirinhooooooooooooo não deixe o Beto irrrrrrrrrrrrrr, neste tempo eu nem era trovador, era Miro.

     Meu sapato saiu e ela o atirou contra as pás do Brasacóptero e ele sumiu de vista, assim eu acabei tendo um pé em Cachu forever. Bay, bay bayyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy fui.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 11/09/2017
Reeditado em 11/09/2017
Código do texto: T6111106
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